O humor pode ser definido como a quebra de expectativa do leitor. Quando, por exemplo, ouvimos ou lemos uma piada, nem sempre achamos graça, entretanto isso não tem nada a ver com a presença ou não de humor. Para vocês entenderem melhor, vejam a piada a seguir:
Verbos
A professora pergunta para a Mariazinha:
- Mariazinha, me dê um exemplo de verbo.
- Bicicreta! - respondeu a menina.
- Não se diz "bicicreta", e sim "bicicleta". Além disso, bicicleta não é verbo. Pedro, diga você um verbo.
- Prástico! - disse o garoto.
- É "plástico", não "prástico". E também não é verbo. Laura, é sua vez: me dê um exemplo correto de verbo - pediu a professora.
- Hospedar! - respondeu Laura.
- Muito bem! - disse a professora. Agora, forme uma frase com este verbo.
- Os pedar da bicicreta é de prástico!
Ok. Vocês podem ter achado a piada super sem graça. Mas acreditem: há humor nela! Sabem por quê?
Bem, o humor está justamente na quebra de expectativa: na resposta de Laura, tem-se a sensação de que a aluna, inicialmente, respondeu corretamente à professora, no entanto, na última frase da piada, notamos que houve um equívoco: “os pedar” foi confundido com “hospedar” pelo jogo fonético. A essa “quebra”, dá-se o nome de humor.
A IRONIA
A ironia, por sua vez, já compreende um recurso expressivo que trabalha com a crítica. Basicamente, dizemos que há ironia em um texto quando falamos o contrário daquilo que pensamos.
Analisemos os famosos versos do poeta modernista Mário de Andrade:
“Moça linda bem tratada,
Três séculos de família,
Burra como uma porta:
Um amor”.
Notem que os elogios inicias são irônicos, visto que a comparação feita no terceiro verso (“Burra como uma porta”) denigre a imagem da moça em questão. De “amor” ela não tem nada. Ou seja, percebe-se, claramente, o uso da ironia.
O HUMOR IRÔNICO
Apesar de terem conceitos e propósitos diferentes, o humor e a ironia podem ocorrer juntamente. Vejam a charge a seguir:
Após uma análise cuidadosa, podemos perceber o uso dos dois recursos – a ironia e o humor.
Justificativa: há uma quebra de expectativa entre o título da charge (“Turismo no Rio”) e o que se vê na imagem e na fala dos turistas. Não se espera que um passeio turístico envolva a polícia e o caveirão (carro blindado usado por policiais para percorrer as favelas). Não seria uma situação natural, comum de acontecer. A partir dessa "quebra do esperado", há a utilização do humor. Além disso, de “tranquilo” o passeio não tem nada. Nota-se uma forte crítica à falta de segurança na cidade do Rio de Janeiro. Dessa forma, a ironia se faz presente. Logo, é possível afirmar que, na charge acima, há um humor irônico.
O vídeo a seguir exemplifica bem o chamado humor irônico. É uma esquete de uma peça teatral de um grupo chamado “Terça Insana”. Nela, uma freira (nem um pouco politicamente correta) ensaia para um “show de humor”. É divertido!" Deem uma olhadinha:
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