Unir natureza, arquitetura e artes plásticas é garantia de dias inspiradores. Nos melhores museus a céu aberto do mundo, arte e paisagem estabelecem diálogo contínuo. Confira abaixo locais imperdíveis em sete países diferentes!
Ladders in water, de Strijdom van der Merwe, no parque de esculturas da NIROX Foundation na África do Sul
África do Sul
Vale sair de Joanesburgo e dirigir por 45 minutos para conhecer o parque de esculturas da
NIROX Foundation, com 15 hectares e obras de nomes como os dos ingleses Chris Drury e Richard Long. A história da África do Sul tem traumas sociais, culturais e naturais que intrigam e alimentam a expressão criativa. Pensando nisso, a NIROX hospeda de 15 a 30 artistas por ano, ao longo de dois meses. A produção feita in loco pode resultar em exposições nos pavilhões e gramados da fundação, como é o caso de Ladders in water, de Strijdom van der Merwe, e Diver, de Doreen Southwood. “A paisagem daqui é deslumbrante e tenho andado muito, o que me faz pensar sobre nossa capacidade de analisar, escrever e reescrever o espaço, no qual o horizonte é uma linha de referência. Uma linha obscurecida, de alcance impossível e que muda constantemente. Outro assunto que me interessa é a descoberta de fósseis nesta região, o que me leva à história do corpo humano”, explica a indiana Zuleikha Chaudhari, que estava em residência na NIROX em setembro. Em 2013, foi inaugurado um pavilhão com um restaurante pop-up onde acontecem workshops que exploram as relações entre arte e gastronomia.
Diver, de Doreen Southwood, no parque de esculturas da NIROX Foundation na África do Sul
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Mother Peace, de Mark di Suvero, no StormKing Art Center nos Estados Unidos
Estados Unidos
Vai para Nova York? Pegue a estrada em direção ao noroeste de Manhattan. Rapidamente os arranha-céus da cidade darão lugar a uma vegetação exuberante e inspiradora. Ao chegar no
Storm King Art Center, aberto na década de 1960 pelos colecionadores Ralph E. Ogden e H. Peter Stern, alugue uma bicicleta para ver esculturas de artistas como Alexander Calder, Richard Serra e Roy Lichtenstein, espalhadas por um parque com cerca de 200 hectares. Vale sentar ao lado de uma das obras do escultor abstrato americano Mark di Suvero e apreciar os campos de flores brancas, ou se arriscar sob a escultura-pêndulo Suspended, do israelense Menashe Kadishman. Não se esqueça de levar quitutes para um piquenique, sem deixar de provar o refrigerante orgânico de cola produzido na região e vendido na lanchonete do parque.
Suspended, de Menashe Kadishman, no StormKing Art Center nos Estados Unidos
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Museu principal do Château La Coste, na França, projeto de Tadao Ando
França
Natureza, gastronomia, arte e arquitetura: no
Château La Coste, é possível apreciar a paisagem da Provence, degustar vinhos tinto, branco e rosé produzidos nos 125 hectares do château, ver esculturas e instalações de Louise Bourgeois, Jean Prouvé, Tunga, Franz West, Hiroshi Sugimoto e visitar prédios assinados por Jean Nouvel, responsável pela vinícola, Tadao Ando, que assina o museu principal, e Frank Gehry, que projetou o pavilhão da música. Programe-se: durante o verão, há sessões de cinema ao ar livre. Já no
Domaine de Chaumont-sur-Loire, a 200 km de Paris, a cada ano fotógrafos e artistas plásticos recebem dos curadores a tarefa de criar instalações site-specific que tenham relação direta com a natureza. Até o dia 11 de novembro, podem ser vistas obras do austríaco Klaus Pinter e da japonesa Fujiko Nakaya. “Arte e natureza são inseparáveis e, por isso, procuro trabalhar em harmonia com ela, e não dominá-la”, conta o inglês David Nash, que trabalha não só com madeira, mas também com ar, água e fogo. Para o instituto, ele reproduziu o desenho interno do pitoresco castelo. Entre as instalações permanentes, são imperdíveis as do japonês Tadashi Kawamata e do italiano Giuseppe Penone.
Obra de Klaus Pinter no Domaine de Chaumont-sur-Loire, na França
Reprodução do desenho interno do castelo de Domaine de Chaumont-sur-Loire, por David Nash
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Obra de Helen Escobedo no Yorkshire Sculpture Park em Londres
Londres
Aberto em 1977, o
Yorkshire Sculpture Park é o museu-parque europeu que recebe obras mais experimentais e contemporâneas. Procure pelas esculturas da dupla Lucy + Jorge Orta, expostas até 3 de novembro, cujos temas principais são a água e questões que envolvem a sustentabilidade (vale conhecer a série chamada Amazonia, na qual a dupla ressalta o poder da natureza em nosso dia a dia). Entre as árvores e as cinco galerias, destaque para obras permanentes de Antony Gormley, Helen Escobedo, Isamu Noguchi, James Turrell, Martin Creed, Peter Liversidge e Sol LeWitt.
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Manoir d’Essor, de Jean Dubuffet, no Louisiana Museum of Modern Art na Dinamarca
Dinamarca
Na fronteira entre a Dinamarca e a Suécia está o
Louisiana Museum of Modern Art, com um acervo de mais de 3 mil obras de artistas como Henry Moore, Joan Miró, Yves Klein, Rauschenberg e Giacometti, entre outros.Embora a arte moderna predomine na coleção, são organizadas performances e exposições temporárias de arte contemporânea e, até o dia 29 deste mês, será possível visitar Yoko Ono Half-a-Wind Show, uma retrospectiva para comemorar os 50 anos de trabalho da artista japonesa. Responsáveis pelo projeto do parque, os arquitetos Ole e Edith Nørgaard idealizaram a disposição das obras do jardim e pavilhões em forma de labirinto para garantir uma surpresa feliz a cada esquina. Manoir d’Essor, de Jean Dubuffet, é uma obra já existente, mas realizada pelo artista em versão seis vezes maior, especialmente para o parque-museu.
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Benesse House Oval, projetado por Tadao Ando na ilha de Naoshima, no Japão
Japão
“Seikô udoku kakô tôdoku” é um ditado japonês que quer dizer “No verão, cultivar os campos. No inverno, cultivar a mente”. Inspirados por essa premissa e pela necessidade de questionar a forma como o homem se relaciona com a natureza seja no inverno seja no verão, os curadores do
Echigo-Tsumari Art Field, a três horas de Tóquio, convidam artistas para fazerem instalações site-specific e performances pelos jardins e plantações de arroz da província de Niigata. A ideia é nobre: recuperar as memórias de uma origem que já foi esquecida e fazer com que as pessoas desenvolvam novas ligações entre si e com a terra. Quem aderiu à causa? O francês Christian Boltanski, o chinês Cai Guo-Qiang, o cubano Carlos Garaicoa, a japonesa Yayoi Kusama, o americano James Turrell e muitos outros grandes nomes da arte contemporânea. Em Scarecrow Project, o brasileiro Oscar Oiwa distribuiu espantalhos vermelhos carregando bebês para representar as famílias que trabalham no campo. Já na ilha de Naoshima, no sul do país, os museus, hotéis e parques administrados pela fundação
Benesse Art garantem uma viagem artsy de tirar o fôlego: Tadao Ando, Hiroshi Sugimoto, Walter De Maria, Lee Ufan, Michelangelo Pistoletto e Dan Graham são alguns dos artistas responsáveis pelos projetos arquitetônicos e obras de arte espalhados pela ilha. Faça a reserva com antecedência e hospede-se no Benesse House Oval. Projetado por Tadao Ando, é o mais luxuoso dos hotéis da ilha, com apenas seis quartos, repletos de obras de arte.
Scarecrow Project, de Oscar Oiwa no Echigo-Tsumari Art Field, no Japão
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Obra de Carlos Vergara no Museu do Açude, na Floresta da Tijuca
Brasil
No meio da Floresta da Tijuca, o
Museu do Açude nasceu na década de 1920 com uma proposta singular: promover o diálogo entre o patrimônio cultural brasileiro e a natureza exuberante do Rio de Janeiro. Assim, a residência neocolonial reformada por Castro Maya passou a abrigar obras de arte em seu jardim e salões: Lygia Pape, Nuno Ramos, Hélio Oiticica, Anna Maria Maiolino e Carlos Vergara são alguns dos brasileiros que escreveram nossa história da arte e aceitaram o desafio do projeto, hoje aberto ao público. Já em Minas, Bernardo Paz foi o responsável por transformar o Brasil em destino must go da rota artística mundial. Com jardins inicialmente criados por Burle Marx,
Inhotim tem pavilhões belíssimos e obras comissionadas que dialogam com o parque. É o caso do caleidoscópio de Olafur Eliasson, de uma instalação de Matthew Barney e da escultura-labirinto criada por Cristina Iglesias, que, desde os anos 1980, pesquisa elementos do universo barroco, como o movimento, o labirinto e a ilusão de infinito.
Escultura-labirinto de Cristina Iglesias em Inhotim, em Minas Gerais