Educação é disciplina, é saber ouvir, é pedir licença e não esquecer do por favor e obrigado.
Educação é respeitar os mais velhos, é levantar a mão para falar, é aprender a ficar em silêncio.
Educação não é entretenimento, diversão, passatempo, lazer, show de música, alvoroço.
Não é feita para agradar os alunos, não é produzida para elogios e bajulação, não é palco para conquistar simpatia.
Educação não é violão e refrão, é voz e firmeza.
Educação não é brincadeira, não é recreação, não é fingimento, não é missa de corpo presente.
Educação é hierarquia, é escala, é obediência, é aceitar a autoridade, é fazer fila indiana, é alinhar as cadeiras, é estudar para prova, é fazer os temas, é perder tempo para adquirir atenção e foco.
Educação é dureza, seriedade, oposição, lidar com aquilo que não se gosta, suportar o desconhecido, enfrentar a ignorância, alfabetizar a emoção, descobrir que não se pode tudo, desligar o celular, afastar-se das redes sociais, calar-se para a frente quando a vontade é falar para os lados.
Educação não é amizade, não é passar a mão na cabeça dos desaforos, não é fugir do confronto.
Educação é se incomodar, é colocar de castigo, é repreender, é suspender, é censurar, é ser democrático nas exigências, é enfrentar os interesses da turma. É não ter compaixão, é reprovar se necessário, é não dar desconto, não realizar vista grossa. É a caneta vermelha formando uma cerca para o erro não se tornar hábito.
Os professores não devem ser simpáticos, legais, amáveis – ensinar não tem a ver com obter unanimidade e faixas -, devem se mostrar somente como referências de conteúdo, metodologia e ordem.
Educação não é para ser moderna e avançada, e sim clássica e tradicional. Quanto mais antiga mais atual. Quanto maior o passado maior o futuro.
O que aconteceu com a professora na escola pública de Indaial (SC) mostra o quanto perdemos o rumo. Marcia Friggi relatou nesta segunda-feira (21) ter sido agredida por aluno de 15 anos. Recebeu uma sequência de socos após expulsar o estudante por mau comportamento.
Se chegamos ao extremo de testemunhar um professor ser espancado e achar normal, não há mais nenhum degrau para descer na degradação humana. Se encontramos atenuantes e explicações para tamanha monstruosidade já convertemos as escolas em penitenciárias. Transformamos a tolerância em omissão criminosa. Extraviamos a civilidade para sobrevivermos como bichos, regidos pelo medo e pela truculência.
O desastre parece inexplicável, porém não foi freado a tempo quando surgiram os primeiros sinais. Começa com uma inofensiva brincadeira e se deixa passar. Depois o estudante ganha confiança, importância com os colegas, assume a sua liderança na maldade e passa a insultar o professor. Como nada é feito, ele se sente no direito de perseguir e ameaçar dentro e fora da sala de aula. Como nada nada é feito, espera o professor na saída para exercer a sua vingança verbal e hostilizar a sua família. Como nada nada nada é feito, vê total impunidade para agredir, depois espancar e, por fim, matar. E é tarde para recuperar os danos.
Um país que não respeita o professor jamais será digno do hasteamento da bandeira e do hino nacional.
No Brasil, o giz branco está manchado de sangue.
Fabrício Carpinejar
Fonte:http://carpinejar.blogspot.com.br/
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