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sábado, 7 de maio de 2011

Há poemas belíssimos dedicados à Mãe. Na impossibilidade de os colocar aqui todos, insiro apenas um de Drummond, pois acabo de vir do enterro de uma grande amiga, que também era mãe. Contudo creio em um Deus que por nós tudo executa, ainda que não entendamos os seus porquês.


Para Sempre 


Por que Deus permite 

que as mães vão-se embora? 

Mãe não tem limite, 

é tempo sem hora, 

luz que não apaga 

quando sopra o vento 

e chuva desaba, 

veludo escondido 

na pele enrugada, 

água pura, ar puro, 

puro pensamento. 

Morrer acontece 

com o que é breve e passa 

sem deixar vestígio. 

Mãe, na sua graça, 

é eternidade. 

Por que Deus se lembra 

— mistério profundo — 

de tirá-la um dia? 

Fosse eu Rei do Mundo, 

baixava uma lei: 

Mãe não morre nunca, 

mãe ficará sempre 

junto de seu filho 

e ele, velho embora, 

será pequenino 

feito grão de milho. 



Carlos Drummond de Andrade

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