Dobre (1913)
Peguei no meu coração
E pu-lo na minha mão
Olhei-o como quem olha
Grãos de areia ou uma folha.
Olhei-o pávido e absorto
Como quem sabe estar morto;
Com a alma só comovida
Do sonho e pouco da vida.
(Fernando Pessoa)
"O meu lado poético é infinito,
cabe na palma da minha mão,
mas não cabe no universo,
cabe dentro do meu coração
e é maior do que o sol.
Fica!Diz assim o meu lado mortal,
a minha parte normal, que sente medo,
que sofre e que sente prazer com a carne.
Nesse mundo real eu me sinto como uma amora
que nasceu num pé de pitanga,
mas de uma forma ou de outra eu teria a arte
como o meu refúgio,
como o meu brilho além do meu corpo.
Tudo que escrevo tenho a impressão que vem sendo
escrito por mim há muitos anos,
para chegar até aqui eu caminhei muito
e lhe digo que valeu a pena cada passo."
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