atuante nas disciplinas de Filosofia e Sociologia, bem como Orientador
Educacional e também Pesquisador em Astronomia e Física esteve no dia
1º de agosto, na Biblioteca Nacional, no Rio de Janeiro, participando
do lançamento, do livro “Crônica para a Cidade Amada – As cidades
brasileiras na literatura”, publicado pela Editora Altadema e
organizado no Rio de Janeiro pelo ex-secretário de Cultura do estado,
Arnaldo Niskier. .
O livro “Crônica para a Cidade Amada – As cidades brasileiras na
literatura”, reúne crônicas sobre os 92 municípios fluminenses,
trazendo no seu interior uma crônica de Everaldo Francisco Teixeira,
intitulada “ Recordar é Viver – A Itaperuna dos anos 60, que
representa o município de Itaperuna। A publicação é uma homenagem da
Academia Brasileira de Letras pelos 200 anos da Biblioteca Nacional।
O evento contou com as presenças da ministra da Cultura, Ana de
Hollanda, do vice-governador Pezão, do prefeito do Rio, Eduardo Paes;
do presidente da Fundação Nacional das Artes (Funarte), Antônio
Grassi; do presidente da Academia Brasileira de Letras (ABL), Marcos
Vinicios Vilaça; e do presidente da Biblioteca Nacional, Galeano ।
Ao amigo Everaldo, um dos fundadores da Academia Itaperunense de
Letras , cadeira número 32, parabéns pelo belo texto, que em breve
publicaremos! E também a todos que direta ou indiretamente trabalharam
em prol desta excelente iniciativa!
O texto :
RECORDAR É VIVER: A ITAPERUNA DOS ANOS 60
EVERALDO FRANCISCO TEIXEIRA
TUDO COMEÇAVA COM UM APITO, um som estridente, cortando a cidade e
numa cadência de “café com pão” lá vinha a Maria Fumaça empurrando a
todos sem pedir licença, passava com sua imponência jogando fumaça
para todos os lados. Correndo em direção a outras cidades.
Era bonito presenciar esta força bruta como meio de transporte,
mesmo todos pagando um preço pelas longas viagens que se tornavam
cansativas. Uma viagem de Itaperuna ao Rio de Janeiro durava um dia
inteiro. Todos prestavam atenção à passagem do trem, ao passar pelo
centro, pela ponte e ao cortar chão afora, “Café com pão... Café com
pão... aé seu maquinista”. E ia o trem jogando fumaça, fazendo
barulho, e mexendo com todos.
A Itaperuna dos anos 60 tinha esse trem que por duas vezes passava
pelo centro da cidade. Centro este que tinha uma iluminação fraca e
que à noite criava um ambiente calmo e tranquilo, a iluminar casas
muito antigas. Uma avenida com três pistas e muitas árvores, onde
pardais faziam a festa e de vez em quando o lacerdinha se tornava o
terror de todos.
Tempo gostoso, tempo em que as coisas aconteciam lentamente e que
deixavam marcas que existem até hoje. Tempo que para se comprar um
litro de leite era preciso levar um vasilhame. Tempo que um desfile de
10 de maio era uma festa para todos. Basta dizer que quando a banda do
Colégio Estadual 10 de Maio, comandada pelo Maestro José Carlos,
chegava ao Colégio Bittencourt, lá na rodoviária antiga, ainda estavam
entrando pelotões de alunos para desfilar. Tempo em que a Rádio
Itaperuna fazia a festa para os ouvintes e Geraldo Guimarães era
sinônimo de qualidade e audiência. Tempo em que o Colégio Bittencourt,
na figura do Dr. Jair Bittencourt comandava, na cidade, a educação.
Tempo em que um bom café significava ir ao café Oliveira, uma compra
de material escolar significava ir à Folha Nova e uma loja como a
Seleta era a preferida por todos.
Tempo que quando a tarde caía, as pessoas buscavam suas casas e na
linha do horizonte o sol se punha e um vento gostoso, uma brisa,
criava o ambiente propício para que centenas de pardais fizessem no
céu de nossa avenida principal um balé improvisado, das 17 horas em
diante. Pardais que em movimentos rápidos e bruscos cortavam o céu, em
todas as direções. Nestas horas, os jovens com mais tempo e
criatividade, faziam um céu multicolorido de pipas, que enfeitavam com
mais alegrias as nossas tardes de verão, em época de muito vento. E
onde andam as pipas, as peladas, o banho de rio, o pião e muitas
outras brincadeiras no mundo moderno?
Em termos de divertimento nos finais de semana, tínhamos o ITC e
dois cinemas, um na General Osório e outro onde é o Edifício Rotary.
Tempo das matinês, das pipocas e das trocas de gibis. Um bom garoto
que se prezasse não ia para o cinema sem gibis para troca. Gibis como
Tarzan, Flecha Ligeira, Zorro, Batman, Superman, Mickey e o Mandrake
que faziam a festa de todos. Nesta época uma revista em quadrinho
(GIBI) era classificado como anti-cultura e nocivo à formação de um
adolescente. Era uma barra ter um gibi.
Movidos a pipocas, e atentos com os olhos, começava a sessão, fosse
a aventura policial ou cowboy, tudo era uma descoberta. Neste tempo,
ir ao cinema era um ritual e havia um certo prazer que nos dias de
hoje está morrendo. O Cine Santa Luzia, inaugurado em 1964, era um
ambiente chique e que atraia todos os segmentos da sociedade levando
cultura e divertimento.
Sempre existia ao final de cada sessão, um pequeno filme de
suspense que prendia a atenção de todos e nos obrigava, na semana
seguinte, a não faltar para ver como o mocinho escapava das armadilhas
mais fantásticas que se podia imaginar. Eram seriados de botar inveja
nos olhos de Indiana Jones.
Era um tempo gostoso e a vida era mais fácil. Itaperuna, com as
características que lhe eram peculiares agasalhava a todos os seus
filhos e com seu ar de cidade do interior, pacientemente esperava seu
momento para se transformar no que é nos dias de hoje.
Aqui, ao cair da tarde em Itaperuna, um trem cortava a cidade, um
apito era o sinal de sua chegada, um relógio preciso que marcava o
tempo.
Por muitos anos fez este trajeto, até que em 1973, numa tarde,
passou bem devagar e triste, como se estivesse fugindo e chorando e
num último apito deu seu grito de adeus... E NUNCA MAIS VOLTOU.
Everaldo Francisco Teixeira
Professor
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Everaldo Francisco Teixeira.Professor de Filosofia e
Sociologia.Orientador Educacional.Escritor.
Física.Twitter -everaldoft
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