Do começo ao fim da cerimônia, os Jogos Olímpicos atuais são totalmente alinhados com o nosso tempo.
Como, então, eles se comparam às Olimpíadas originais? Perguntamos ao historiador de Grécia Antiga Paul Cartledge.
Veja como eram as competições naquela época:
Um evento para homens nus
As antigas Olimpíadas eram apenas para os homens, no que diz respeito a competições de atletismo e esportes de combate.
As mulheres sequer eram autorizadas a assistir. No entanto, algumas podiam competir nos eventos equestres, mas só no papel de substitutas dos donos dos cavalos e das carruagens.
A primeira vitória feminina de que se tem registro foi a de uma princesa espartana.
Acredita-se que uma possível razão para a exclusão das mulheres seja o fato de que os atletas, lutadores e boxeadores tinham que competir sem roupa.
A antiga palavra grega para "exercitar-se" significava literalmente "ser inflexível pelado", provavelmente por motivos religiosos, já que os Jogos eram uma festa de homenagem a Zeus.
Cavaleiros e condutores de carruagens usavam roupas nas competições, mas eles eram vistos como empregados, e não donos dos cavalos - que ficavam com os louros da vitória.
As provas que duraram e as que não existem mais
"Dos eventos de corrida antigos, só sobreviveram (nos Jogos Olímpícos atuais) os 200 metros rasos,
Arremesso de dardos é uma das competições que duraram até hoje
A pista de corrida do século 4 a.C. ainda é visível na antiga cidade de Olímpia.
"Além deles, havia as provas de combate. Dessas, a luta romana e o boxe sobreviveram (mas em formato diferente)."
A luta também era um dos cinco eventos do pentatlo antigo, junto com a corrida de 200 m, o arremesso de dardos, o arremesso de disco e o salto em altura.
"As antigas provas equestres, de carruagem e de corrida de mula não têm equivalentes nas Olimpíadas modernas", diz o professor.
Também havia provas em que os atletas não precisavam competir pelados: seus corpos eram cobertos com um capacete e um protetor de canela para a corrida em armadura e para eventos equestres.
O local e o propósito dos jogos
As antigas Olimpíadas eram um festival explicitamente religioso, dedicado à veneração da mais poderosa divindade grega, Zeus, do Monte Olimpo, a mais alta montanha grega.
Os jogos sempre eram disputados no mesmo lugar, num local remoto e de difícil acesso a pé no noroeste do Peloponeso. Os competidores e espectadores vinham não apenas da Grécia, mas de todo o mundo grego, que na época se estendia da Espanha à Geórgia.
O local dos jogos era conhecido como Olímpia, em homenagem ao título de "Olímpio" de Zeus, derivado do Monte Olimpo.
Os prêmios
A vitória já era um prêmio por si só, em teoria. Uma guirlanda simbólica de folhas de oliva, cultivadas em Olímpia, era a única recompensa, e destinada apenas ao campeão - não havia medalhas de prata ou bronze.
Jogos eram destinados a venerar Zeus
Mas a cidade natal de um campeão também poderia oferecer-lhe uma recompensa monetária ou o direito de fazer refeições gratuitas no centro administrativo. O campeão também podia encomendar versos a um poeta local para imortalizar a sua fama, ou pedir a um artista para esculpir uma escultura sua em bronze ou mármore - a qual seria dedicada a um deus.
Os vencedores também ganhavam em prestígio. No fim do século 4 a.C., o lutador Milo, originário do que hoje é o sul da Itália, era considerado o Usain Bolt de sua época: não só foi seis vezes campeão olímpico, como também ficou conhecido por seus dotes em carregar touros e em consumir carne.
Um evento internacional
A princípio e por muitos séculos, o evento permitia apenas a adesão de gregos, ou pan-helênicos. Na época, os "bárbaros" (não-gregos) não podiam participar.
Mas quando Roma conquistou a Grécia, no século 2 a.C., os romanos rejeitaram o título de bárbaros e exigiram o status de grego para que pudessem competir - algo que conseguiram.
Os Jogos, assim, continuaram a acontecer a cada quatro anos, até 393 d.C., quando foram banidos por um imperador romano cristão, Teodósio I, que alegava que a competição era politeísta e pagã.
Outro imperador romano que punha à prova o espírito olímpico era Nero, morto em 68 d.C. Com ameaças e subornos, ele exigiu que o comitê pan-helênico adiasse a data das Olimpíadas por dois anos, para que o imperador pudesse combinar sua aparição na competição com seu tour imperial, em 67 d.C.
Ele caiu de sua carruagem de 16 cavalos, mas mesmo assim foi premiado com a guirlanda de oliva, dando mostras de seu poder imperial na época.
Fonte: BBC
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