Quero escrever um poema que diga que eu me descobri mais feliz quando comecei a me amar melhor e a estender esse amor. Quando não estamos nos amando, vivemos com a percepção de que apenas o amor recebido é capaz de nos alimentar. De que teremos somente o que pudermos receber, as mãos sempre estendidas na expectativa ansiosa do recebimento. Mas, quando sentimos o amor circular em nós, descobrimos uma sutileza até então ignorada: dar amor é também recebê-lo.
Quero escrever um poema que diga que crescer é percorrer, passo a passo, esse caminho. Tornar-se cada vez mais alegre por esse puro exercício do querer bem. Por essa vontade tão clara, tão limpa, de que as pessoas sejam felizes e desfrutem da liberdade. Por essa ideia amorosa de que tenham saúde no corpo e não lhes falte saúde na alma. De que se for inevitável sofrer, que passe logo. De que descubram o contentamento que, por natureza, nos habita. De que não saiam dessa vida sem descobrir a força radiante e transformadora do amor.
© ANA CLÁUDIA SALDANHA JÁCOMO
In Cheiro de flor quando ri 1
(publicado em 3 de Agosto de 2008)
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