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quinta-feira, 31 de agosto de 2017

Especial TRIBALISTAS

Os artistas apresentarão as dez músicas inéditas e autorais que compõem o disco. Foto: Facebook/Reprodução
Os artistas apresentarão as dez músicas inéditas e autorais que compõem o disco. Foto: Facebook/Reprodução



"A Globo exibe, nesta quinta-feira (31), um especial sobre o retorno dos Tribalistas. O programa, marcado para ir ao ar às 23h 44min, após a partida entre Brasil e Equador, mostrará imagens das gravações do novo disco do grupo composto por Marisa Monte, Arnaldo Antunes e Carlinhos Brown, autointitulado, lançado no dia 25 de agosto em todas as plataformas digitais. O primeiro e único trabalho do trio foi de 2002 com cinco indicações ao Grammy Latino e vitória na categoria de Melhor Álbum Pop Contemporâneo Brasileiro.

Os artistas apresentarão as dez músicas inéditas e autorais que compõem o disco, incluindo Diáspora, Um só, Fora da memória e Aliança, que haviam sido mostradas ao público no início do mês, em transmissão ao vivo nas redes sociais, como parte do anúncio da retomada de atividades do grupo depois de 15 anos. Além dessas faixas, também serão cantadas Trabalivre, Baião do mundo, Ânima, Feliz e saudável, Lutar e vencer e Os peixinhos.


De acordo com Marisa Monte, há ainda novas canções dos Tribalistas que não chegaram a ser lançadas, mas que as "mais potentes" foram escolhidas para integrar o álbum. "Não é volta dos Tribalistas, porque os Tribalistas nunca foram. A gente sempre esteve aí", complementou Arnaldo Antunes. "A música fala da convivência com as diferenças. A gente vê um momento que está tudo muito dividido e a gente gosta de poder juntar as coisas e poder conviver com os paradoxos e viver nossas contradições", disse ele sobre Um só."

Confira a prévia do especial dos Tribalistas:



Ouça o álbum Tribalistas:


Fonte:  Viver 

O desfile do São Paulo Fashion Week foi repleto de vestidos, saias e chemises inspirados em telas como Abaporu, Cidade e Antropofagia


O desfile do São Paulo Fashion Week foi repleto de vestidos, saias e chemises inspirados em telas como Abaporu, Cidade e Antropofagia

 POR BETA GERMANO FOTOS

Oskar Metsavaht segue estreitando os laços entre arte e moda! Para criar a coleção de verão de 2018, a equipe da Osklen teve uma aula sobre a obra de Tarsila do Amaral com Tarsilinha, sobrinha-neta da artista. O resultado? A perfeita sintonia entre os excessos do tropicalismo da época e a sofisticação da praia urbana com Ipanema soul!


O lado chic-cool da marca apareceu em looks inspirados nas vestimentas amigos da artista que andavam de linho branco – caso de Oswald de Andrade, por exemplo – e com grafismos criados a partir dos esboços feitos pela artista com nanquim.



As telas célebres como Abaporu, Cidade e Antropofagia se transformaram em vestidos, chemises, macacões e saias de seda e tecidos fluidos – quase sempre em cores vivas fieis às obras. Já o autorretrato Manteau Rouge foi o ponto de partida para uma série de looks vermelhos e mais secos.



Abaixo Metsavaht relata como foi a experiência.

Manteau Rouge, autorretrato Tarsila do Amaral
Campanha da coleção de verão da Osklen

O que mais impressiona na obra e vida de Tarsila?

Ela foi capaz de compreender, interagir e expressar o Zeitgeist dos anos 1920. Ela traduziu as transformações do mundo e do Brasil de um jeito próprio, representou o nosso brazilian soul de uma forma pessoal e, ao mesmo tempo, global pois estava inserida no modernismo – movimento líder na Europa na época. Ela era também interessantíssima como indivíduo. Me encanta a sua postura feminista de uma maneira elegante e feminina. Neste contexto, diria que a Tarsilla foi a nossa Coco Chanel.

Quais são os elementos da obra de Tarsila que mais estão presentes na coleção?

De sua arte, usamos o grafismo dos traços puros dos desenhos e esboços, feitos com lápis ou nanquim – como o da Negra – e as cores tropicais das telas, como Abaporu e Antropofagia. Mas seu estilo pessoal também nos inspirou: os longos brincos, seu manteaux vermelho criado por Jean Patou e o batom vermelho. Para o masculino, a inspiração foram a alfaiataria e os trajes de linho em branco dos amigos poetas com quem ela convivia na época, como o Oswald de Andrade, por exemplo.


Qual foi o maior desafio na hora de transformar obras de arte em moda?

O de não interferir na obra. Acho que em um exercício de arte eu digeriria, interferiria, transformaria o trabalho dela em uma nova obra. Mas no exercício do design, o da moda, é diferente. Eu quis manter o trabalho dela puro e então "imprimi-lo" em novas formas. O resultado tinha que ser algo novo com a expressão e a alma da arte dela e o design e estilo da Osklen. Este foi o maior desafio.

Você acha que o processo criativo de um estilista, um diretor de arte ou um artista plástico é o mesmo?

Acho que o processo inicial é o mesmo. É abstrato, instintivo, espiritual e emocional em todos. Porém os objetivos são diferentes. Na moda há uma estratégia funcional além da emocional; na direção de arte há a de contar, de envolver uma história; na arte o porquê está no íntimo do artista, não racionalizado, talvez nem compreendido por ele mesmo. Mas uma coisa, para mim há nos três, a estética a fim de seduzir.

No subúrbio da modernidade – Di Cavalcanti 120 anos





Um dos mais importantes artistas do modernismo brasileiro, Emiliano Di Cavalcanti será tema de mostra retrospectiva na Pinacoteca de São Paulo, museu da Secretaria da Cultura do Estado de São Paulo. “No subúrbio da modernidade – Di Cavalcanti 120 anos” entra em cartaz a partir de 2 de setembro de 2017, mês em que se comemora 120 anos do nascimento do artista. Entre pinturas, desenhos e ilustrações, serão exibidas mais de 200 obras, realizadas ao longo de quase seis décadas de carreira e que hoje pertencem a algumas das mais importantes coleções públicas e particulares do Brasil e de outros países da América Latina, como Uruguai e Argentina.

Obras icônicas e outras pouco vistas estarão distribuídas em sete salas do primeiro andar da Pina Luz, sob a curadoria de José Augusto Ribeiro. Segundo o pesquisador, a exposição pretende investigar como o artista desenvolve e tenta fixar uma ideia de “arte moderna e brasileira”, além de chamar a atenção para a condição e o sentimento de atraso do Brasil em relação à modernidade europeia no começo do século XX. “Ao mesmo tempo, o título se refere aos lugares que o artista costumava figurar nas suas pinturas e desenhos: os bordeis, os bares, a zona portuária, o mangue, os morros cariocas, as rodas de samba e as festas populares – lugares e situações que, na obra do Di, são representados como espaços de prazer e descanso”, explica Ribeiro.

Além da atuação pública de Di Cavalcanti como pintor, a mostra destacará também aspectos menos conhecidos de sua trajetória, como as ilustrações e charges para revistas, livros e até mesmo capas de discos. Também será abordada sua condição de mobilizador cultural e correligionário do Partido Comunista do Brasil (PCB). “Esse engajamento reforça o desejo de transformar o movimento moderno em uma espécie de projeto nacional”, completa Ribeiro.

A Pinacoteca prepara um catálogo que reunirá três ensaios inéditos escritos pelos autores José Augusto Ribeiro, curador da mostra, Rafael Cardoso, historiador da arte e do design e Ana Belluzzo, professora e crítica de arte. O livro trará ainda reproduções das obras apresentadas, uma ampla cronologia ilustrada e um compilado de textos já publicados sobre a trajetória do artista. A exposição tem patrocínio de Banco Bradesco, Sabesp, Ultra, Escritório Mattos Filho e Alexandre Birman.

“No subúrbio da modernidade – Di Cavalcanti 120 anos” permanece em cartaz até 22 de janeiro de 2018, no primeiro andar da Pina Luz – Praça da Luz, 02. 
A visitação é aberta de quarta a segunda-feira, das 10h às 17h30min – com permanência até às 18h – os ingressos custam R$ 6 (inteira) e R$ 3 (meia). Crianças com menos de 10 anos e adultos com mais de 60 não pagam. Aos sábados, a entrada é gratuita para todos os visitantes. A Pina Luz fica próxima à estação Luz da CPTM.

Tendências da moda primavera verão 2018










quarta-feira, 30 de agosto de 2017

"Cão sem plumas: Espetáculo de Deborah Colker fala de um Brasil maltratado"

A montagem é baseada em poema de João Cabral de Melo Neto. Em entrevista, Deborah Colker comenta sobre o espetáculo ao Correio Braziliense.





João Cabral de Melo Neto publicou Cão sem plumas em 1950. Pelos versos que acompanham o curso do rio Capibaribe desfila o “ventre triste de um cão”. É um rio que, “como um cão sem plumas”, “nada sabia da chuva azul”. O rio que atravessa a cidade como espada sabia muito da lama, do lodo, dos caranguejos. A imagem de descaso e miséria que assustou João Cabral e o levou ao poema naqueles anos 1950 causou igual impacto na coreógrafa Deborah Colker, que transformou os versos do pernambucano no espetáculo Cão sem plumas.


“João Cabral escreve esse poema em Barcelona. Ele lê uma estatística de expectativa de vida na Índia, que em 1950 era de 29 anos. E em Pernambuco, de 28 anos”, conta Deborah. “Ele leva um susto e escreve o poema. Era degradante, totalmente miserável. E é uma situação que continua a mesma ou pior, porque algo que não se resolve e acontece desde 1950, só piora, todo mundo sabe disso.”

Cão sem plumas, o espetáculo, começou a ser gestado em 2014, logo depois de Deborah estrear Belle, com coreografia inspirada no romance Belle de jour, de Joseph Kessel. O universo literário não era estranho à coreógrafa, que já trabalhou com textos em Cruel e Tayana, mas a poesia é uma novidade. “A poesia é irmã da dança”, avisa. “E, no caso de João Cabral, é árida, crua, contundente, brutal, em cada palavra você vê aquela lama, aquela pedra, aquela terra, aquele homem, aquele caranguejo”.

Deborah já tinha uma parte do roteiro do espetáculo quando viajou com a companhia para a nascente do Capibaribe, no ano passado. A intenção era acompanhar o curso do rio e filmar os bailarinos enquanto interagiam com as paisagens e os habitantes. Acompanhada do diretor Claudio Assis e dos músicos Lirinha e Jorge du Peixe, um dos fundadores do movimento Mangue Beat, a coreógrafa captou as cenas que pontuam todo o espetáculo. Foram 23 dias de filmagens e experiências que envolveram oficinas e saraus com artistas locais em busca de referências musicais e corporais para criar a coreografia.

“A gente apresentava o resultado das oficinas e convivia com essas pessoas, então a gente foi para ensinar, mas aprendeu muito mais que qualquer coisa. A gente já não sabia mais quem era aluno e quem era professor ali”, conta Deborah.

No palco, a lama, os movimentos dos caranguejos e uma mistura que tem coco, maracatu e outros ritmos do agreste pernambucano dão o tom da coreografia. São cenas que Deborah extraiu do poema e, com certa coragem, transformou em metáforas, apesar de ouvir frequentemente declarações sobre a rejeição do poeta quanto à figura de linguagem. Aulas com o acadêmico Antônio Carlos Secchin ajudaram a entrar no universo erudito dos que estudam João Cabral, o que foi importante para compreender alguns aspectos da obra. “Todo mundo diz que a poética de João Cabral é muito crua, que ele odiava metáfora. Eu acho isso muito estranho para um poema que se chama Cão sem plumas. Cão não tem pluma, isso é uma metáfora, é o cão sem brilho, abandonado, solitário, mendigo”, analisa.

Cão sem plumas é um espetáculo sobre o que Deborah Colker aponta como inconcebível e inadmissível. As imagens do filme incluem os bailarinos dançando no mangue, em meio aos caranguejos, à beira do rio, em regiões de seca, com o chão craquelado de uma terra que não via água há meses, mas também em favelas e lixões do Recife. A estética da lama é a estética da pele, algo que, desde o início, esteve presente na maneira como a coreógrafa enxerga tanto o poema quanto a coreografia.

Há oito anos, o nascimento do neto Theo, que sofre de uma doença genética de pele, fez Deborah encarar a vida de maneira diferente. A personalidade proativa e acostumada a encontrar soluções para colocar em prática ideias muitas vezes complicadas esbarrou no insolúvel de uma doença incurável. “Quando reli Cão sem plumas foi arrebatador. Veio como uma flecha. E num momento em que eu tava com certas percepções da vida. Pensei que era incrível porque era um poema sobre o rio Capibaribe, mas sobre todos os rios do mundo, sobre os ribeirinhos, mas sobre todos os ribeirinhos do mundo, sobre o descaso”, diz.

Enquanto João Cabral fala de um homem saqueado, mastigado, podado, ele fala também do descaso. “Um descaso do homem em relação ao próprio homem, em relação à natureza, às crianças, à vida. E tem essa história objetiva, ligada ao nascimento do meu neto, que me colocou no colo algo que não teria solução, não teria cura, algo que é como se fosse o impossível”, revela a coreógrafa. O Brasil de Cão sem plumas não é incurável e Deborah Colker acredita que é possível encontrar um remédio, desde que a resignação não se instale na mentalidade dos brasileiros.

Ponto a Ponto / Deborah Colker

Força
Sou assim: quando quero algo, tenho minha força de vontade, vou lá e aconteço. E aí tive que lidar com isso de uma maneira diferente, com a busca, com a provocação, com a vida de uma maneira diferente. Cão sem plumas fala de cada passo que eu vinha dando. É um poema geográfico e, além de ser universal, ele vai descrevendo aquele lugar e você percebe que aquele é o seu lugar. Aqueles homens caranguejos, saqueados, mastigados, roubados são, ao mesmo tempo, resistentes, teimosos, guerreiros. Aquela terra afirma a pele dele, aquela terra é quem ele é, é a existência dele. Então tem uma força. É a tragédia e a riqueza convivendo junto. Ele é muito geográfico, mas é muito humano, fala muito da existência.

Metáfora
A metáfora não foi o instrumento. O instrumento de trabalho para a coreografia foi o poema. João Cabral foi meu timoneiro. Todo o espetáculo é uma viagem proposta pelo poema, como esse rio começa pequenino, como ele se expõe, como ele seca, como ele vai crescendo, como vai ficando denso, como se encontra com o mar e forma os mangues, como fica maior ainda e chega na cidade grande, constrói as cidades e as favelas e abastece aquela cidade, aquelas vidas.

A coreografia
Esse espetáculo é sobre o inconcebível, o inadmissível. Isso não deveria existir, não deveria ser permitido, não deveria existir uma seca com uma situação que as pessoas vivam em uma condição tão cruel com alguém que diz que é impossível de resolver. Sei o que é isso por causa de uma coisa pessoal, entrei em contato com um mundo relacionado a isso, e quando você ouve dizer que “é assim e assim será”. Não pode, temos que lutar, a gente tem que provocar, buscar. O ser humano tem a obrigação, a missão de não permitir a existência disso. Tem que ser inadmissível, inconcebível e pronto. Ninguém tem que olhar e se acostumar e dizer “é isso”.

Denúncia
O poema denuncia isso, mas de maneira alguma é panfletário. Nem meu espetáculo é. É muito maior do que isso. É político, sim, como nossa conversa é política. Mas daí a se tornar uma coisa panfletária, não. A gente está falando de humanidade, de filosofia, de busca, de provocação, de arte.

DISSERTAÇÃO-ARGUMENTATIVA DE DANDARA, 3ºano DO C.E.C.J


Faz cem anos desde a primeira exposição de Anita Malfatti em São Paulo, onde expôs suas obras vanguardistas exprimindo deliberadamente a influência dos movimentos modernos europeus, chocando a elite, além de receber críticas negativas. 
A pintora paulistana, figura feminina que apresentou a capacidade da mulher numa época excludente por parte de uma sociedade machista, deve ser celebrada não só pela importância deste centenário artístico, mas principalmente por seu papel social.

Anita é uma personagem do Modernismo brasileiro que foi capaz de mesmo com suas limitações fazer uma ruptura com os paradigmas, e mostrar à sociedade uma arte crítica e pitoresca. 
"A Boba", uma de suas obras mais famosas, faz referência à sua imagem, ironizando os preconceitos que sofria.

No Brasil atual, a sociedade ainda tem a cultura patriarcal de um século atrás, e esta pode ser vista nos dados divulgados diariamente. Entre 1980 e 2013, 106.093 pessoas foram mortas apenas por sua condição de ser mulher, segundo a Organização Mundial da Saúde, o país possui a quinta maior taxa de feminicídio do mundo.

A violência e a repressão na sociedade podem ser de forma física,  psicológica ou verbal, como àquela que sofreu a pintora modernista através das críticas exercidas sobre suas obras. 
Uma delas feita por Monteiro Lobato "Paranoia ou Mistificação?" que contribuiu para a marginalização da mesma no meio social. Esse fato também demonstra o machismo da época, pois Anita era uma jovem que havia viajado para vários lugares do mundo e possuía um estilo expressionista em suas obras, bem diferente da realidade brasileira, além de possuir uma das mãos mirradas e não ser inclusa na elite.

Hodiernamente a mulher ainda sofre resistência na sua trajetória, seja no transporte público, no trabalho ou na política.
Luta todos os dias para ter direitos igualitários com um salário digno e melhores condições de vida.

De acordo com os argumentos supracitados são necessárias medidas para abertura de unidades especializadas de forma mais agregada, como por exemplo, em áreas de alta taxa de denúncias contra o preconceito da mulher realizarem palestras, ou seminários em escolas sobre o assunto para que haja a desnaturalização do problema.
 O financiamento dos projetos apresentados seria dado através da redução de 45% do salário de nossos representantes políticos, direcionando a quantia para à sua realização.
Ademais, já dizia o grande escritor José Saramago: se podes olhar, vê. Se podes ver, repara. 
Ou seja, essa realidade não é exclusividade do país, mas seu enfrentamento sim, viver em uma cultura que ainda tem projeção de um século atrás e prejudica vorazmente uma classe é um problema da sociedade, e precisa ter sua devida visibilidade.

Dandara, 3001.

AINDA QUE...



quarta-feira, 23 de agosto de 2017

Peça que ironiza racismo abre Cena Contemporânea; veja impressão do público


Espetáculo sul-africano 'Black off' abriu 18ª edição do festival internacional de teatro. Atriz negra interpreta mulher branca e ironiza racismo de forma grotesca; peça será exibida em Ceilândia e Gama.

Por Luiza Garonce, G1 DF


Peça "Black off" interpretada pela atriz sul-africana Ntando Cele durante a 18º edição do Cena Contemporânea, em Brasília (Foto: Luiza Garonce/G1)

Pintada de branco, com uma peruca loira e lentes azuis, a atriz sul-africana Ntando Cele estrelou na abertura da 18ª edição do Cena Contemporânea, em Brasília, na noite desta terça-feira (22). A atriz, negra, interpreta uma mulher branca que incorpora as múltiplas faces do preconceito racial.


A peça "Black off", da companhia de teatro Manaka Empowerment foi a primeira a se apresentar no festival (veja impressões do público ao final da reportagem). O espetáculo ainda será exibido nesta quarta (23) e quinta (24), às 21h no Teatro da Caixa, no sábado (25), em Ceilândia, e no domingo (26), no Gama.

No palco, o alter ego branco da atriz, Bianca White, é a expressão grotesca da naturalização do racismo – explorada durante todo o primeiro ato da peça. Por meio da personagem, Ntando revela de forma ridicularizada alguns clichês sobre os negros e ironiza comportamentos de "gente branca".

Bianca White exalta egocentrismo, futilidade e demonstra desinformação sobre quase tudo o que fala. Neste ponto, reside a crítica de que a sociedade ignora a falta de conteúdo quando está por trás de uma pele branca.

"O racismo é mais ou menos igual em qualquer lugar, por isso o show pode vir da Suíça para cá", diz Ntando.

O espetáculo mistura teatro, música e audiovisual em uma sequência de cenas que se comunicam de forma descontraída. A relação entre Ntando, os três músicos que fazem a trilha sonora e o público ocorre de forma natural, não ensaiada.

Ironia ácida

O discurso pedante de Bianca White, que aparece intercalado por expressões de falsa modéstia e compaixão, revela de forma sutil e cômica esteriótipos negros difundidos pelo "mundo branco ocidental", sobre cor da pele, comportamento, habilidades e heranças genéticas, explica o grupo.


A personagem expõe o racismo ao ridículo quando convida uma mulher negra da plateia a fazer uma sessão de meditação em que é conduzida a se concentrar em coisas brancas para alcançar o relaxamento

“Pense em todas as coisas brancas que há em você, seus ossos, seus dentes… Sente-se melhor?”


Bianca White também diz que os negros não entendem a “arte complicada” e, ao longo da apresentação, interrompe a própria fala para fazer o que seria essa arte refinada, de difícil compreensão.

" Respeita As Mina" por Kell Smith






Respeita As Mina

Kell Smith


Short, esmalte, saia, mini blusa, brinco, bota de camurça, e o batom? Tá combinando!

Uma deusa, louca, feiticeira, alma de guerreira

Sabe que sabe e já chega sambando

Calça o tênizin, se tiver afim, toda toda Swag, do hip hop ao reggae

Não faço pra buscar aprovação alheia

Se fosse pra te agradar a coisa tava feia

Então mais atenção, com a sua opinião

Quem entendeu levanta a mão


Respeita as mina

Toda essa produção não se limita a você

Já passou da hora de aprender

Que o corpo é nosso, nossas regras, nosso direito de ser

Respeita as mina

Toda essa produção não se limita a você

Já passou da hora de aprender

Que o corpo é nosso, nossas regras, nosso direito de ser


Sim respeito é bom, bom

Flores também são

Mas não quando são dadas só no dia 08/03

Comemoração não é bem a questão

Dá uma segurada e aprende outra vez

Saio e gasto um dim, sou feliz assim

Me viro, ganho menos e não perco um rolezin

Cê fica em choque por saber que eu não sou submissa

E quando eu tenho voz cê grita: "ah lá a feminista!"

Não aguenta pressão, arruma confusão

Para que tá feio, irmão!


Respeita as mina

Toda essa produção não se limita a você

Já passou da hora de aprender

Que o corpo é nosso, nossas regras, nosso direito de ser

Respeita as mina

Toda essa produção não se limita a você

Já passou da hora de aprender

Que o corpo é nosso nossas regras, nosso direito de ser

Não leva na maldade não, não lutamos por inversão

Igualdade é o "X" da questão, então aumenta o som!

Em nome das Marias, Quitérias, da Penha Silva

Empoderadas, revolucionárias, ativistas

Deixem nossas meninas serem super heroínas

Pra que nasça uma Joana d'Arc por dia!

Como diria Frida: "eu não me Kahlo!"

Junto com o bonde saio pra luta e não me abalo

O grito antes preso na garganta já não me consome: é pra acabar com o machismo, e não pra aniquilar os homens

Quero andar sozinha, porque a escolha é minha

Sem ser desrespeitada e assediada a cada esquina

Que possa soar bem

Correr como uma menina

Jogar como uma menina

Dirigir como menina

Ter a força de uma menina

Se não for por mim, mude por sua mãe ou filha!


Respeita as mina

Toda essa produção não se limita a você

Já passou da hora de aprender

Que o corpo é nosso, nossas regras, nosso direito de ser

Respeita as mina

Toda essa produção não se limita a você

Já passou da hora de aprender

Que o corpo é nosso, nossas regras, nosso direito de ser

Mais de 500 mulheres são vítimas de agressão física a cada hora no Brasil, aponta Datafolha


Pesquisa mostra que 9% das brasileiras relatam ter levado chutes, batidas ou empurrões no ano passado; índice sobe para 29% se forem contabilizadas as que sofreram agressões verbais. No entanto, 52% delas afirmam não ter feito nada após os atos.




Dados de violência contra a mulher (Foto: Arte/G1)



Pesquisa Datafolha encomendada pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública e divulgada nesta quarta (8), Dia Internacional da Mulher, mostra que, no ano passado, 503 mulheres foram vítimas de agressão física a cada hora no país. Isso representa 4,4 milhões de brasileiras (9% do total das maiores de 16 anos). Se forem contabilizadas as agressões verbais, o índice de mulheres que se dizem vítimas de algum tipo de agressão em 2016 sobe para 29%.


A pesquisa mostra que 9% das entrevistadas relatam ter levado chutes, empurrões ou batidas; 10% dizem ter sofrido ameaças de apanhar.


Além disso, 22% afirmam ter recebido insultos e xingamentos ou terem sido alvo de humilhações (12 milhões) e 10% (5 milhões) ter sofrido ameaça de violência física. Há ainda casos relatados mais graves, como ameaças com facas ou armas de fogo (4%), lesão por algum objetivo atirado (4%) e espancamento ou tentativa de estrangulamento (3%).


Em novembro de 2016, uma dona de casa de 53 anos morreu na Santa Casa de Araçatuba, interior de São Paulo, após ter sido espancada pelo marido, segundo a polícia.


Roseli Lopes vivia havia quatro anos com o suspeito e, segundo informações de familiares à polícia, ela sempre apanhava dele. Segundo os familiares, Roseli tinha medo de denunciar e, por isso, inventava desculpas toda vez que era agredida. O cunhado da vítima, Antônio Aparecido dos Santos, diz que ele sempre foi agressivo. "Eles sempre brigavam, várias vezes ela aparecia riscada de faca, apanhava de facão, porque ela contava para a gente."


Para a diretora-executiva do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Samira Bueno, a violência é um "mecanismo de resolução de conflitos" no país.



"Somos uma sociedade em que a violência muitas vezes regula as relações íntimas, que aposta na violência como um mecanismo de resolução de conflitos. Por isso números tão altos de mulheres que sofrem violência física, porque isso faz parte do cotidiano e desde muito cedo" (Samira Bueno, diretora-executiva do Fórum Brasileiro de Segurança Pública)






Roseli Lopes, morta após agressões do marido (Foto: Reprodução/TV TEM)




Assédio na rua e no transporte público


"Na Pele" por Elza Soares,com participação de Pitty


Na Pele (part. Pitty)

Elza Soares



Olhe dentro dos meus olhos

Olhe bem pra minha cara

Você vê que eu vivi muito

Você pensa que eu nem vi nada

Olhe bem pra essa curva

Do meu riso raso e roto

Veja essa boca muda

Disfarçando o desgosto


A vida tem sido água

Fazendo caminhos esguios

Se abrindo em veios e vales

Na pele leito de rio


A vida tem sido água

Fazendo caminhos esguios

Se abrindo em veios e vales

Na pele leito de rio


A vida tem sido água

Fazendo caminhos esguios

Se abrindo em veios e vales

Na pele leito de rio


Contemple o desenho fundo

Dessas minhas jovens rugas

Conquistadas a duras penas

Entre aventuras e fugas


Observe a face turva

O olhar tentado e atento

Se essas são marcas externas

Imagine as de dentro


A vida tem sido água

Fazendo caminhos esguios

Se abrindo em veios e vales

Na pele leito de rio


A vida tem sido água

Fazendo caminhos esguios

Se abrindo em veios e vales

Na pele leito de rio


A vida tem sido água

Fazendo caminhos esguios

Se abrindo em veios e vales

Na pele leito de rio


(Leito de rio)

(Leito de rio)

(Leito de rio)

(Leito de rio)

"Parte desfavorecida", redação nota 1000 no ENEM por Anna Beatriz Alvares Simões Wreden



Parte desfavorecida


De acordo com o sociólogo Émile Durkheim, a sociedade pode ser comparada a um “corpo biológico” por ser, assim como esse, composta por partes que interagem entre si. Desse modo, para que esse organismo seja igualitário e coeso, é necessário que todos os direitos dos cidadãos sejam garantidos. Contudo, no Brasil, isso não ocorre, pois em pleno século XXI as mulheres ainda são alvos de violência. Esse quadro de persistência de maus tratos com esse setor é fruto, principalmente, de uma cultura de valorização do sexo masculino e de punições lentas e pouco eficientes por parte do Governo.

Ao longo da formação do território brasileiro, o patriarcalismo sempre esteve presente, como por exemplo na posição do “Senhor do Engenho”, consequentemente foi criada uma noção de inferioridade da mulher em relação ao homem. Dessa forma, muitas pessoas julgam ser correto tratar o sexo feminino de maneira diferenciada e até desrespeitosa. Logo, há muitos casos de violência contra esse grupo, em que a agressão física é a mais relatada, correspondendo a 51,68% dos casos. Nesse sentido, percebe-se que as mulheres têm suas imagens difamadas e seus direitos negligenciados por causa de uma cultural geral preconceituosa. Sendo assim, esse pensamento é passado de geração em geração, o que favorece o continuismo dos abusos.

Além dessa visão segregacionista, a lentidão e a burocracia do sistema punitivo colaboram com a permanência das inúmeras formas de agressão. No país, os processos são demorados e as medidas coercitivas acabam não sendo tomadas no devido momento. Isso ocorre também com a Lei Maria da Penha, que entre 2006 e 2011 teve apenas 33,4% dos casos julgados. Nessa perspectiva, muitos indivíduos ao verem essa ineficiência continuam violentando as mulheres e não são punidos. Assim, essas são alvos de torturas psicológicas e abusos sexuais em diversos locais, como em casa e no trabalho.

A violência contra esse setor, portanto, ainda é uma realidade brasileira, pois há uma diminuição do valor das mulheres, além do Estado agir de forma lenta. Para que o Brasil seja mais articulado como um “corpo biológico” cabe ao Governo fazer parceria com as ONGs, em que elas possam encaminhar, mais rapidamente, os casos de agressões às Delegacias da Mulher e o Estado fiscalizar severamente o andamento dos processos. Passa a ser a função também das instituições de educação promoverem aulas de Sociologia, História e Biologia, que enfatizem a igualdade de gênero, por meio de palestras, materiais históricos e produções culturais, com o intuito de amenizar e, futuramente, acabar com o patriarcalismo. Outras medidas devem ser tomadas, mas, como disse Oscar Wilde: “O primeiro passo é o mais importante na evolução de um homem ou nação. ”

Anna Beatriz Alvares Simões Wreden

Fonte:G1

Em 2017 comemoramos o centenário da arte moderna no Brasil, movimento que teve como pontapé a exposição individual de Anita Malfatti


Seja qual for o contexto, não é preciso ir muito além do dicionário para compreender que a palavra movimento pressupõe uma ação: é sempre a ruptura do estado atual e a busca pelo novo. Busca esta que geralmente é pautada pela curiosidade, pela vontade de explorar o desconhecido e pela sensibilidade e inquietude latentes, os quais fazem artistas atravessarem os tempos.

É o caso da pintora Anita Malfatti (1889-1964), que há cem anos dava o pontapé necessário para que o movimento modernista começasse no Brasil com a Exposição de Pintura Moderna. Em cartaz durante um mês (entre 12 de dezembro de 1917 e 11 de janeiro de 1918), a mostra apresentava o resultado de suas viagens dos últimos anos para a Alemanha e para os Estados Unidos, onde flertou fortemente com o expressionismo alemão e com um estilo de pintar desprendido dos padrões acadêmicos.

Créditos: divulgação

Anita Malfatti, a pioneira do Modernismo no Brasil

A elite cafeeira paulistana da época não recebeu bem este novo olhar, já que detinha uma sensibilidade artística restrita à fiel representação da realidade, não reconhecendo nos traços grossos e cores vibrantes de Anita uma expressão digna de levar o título de arte.


Também pudera, São Paulo vivia um momento muito diferente das capitais europeias: a independência de Portugal havia acontecido há apenas cem anos, período curto historicamente falando. De acordo com Maria Inês Santos Duarte, professora de história da arte na PUC-SP, não se conhecia muito sobre arte porque não havia onde expor as obras. “Não havia nada muito organizado no sentido de poder conhecer uma coisa diferente. Não tinha infraestrutura. E por isso a exposição da Anita foi interessante, porque apresentou um conjunto de obras que foram muito radicais do ponto de vista da linguagem que se estava acostumado aqui, de uma maneira muito intensa”.

Ao mesmo tempo que este estranhamento pairava no ar, culminando em telas vendidas sendo devolvidas e a famosa crítica negativa deMonteiro Lobato (1882-1948) - o artigo “Paranoia ou mistificação?” escrito para O Estado de São Paulo, foi como se os artistas inquietos levassem um chacoalhão e passassem a se articular para deixar florescer a arte moderna no Brasil.


Créditos: Romulo Fialdini

"Grupo dos Cinco", de 1922, pintado por Anita, retrata ela e os amigos da época: Tarsila do Amaral, Menotti del Picchia, Mário de Andrade e Oswald de Andrade

A exemplo de Mário de Andrade (1893-1945) e Oswald de Andrade(1890-1954), que frequentaram a exposição diversas vezes e foram firmes no contraponto às duras críticas de Lobato. Segundo Maria Inês, tal embate foi significativo para que artistas que não tinham oportunidade de mostrar seus trabalhos dialogassem, se organizassem e, cinco anos depois, realizassem a icônica Semana de Arte Moderna de 22.

A Semana explorou as mais diversas linguagens artísticas e lançou expoentes como Di Cavalcanti (1897-1976), Menotti del Picchia (1892-1988), Manuel Bandeira (1886-1968) e Villa-Lobos (1887-1959), entre outros. Inicialmente marcado para acontecer entre 11 e 18 de fevereiro, o evento ocorreu no Theatro Municipal de São Paulo apenas nos dias 13, 15 e 17 do mês, explorando, em cada um deles, uma vertente: pintura e escultura, literatura, e música, respectivamente.

Homenagem a Anita

Merecidamente, em 2017 a pintora foi tema: Anita Malfatti: 100 anos de arte moderna no Museu de Arte Moderna, localizado no Parque do Ibirapuera, em São Paulo. A mostra foi dividida em três etapas de sua produção com cerca de 70 obras que apresentaram a versatilidade de seus traços, referências, momentos e suportes - da aquarela ao óleo sobre tela, passando pelos esboços de corpos nus em carvão.


Créditos: Rafaela Piccin

Museu de Arte Moderna no Parque do Ibirapuera, em SP

Segundo Regina Teixeira de Barros, curadora da mostra, “quando a exposição de 1917 foi criticada negativamente por Lobato, outros pontos também estavam em jogo: o fato de ela ser mulher [se hoje em dia é difícil ter espaço e reconhecimento, imagine à época], de não pertencer a uma classe econômica privilegiada, e por conta de ser destra e possuir uma atrofia na mão direita. Ela foi tida como coitadinha, vítima. Mas como pensar que uma mulher nas décadas de 10 e 20 viajava, falava várias línguas e não se acomodava fosse frágil?”.

"A Chinesa" (1922)

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