Artista lança seu primeiro livro e comenta polêmica de sua obra no Castelo Kelburn, em Glasgow
Desenhando meninas de olhos brilhantes e gatos simpáticos pelas ruas de São Paulo, Nina Pandolfo transita pelo masculino universo do grafite às galerias de arte há mais de 15 anos. A forma lúdica como ela expõe seu traço cativa e remete ora aos tempos de criança, ora à sensualidade. Não é à toa que essa ariana, caçula de cinco irmãs, conquistou reconhecimento aqui e em países como Cuba, Grécia, Índia, Japão, entre outros. E agora lança o livro “Nina” (Editora Master Books) – um trabalho que reúne imagens de suas obras espalhadas pelo mundo.Se hoje Nina pertence a um clã de brasileiros que ganha a vida com tintas, no passado grafitar ainda era só desenhar. Até chegar à adolescência, ela coloria de tudo. De folha de plantas mortas a panos de pratos – que geravam alguns trocados nas mãos de sua mãe. Sempre com a “neura” de uma criança que rabisca o papel com força para dar vida às cores. “Aos 14 anos eu falava que queria ser desenhista, aí descobri que o que eu estava procurando se chamava grafite. Não tinha muito a dimensão desse mundo”, ela lembra.
Em meio às telas e com a ilustre presença de Raquim, um dos gatos de estimação de Nina, o iG Jovem conversou de tudo um pouco com a artista plástica. Da polêmica do Castelo Kelburn, em Glasgow, onde os escoceses discutem se apagam ou não um trabalho dela, até a sua relação com o marido Otávio Pandolfo, o também grafiteiro da prestigiada dupla Os Gêmeos. Dá para imaginar o papo desses dois em casa? “Falamos de arte no café”, ela conta. Confira:
iG: Após quinze anos de grafite, como você enxerga a evolução do seu trabalho?
Nina Pandolfo: Eu sempre gostei de desenhar. Quando criança, eu tinha a mania de pegar livros de colorir, terminar de pintar tudo de uma vez e levar para as pessoas olharem. Aquele lance de buscar a aprovação no olhar do adulto, sabe? E naquela época, eu curtia experimentar outras texturas, mesmo sem entender bem o que estava fazendo. Desenhava em folhas de plantas mortas. Eu me divertia. Quando entrei na adolescência, essa paixão por ilustração veio comigo e eu também fazia teatro. Fui parar em uma oficina de arte para colocar para fora essa energia. Aos 14 anos eu falava que queria ser desenhista, aí descobri que o que estava procurando se chamava grafite. Não tinha muito a dimensão desse mundo. Em um primeiro contato, me decepcionei. Mas, ao entrar em curso técnico de comunicação visual, na fase colegial, me encantei. Não parei mais.
Nina Pandolfo: Eu sempre gostei de desenhar. Quando criança, eu tinha a mania de pegar livros de colorir, terminar de pintar tudo de uma vez e levar para as pessoas olharem. Aquele lance de buscar a aprovação no olhar do adulto, sabe? E naquela época, eu curtia experimentar outras texturas, mesmo sem entender bem o que estava fazendo. Desenhava em folhas de plantas mortas. Eu me divertia. Quando entrei na adolescência, essa paixão por ilustração veio comigo e eu também fazia teatro. Fui parar em uma oficina de arte para colocar para fora essa energia. Aos 14 anos eu falava que queria ser desenhista, aí descobri que o que estava procurando se chamava grafite. Não tinha muito a dimensão desse mundo. Em um primeiro contato, me decepcionei. Mas, ao entrar em curso técnico de comunicação visual, na fase colegial, me encantei. Não parei mais.
iG: E como é transitar em um universo que é majoritariamente masculino?
Nina Pandolfo: Olha, no começo foi um pouco complicado. Do ‘insight’ de querer pintar nas ruas até ir de fato com os sprays para a parede, eu demorei um ano. Quando comecei, sentia alguns olhares de reprovação, zombando de mim. Ainda rola muito machismo no grafite. Só que no curso técnico tinha os meninos que me davam uma força. Foi lá que eu conheci Os Gêmeos, o Tinho e outros grafiteiros que se tornaram amigos. Eles me incentivavam. Hoje, já tenho um nome mais conhecido no grafite, mais maturidade, então, eu não ligo e sigo com a minha arte.
Nina Pandolfo: Olha, no começo foi um pouco complicado. Do ‘insight’ de querer pintar nas ruas até ir de fato com os sprays para a parede, eu demorei um ano. Quando comecei, sentia alguns olhares de reprovação, zombando de mim. Ainda rola muito machismo no grafite. Só que no curso técnico tinha os meninos que me davam uma força. Foi lá que eu conheci Os Gêmeos, o Tinho e outros grafiteiros que se tornaram amigos. Eles me incentivavam. Hoje, já tenho um nome mais conhecido no grafite, mais maturidade, então, eu não ligo e sigo com a minha arte.
iG: Você é casada com o Otávio Pandolfo, da dupla Os Gêmeos. Como aconteceu? Foi amor a primeira vista?
Nina Pandolfo: Foi. Bem naquele lance do sininho tocar e os olhos brilharem, sabe? Conheci o Otávio em um dia de criar uma exposição no curso. E eu estava de escada, que para pintar ajudava muito, e ele veio pedir emprestada para mim. Aí foi isso... (risos).
iG: E qual a colaboração dele nos seus trabalhos? Ele dá alguns palpites?Nina Pandolfo: Falamos de arte no café. É o nosso assunto, entre outros assuntos. Normal. Mas não interferimos um no trabalho do outro. Eu particularmente não gosto de opinar porque acho o momento de criação algo muito pessoal. Porém, antes do Otávio, sou muito grata pela força que Os Gêmeos deram para o amadurecimento e reconhecimento do meu trabalho. Eles me abriram muitas portas.
iG: Em 2007, você junto com Os Gêmeos e o grafiteiro Nunca pintaram o Castelo Kelburn, em Glasgow, na Escócia, e agora há uma polêmica sobre apagar ou não essa obra, que inicialmente só teria três anos de exposição. Como você enxerga isso?Nina Pandolfo: Pintar o castelo foi uma experiência única. Não só pelo fato de ser um castelo, mas pelas coisas que aprendi sobre ele, como as tradições de uma família que vive no mesmo local há 800 anos. E, também, por pintar uma arquitetura mais antiga que meu próprio país. Agora ver que a Escócia está querendo manter a pintura é mais louco ainda.
Nina Pandolfo: A editora do livro, a Eliana Michaelichen também é colecionadora de arte e gosta do meu trabalho. Acabamos fazendo uma bela amizade. Gostamos muito de conversar a respeito de outras obras. Até que um dia de papo, ela virou e me falou: “se você quisesse, eu publicaria um trabalho seu”. E o que era ideia virou esse projeto. No começo foi um parto para selecionar as imagens. Eu sempre vinha com alguma alteração para fazer. Mas no fim, gostamos bastante do resultado. É um registro do meu trabalho até aqui.
iG: Pensa em um dia dar vida aos seus personagens? Pintar para o público infantil?
Nina Pandolfo: Não. Não tenho essa pretensão. No futuro eu pretendo dar vida as esculturas que eu faço, o que dá um baita trabalho. Já fiz isso antes, só que agora tenho conversado com um pessoal da mecatrônica. Desenhei um projeto para colocar mais articulações em uma obra que eu pretendo fazer. Isso eu vou realizar.
Nina Pandolfo: Não. Não tenho essa pretensão. No futuro eu pretendo dar vida as esculturas que eu faço, o que dá um baita trabalho. Já fiz isso antes, só que agora tenho conversado com um pessoal da mecatrônica. Desenhei um projeto para colocar mais articulações em uma obra que eu pretendo fazer. Isso eu vou realizar.
iG: Qual a razão de você gostar de pintar meninas de olhos grandes e gatos? Dá para dizer que são marcas suas?
Nina Pandolfo: Sim. Tenho essa característica no meu traço porque quando criança eu assistia um desenho na televisão que aparecia uns números com olhos gigantes. Aquilo me fascinava. E eu também tenho olhos grandes. Mas não puxei isso propositalmente para o meu trabalho, isso sempre esteve em mim, essa coisa de colocar o que amo nos meus desenhos. O mesmo se dá com os gatos ou outros animais. Eu tive diversos bichos de estimação. Para você ter uma noção, minha maior frustração na infância foi não ter tido um macaco.
Nina Pandolfo: Sim. Tenho essa característica no meu traço porque quando criança eu assistia um desenho na televisão que aparecia uns números com olhos gigantes. Aquilo me fascinava. E eu também tenho olhos grandes. Mas não puxei isso propositalmente para o meu trabalho, isso sempre esteve em mim, essa coisa de colocar o que amo nos meus desenhos. O mesmo se dá com os gatos ou outros animais. Eu tive diversos bichos de estimação. Para você ter uma noção, minha maior frustração na infância foi não ter tido um macaco.
Fonte:IG
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