Parte 2: Verbos com mais de um sentido
#ASSISTIR
#ASSISTIR
Você imediatamente associa o verbo "assistir" ao "ver", principalmente TV (estou assistindo ao programa tal). Porém, "assistir" tem, pelo menos, 4 significados diferentes. Vamos nos ater a 3, que são os que tropeçam e caem nas provas.
No sentido de “ver”, nós usamos a preposição “A”:
Geraldo assistiu ao filme do Homem-Aranha.
Portanto, assistir no sentido de “ver” tem que usar o “a”: “assisti ao jogo, ao filme, ao campeonato, ao desenho, à apresentação, à opera" e por aí vai. Está errado dizer “assisti o filme”.
OBS: mais uma vez saliento e bato na mesma tecla: "ao" é união da preposição "a" (exigida pelo verbo) com o artigo "o" (substantivo masculino que vem em seguida) e "à" é a união da preposição "a" (exigida pelo verbo) com o artigo "a" (substantivo feminino que vem em seguida).
Assistir no sentido de “morar”, nós usamos a preposição “EM”:
Assisto em Porto Alegre.
Isso quer dizer que moro em Porto Alegre. É uma expressão já em desuso hoje em dia e só serve para cair em provas mesmo, porque eu nunca vi alguém falar isso (exceto o professor que explica essa matéria).
Assistir no sentido de dar assistência (ajudar, auxiliar) não tem preposição:
A enfermeira assistiu o paciente.
#ASPIRAR
O verbo aspirar tem dois sentidos: o mais comum, que é "sugar" e o menos comum, que é "desejar".
No sentido de “sugar” (aspirar o ar, sugar o ar) não tem preposição.
Geraldo odeia aspirar fumaça de cigarro.
Vejam que não tem preposição nenhuma entre “aspirar” e “fumaça”, pois aspirar tem sentido de sugar a fumaça, respirar a fumaça.
Aspirar no sentido de “desejar”, “querer”, “sonhar” tem preposição:
Maria aspira ao talento de dirigir de modo satisfatório.
Observe que entre “aspira” e “talento” tem o “AO”, que é o encontro da preposição A, exigida pelo verbo, com o artigo “O” (que define “talento”)
Portanto, aspirar no sentido de sugar não tem preposição, enquanto no sentido de querer ou desejar tem preposição “a”.
Vejamos, agora, o verbo “agradar”.
# AGRADAR
O verbo "agradar" tem dois sentidos: fazer carinho (acariciar) ou agradar mesmo, da forma que a gente conhece (ser agradável)
No sentido de “acariciar” ou “fazer carinho” não exige preposição:
Maria agradou Geraldo
Ou seja: Maria acariciou, fez carinho em Geraldo.
No sentido de “ser agradável”, “satisfazer” ou “contentar” exige a preposição “a”:
O jogo não agradou ao técnico.
# VISAR
O verbo “visar” tem três significados: “dar o visto”, “desejar” e “mirar no alvo”.
Só vai ter preposição “a” quando significar “desejar”, “almejar”. Veja:
Maria visa a se tornar uma boa treinadora de cães
# QUERER
Esse é um daqueles casos "sem noção": a gente aprende algo que nunca é usado. O verbo "querer" tem dois significados: o normal, que é "desejo de algo, desejo de posse", ou então pode ter o sentido de "gostar" ou "estimar".
No sentido de “desejo de posse por algo”, não exige preposição “a”.
Eu quero o carro do Geraldo.
“Querer”, nesse caso, tem o mesmo significado de “desejo de posse”. Portanto, não tem preposição “a” depois dele: é transitivo direto. Não tem preposição entre o “quero” e o “carro”: só tem o “o”, que é artigo definido.
No sentido de “estimar” ou "gostar" exige a preposição "a".
Geraldo quer ao seu cachorro.
Estranho, não? Significa que Geraldo gosta, tem estima por seu cão... Esse é mais um caso que está em completo desuso na língua portuguesa, exceto nos vestibulares da vida e nos concursos públicos. Não entendo o fundamento de estudar coisas que nós não usamos.
Nessas duas partes, nós vimos a regência verbal de 11 verbos: namorar, preferir, obedecer, desobedecer, desfrutar, usufruir, assistir, aspirar, agradar, visar, querer. Você se lembra de todos? Aconselho a dar mais uma olhada para fixar, mas não se esqueça de que fazer exercícios é a forma mais eficaz de fixar esse conteúdo.
Parte 3: Verbos peculiares
Agora, vamos partir para alguns verbos mais chatos e problemáticos. Na primeira parte, nós vimos os verbos mais comuns de serem confundidos e, na segunda, nós vimos os verbos que variam de significado.
#ESQUECER/LEMBRAR
Se forem pronominais, eles se tornam transitivos indiretos. Caso contrário, serão transitivos diretos. Se você não entendeu o que eu acabei de dizer então não se preocupe. Nada mais didático do que os exemplos:
Geraldo se esqueceu do carro no estacionamento.
Geraldo esqueceu o carro no estacionamento.
Essas duas orações estão corretas. A primeira é pronominal. Antes de “esqueceu” tem um “se”. Portanto, tem que dizer “seesqueceu da”. A segunda oração não é pronominal, portanto vai direto: “esqueceu a”. Entendeu? Vamos ver outro exemplo:
Ontem, eu me esqueci do pendrive em casa.
Ontem, eu esqueci o pendrive em casa.
Essa mesma propriedade acontece com o verbo “lembrar”. Portanto, ou a gente fala “me esqueci disso”, ou fala “esqueci isso”. Ou a gente fala “me lembrei disso”, ou “lembrei isso”. Como também, ou a gente fala “se esqueceu disso” ou “esqueceu isso”. E, se o tempo verbal mudar, a regra continua: “se esquecerá disso” ou “esquecerá isso”, “me esquecerei disso” ou “esquecerei isso”. Certo?
O "me" e o "se" são pronomes (me, te, se, lhe, nos, vos, o, a...). Sempre que eles aparecerem junto com os verbos "esquecer" e "lembrar", esses verbos serão pronominais e, dessa forma, vão exigir a preposição "a". Caso contrário, não vão exigir.
# PAGAR/PERDOAR/AGRADECER
Os verbos “pagar”, "perdoar" e "agradecer" só exigem preposição quando se referem a alguma pessoa. Se ele se referir a uma coisa ou objeto, então não terá preposição. Veja o exemplo a seguir:
Geraldo pagou o cheque ao José.
Só tem preposição “a” em “pagou AO José”, pois José é pessoa (não é objeto, coisa ou animal... quer dizer, pode até ser um "animal", mas não vamos entrar nesse mérito).
Não há preposição em cheque, pois cheque não é gente, não é pessoa: é coisa, é objeto. Por isso que a gente fala “pagou ocheque” e não “pagou ao cheque” e falamos “pagou AO José” e não “o José”.
Seguem essa regra os verbos “Agradecer” e “Perdoar”.
#CHAMAR
O verbo "chamar" tem três significados
Significando "apelidar"
O verbo "chamar", significando "apelidar", tem liberdade total:
Chamei Maria de "Bruxa do 71".
Chamei a Maria de "Bruxa do 71".
Chamei Maria"Bruxa do 71".
Chamei a Maria "Brxa do 71".
Lembre-se: "chamar", nesse caso, tem o sentido de "apelidar".
Significando "invocar"
O verbo "chamar", significando "invocação", precisa da preposição "a"
Chamei a Jesus Cristo
Observe, nessa oração, que eu estou invocando a Jesus Cristo (e não o "chamando", o convidando)
Significando "convocar"
O verbo "chamar", significando "convocar", não precisa da preposição "a"
Chamei o menino.
Já vimos, até aqui, a regência de 17 verbos. Acredito que esses sejam os principais que você deve saber. Na próxima parte, logo abaixo, temos mais 17 verbos (nem tão usados).
Parte 4: Outros verbos
Abaixo, a regência de alguns outros verbos (nem tão usados como os que já foram apresentados)
#SIMPATIZAR/ANTI-SIMPATIZAR
Sempre exige a preposição “com”. (eu simpatizo com fulano, com ciclano,...)
#AGUARDAR
Exige e não exige preposição: (Eles aguardavam o ônibus ou eles aguardavam pelo ônibus)
#FALTAR/RESTAR/BASTAR
Intransitivos ou exigem a preposição A.
Ele faltou hoje (intransitivo)
Ele faltou ao trabalho (prep. A)
#PROCEDER
Significando "dar início" ou "realizar" exige preposição A
Geraldo precedeu à realização das provas
Significando "originar-se" exige preposição DE
A dor de barriga de Geraldo procede da comilança do final de semana
Significando "conduzir-se" ou "ter fundamento" é intransitivo
As palavras de Geraldo não procedem
#RENUNCIAR
Exige ou não exige preposição "a"
Geraldo renunciou o cargo (sem)
Geraldo renunciou ao cargo (com)
Geraldo renunciou a presidência (sem)
Geraldo renunciou à presidência (com)
Admitem duas construções (com e sem preposição) os verbos:
Avisar, advertir, certificar, cientificar, comunicar, informar, noticiar, notificar, prevenir
Exemplo:
"avisar algo a alguém" ou "avisar alguém de algo"
"advertir algo a alguém" ou "advertir alguém de algo"
etc...
Fonte: Gramaticando
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