Há no coração de cada um de nós, por
essência, uma música que é somente nossa, inigualável, intransferível.
Por várias razões, conhecidas ou não, às vezes aprendemos desde muito
cedo a diminuir, gradativamente, o seu volume e inventar ruídos que nada
tem a ver com ela para nos relacionarmos com nós mesmos e com os
outros. Até que chega um tempo em que desaprendemos a entrar no nosso
próprio coração para ouvi-la e, porque não passeamos mais nele, porque
não a ouvimos mais, não é raro esquecermos completamente que ela existe.
Mas, como toda ignorância, toda indiferença, toda confusão, não são
capazes de apagar a beleza original dessa partitura impressa na alma,
ela continua tocando, ainda que de forma imperceptível. Continua
tocando, à espera do dia em que, de novo ou pela primeira vez, possamos
aumentar o seu volume, trazê-la à tona, compartilhá-la. Continua
tocando, e alguns são capazes de escutá-la mesmo quando não conseguimos.
Todo encontro genuíno de amor é também o encontro de duas pessoas que conseguem ouvir a música uma da outra e sentir alegria e descanso com aquilo que ouvem. Conseguem ouvir, não importa quantos ruídos tenham inventado pelo caminho para se proteger da dor afastando a vida.
Todo encontro genuíno de amor é também o encontro de duas pessoas que conseguem ouvir a música uma da outra e sentir alegria e descanso com aquilo que ouvem. Conseguem ouvir, não importa quantos ruídos tenham inventado pelo caminho para se proteger da dor afastando a vida.
© ANA CLÁUDIA SALDANHA JÁCOMO
In Cheiro de flor quando ri 1
(publicado em 7 de Dezembro de 2008)
In Cheiro de flor quando ri 1
(publicado em 7 de Dezembro de 2008)
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