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terça-feira, 22 de março de 2016

EXERCÍCIOS DE ROMANTISMO PARA O ENEM

Exercícios Propostos de Literatura

1. (Ufpe 2012) Considere as afirmações abaixo a respeito da produção literária brasileira que prosperou na
primeira metade do século XIX.
( ) No Brasil, o Romantismo desenvolveu-se após a Independência. Na Europa, com o ressuscitar do passado, o nativismo explorou figuras e cenas medievais; em nosso país, com o indianismo romanceando as origens nacionais, o mundo indígena foi enfocado com heróis baseados em personagens e ações reais.
( ) José de Alencar, na prosa, criou uma galeria de heróis indígenas que se submetiam voluntariamente ao colonizador. Por exemplo, em O Guarani, Peri é escravo de Ceci e converte-se ao cristianismo, sendo batizado. Em Iracema, a personagem título se submete ao branco Martim, entrega que implica sacrifício e abandono de sua tribo de origem.
( ) Em Ubirajara, narrativa que enfoca uma fase anterior à colonização, Alencar despertou para a falsidade da idílica submissão dos colonizados aos colonizadores, escrevendo: “Foi depois da colonização que os portugueses, assaltando os índios como a feras e caçando-os a dente de cão, ensinaram-lhe a traição que eles não conheciam”.
( ) Gonçalves Dias, que representa o Indianismo na poesia, já nos Primeiros Cantos, tem a consciência do destino atroz que aguardava os tupis com a conquista portuguesa. Na fala do xamã, as predições são assustadoras: “Manitós já fugiram da Taba/ ó desgraça! ó ruína! ó Tupã!”
( ) Gonçalves Dias lamentou a sorte do Novo Mundo, com sua gente vencida e suas terras profanadas. Além do mais, o escritor maranhense, diferentemente de Alencar, dá voz ao nativo: “Chame-lhe progresso, quem do extermínio secular se ufana/ Eu, modesto cantor do povo extinto, /Chorarei os vastíssimos sepulcros”.


TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
TEXTO VI


ADORMECIDA
Uma noite, eu me lembro... Ela dormia
Numa rede encostada molemente...
Quase aberto o roupão... solto o cabelo
E o pé descalço do tapete rente.

‘Stava aberta a janela. Um cheiro agreste
Exalavam as silvas da campina...
E ao longe, num pedaço do horizonte,
Via-se a noite plácida e divina.


De um jasmineiro os galhos encurvados,
Indiscretos entravam pela sala,
E de leve oscilando ao tom das auras,
Iam na face trêmulos — beijá-la.


Era um quadro celeste!... A cada afago
Mesmo em sonhos a moça estremecia...
Quando ela serenava... a flor beijava-a...
Quando ela ia beijar-lhe... a flor fugia...


Dir-se-ia que naquele doce instante
Brincavam duas cândidas crianças...
A brisa, que agitava as folhas verdes.
Fazia-lhe ondear as negras tranças!

E o ramo ora chegava ora afastava-se...
Mas quando a via despeitada a meio.
P’ra não zangá-la... sacudia alegre
Uma chuva de pétalas no seio...


Eu, fitando a cena, repetia
Naquela noite lânguida e sentida:
“Ó flor! – tu és a virgem das campinas!
“Virgem! — tu és a flor da minha vida!...”







CASTRO ALVES. Espumas flutuantes. In Obra compIeta Rio de Janeiro: Nova Aguar, 1986. p. 124-125.
2. (Uff 2012) Assinale a alternativa INCORRETA em relação à análise do poema de Castro Alves (Texto VI).
a) A valorização de elementos da natureza confere sentidos particulares ao poema e indicia sua identificação com propostas estéticas do Romantismo.
b) O poema se organiza a partir de um episódio registrado pela memória do sujeito lírico, o que amplia a subjetividade romântica presente em seu discurso.
c) O poema se constitui, principalmente, como descrição de uma cena, repleta de elementos românticos, configurando-se de forma plástica e visual.
d) O poema é percorrido por um tom melancólico, próprio do Romantismo, empregado pelo poeta para expressar a frustração amorosa do eu lírico.
e) O ambiente noturno, privilegiado pelos poetas românticos, contribui, no poema, para o estabelecimento de uma atmosfera de sonho, de calma e de desejo.


TEXTO PARA AS PRÓXIMAS QUESTÕES:
A última romântica


Cigarros, isqueiros, copos com drinques coloridos, garrafas vazias - de vodca, do licor de coco Malibu... Às flores, velas, retratos e mensagens de praxe os fãs acrescentaram em frente à casa de Amy Winehouse esses objetos que dão prazer, podem viciar e fazem mal à saúde. Para além da homenagem, era uma forma de participar do universo de excessos da cantora.
É curioso o apelo de Amy num mundo conservador, cada vez mais antitabagista e alerta para os riscos das drogas - um mundo onde vamos sendo ensinados a comprar produtos sem gordura trans e onde até as garotas de esquerda consomem horas dentro da academia.
Numa época em que as pessoas são estimuladas a abdicar de certos prazeres na expectativa de durar bastante, simplesmente para durar, Winehouse fez o roteiro oposto - intenso, autodestrutivo, suicida.
Sob o aspecto clínico, era uma viciada grave, necessitando desesperadamente da ajuda que insistia em recusar. Uma de suas canções mais famosas trata exatamente disso.
Amy foi presa fácil do jornalismo de celebridades, voltado à escandalização da intimidade dos famosos (quanto pior, melhor). Foi também, num tempo improvável, a herdeira de Janis Joplin, morta aos 27 em 1970, e de Billie Holiday, morta aos 44, em 1959, ambas por overdose.
Como suas antecessoras, Amy leva ao extremo o éthos romântico - do artista que vive em conflito permanente e se rebela contra o curso prosaico e besta do mundo. Na sua figura atormentada e em constante desajuste, o autoflagelo quase sempre se confunde com o ódio às coisas que funcionam. Numa cultura inteiramente colonizada pelo dinheiro e que convida à idolatria, fazer sucesso parecia uma espécie de vexame e de vileza, o supremo fiasco existencial, contra o qual era preciso se resguardar.
Nisso Amy evoca os gênios do romantismo tardio - Lautréamont, Rimbaud e outros poetas do inferno humano, que tinham plena consciência da vergonha de dar certo.
(SILVA, Fernando de Barros e. Folha de São Paulo, 26/07/2011)
3. (Insper 2012) A relação entre o título e as ideias expostas nesse artigo evidenciam que o autor
a) pretende mobilizar os jovens de maneira que eles passem a incorporar hábitos saudáveis em seu cotidiano.
b) considera que a cantora Amy Winehouse encarnava uma personagem exótica apenas para conquistar a fama.
c) propõe que a morte de Amy Winehouse deva servir de alerta às celebridades que adotam estilo de vida destrutivo.
d) tenciona estimular a criação de campanhas que combatam o tabagismo, o alcoolismo e o uso de entorpecentes.
e) constata que as atitudes autodestrutivas não são exclusivas de artistas do mundo contemporâneo.
4. (Insper 2012) Considere esta definição:
Pressupostos são conteúdos implícitos que decorrem de uma palavra ou expressão presente no ato de fala produzido. O pressuposto é indiscutível tanto para o falante quanto para o ouvinte, pois decorre, necessariamente, de um marcador linguístico, diferentemente de outros implícitos (os subentendidos), que dependem do contexto, da situação de comunicação.
(Adaptado de FIORIN, J. L. O dito pelo não dito. In: Língua Portuguesa, ano I, n. 6, 2006. p. 36-37.)
A passagem do texto "A última romântica" em que a palavra sublinhada instaura um pressuposto é
a) “... esses objetos que dão prazer, podem viciar e fazem mal à saúde.”
b) “... era uma forma de participar do universo de excessos da cantora.”
c) “... onde até as garotas de esquerda consomem horas dentro da academia.”
d) “Sob o aspecto clínico, era uma viciada grave...”
e) “Como suas antecessoras, Amy leva ao extremo o éthos romântico...”


5. (Ufsc 2011) O cristão repeliu do seio a virgem indiana. Ele não deixará o rasto da desgraça na cabana hospedeira. Cerra os olhos para não ver, e enche sua alma com o nome e a veneração de seu Deus: – Cristo!... Cristo!... Volta a serenidade ao seio do guerreiro branco, mas todas as vezes que seu olhar pousa sobre a virgem tabajara, ele sente correr-lhe pelas veias uma onda de ardente chama. Assim quando a criança imprudente revolve o brasido de intenso fogo, saltam as faúlhas inflamadas que lhe queimam as faces. [...] Abriram-se os braços do guerreiro adormecido e seus lábios; o nome da virgem ressoou docemente. A juruti, que divaga pela floresta, ouve o terno
arrulho do companheiro; bate as asas, e voa a conchegar-se ao tépido ninho. Assim a virgem do sertão aninhou-se nos braços do guerreiro. Quando veio a manhã, ainda achou Iracema ali
debruçada qual borboleta que dormiu no seio do formoso cacto. Em seu lindo semblante acendia o pejo vivos rubores; e como entre os arrebóis da manhã cintila o primeiro raio do sol, em suas faces incendidas rutilava o primeiro sorriso da esposa, aurora de fruído amor. [...] As águas do rio banharam o corpo casto da recente esposa. Tupã já não tinha sua virgem na terra dos tabajaras.
ALENCAR, J. de. Iracema. São Paulo: Núcleo, 1993. p. 39-41.
A partir da leitura do texto acima e do romance Iracema, e considerando o contexto do Romantismo brasileiro, assinale a(s) proposição(ões) correta(s).
01) Ao seduzir e possuir Iracema, Martim está consciente dos seus atos, e isso constitui traição tanto aos seus valores cristãos quanto à hospitalidade de Araquém. Quebra-se aqui, portanto, uma importante característica do Romantismo, a idealização do herói, que jamais comete ações vis.
02) Em Iracema, os elementos humanos e naturais não se mesclam. Nas descrições que faz de Iracema, por exemplo, Alencar evita compará-la a seres da natureza, pois isso seria contrário ao princípio romântico de valorização de uma natureza pura, não contaminada pela presença humana.
04) A adjetivação abundante (“ardente chama”; “intenso fogo”; “tépido ninho”; “vivos rubores”) é uma importante característica da prosa romântica, que será mais tarde evitada por escritores realistas.
08) Ao entregar-se a Martim, Iracema deixa de ser virgem e, portanto, não poderia mais ser a guardiã do segredo da jurema; ainda assim continua a sê-lo, só deixando de preparar e servir a bebida quando Caubi descobre sua gravidez e a expulsa da tribo.
16) Entre as várias manifestações do nacionalismo romântico presentes em Iracema, está o desejo de mostrar o povo brasileiro como híbrido, constituído pela fusão das raças negra, indígena e branca.
32) Além de indianista, Iracema é também um romance histórico; serve assim duplamente ao projeto nacionalista da literatura romântica brasileira.

6. (Ifsp 2011) Leia o poema de Francisco Otaviano.
Ilusões da Vida
Quem passou pela vida em branca nuvem,
E em plácido repouso adormeceu;
Quem não sentiu o frio da desgraça,
Quem passou pela vida e não sofreu;
Foi espectro de homem, não foi homem,
Só passou pela vida, não viveu.
(SECCHIN, Antonio Carlos. Roteiro da poesia brasileira – Romantismo. São Paulo: Global, 2007.)
Este poema pertence à estética romântica porque
a) sugere que o leitor, para ser feliz, viva alienado e distante da realidade.
b) são explícitas as referências a alguns cânones do Catolicismo.
c) expõe os problemas sociais que afetavam a sociedade da época.
d) nele se percebe a vassalagem amorosa, isto é, a submissão do homem em relação à mulher.
e) sugere que é importante viver, de forma intensa e profunda, as experiências da existência humana.


7. (Unb 2011) I-Juca Pirama
Gonçalves Dias

Meu canto de morte,
Guerreiros, ouvi:
Sou filho das selvas,
Nas selvas cresci;
Guerreiros, descendo
Da tribo Tupi.
Da tribo pujante,
Que agora anda errante
Por fado inconstante,
Guerreiros, nasci;
Sou bravo, sou forte,
Sou filho do Norte;
Meu canto de morte,
Guerreiros, ouvi.


Aos golpes do imigo,
Meu último amigo,
Sem lar, sem abrigo
Caiu junto a mi!
Com plácido rosto,
Sereno e composto,
O acerbo desgosto
Comigo sofri.


Meu pai a meu lado
Já cego e quebrado,
De penas ralado,
Firmava-se em mi:
Nós ambos, mesquinhos,
Por ínvios caminhos,
Cobertos d’espinhos
Chegamos aqui!


Eu era o seu guia
Na noite sombria,
A só alegria
Que Deus lhe deixou:
Em mim se apoiava,
Em mim se firmava,
Em mim descansava,
Que filho lhe sou.


Ao velho coitado
De penas ralado,
Já cego e quebrado,
Que resta? — Morrer.
Enquanto descreve
O giro tão breve
Da vida que teve,
Deixai-me viver!


Não vil, não ignavo,
Mas forte, mas bravo,
Serei vosso escravo:
Aqui virei ter.
Guerreiros, não coro
Do pranto que choro:
Se a vida deploro,
Também sei morrer.





A partir do trecho apresentado, extraído do clássico poema do indianismo brasileiro I-Juca Pirama, julgue os itens a seguir.
a) No contexto da literatura brasileira do século XIX, era incomum o recurso a protagonistas ameríndios em poemas épicos e romances. Especialmente os autores que se filiavam ao romantismo tenderam a dar destaque, nos seus textos a heróis de proveniência europeia, como forma de rejeitar o projeto de uma identidade brasileira, bem como de restaurar os laços com a cultura europeia, que haviam sido cortados desde a independência.
b) O refrão do poema — “Meu canto de morte,/ Guerreiros, ouvi” — remete ao passado do personagem épico I-Juca Pirama, como indica o emprego da forma verbal “ouvi”, flexionada no pretérito do indicativo.
c) Ao utilizar como recurso de composição a narrativa em primeira pessoa do singular, o autor potencializa o apelo romântico do texto, fazendo que o drama do personagem Tupi seja sublinhado pela perspectiva íntima, a partir da qual os fatos são apresentados.
d) Para conferir dramaticidade ao momento de tensão em que o índio Tupi se apresenta à tribo que o aprisionou, o poeta utiliza esquema métrico e rítmico ágil, destacando-se a redondilha maior e as rimas cruzadas.
e) O índio, nesse poema de Gonçalves Dias e nas demais obras do indianismo romântico brasileiro, é representado segundo técnica literária realista, por meio da qual se pretende revelar o índio como legítimo dono das terras e da identidade cultural do país.
f) Verifica-se, nas últimas estrofes apresentadas, que o grande temor do personagem narrador é a morte, apesar de a desdita que a vida reservou a ele e a seu pai ser apresentada em forma de lamento.
g) O movimento romântico brasileiro, do qual o poema I-Juca Pirama é produção exemplar, procurou estabelecer as bases literárias da identidade cultural brasileira, objetivando a superação do cosmopolitismo expresso pela estética neoclássica, característica do Arcadismo.
h) Autores do modernismo brasileiro retomaram o tema do índio moralmente forte como símbolo da nação, como se pode verificar na obra Macunaíma, de Mário de Andrade.




“Onde estás”


1 É meia-noite... e rugindo



2 Passa triste a ventania,
3 Como um verbo de desgraça,
4 Como um grito de agonia.
5 E eu digo ao vento, que passa
6 Por meus cabelos fugaz:
7 “Vento frio do deserto,
8 Onde ela está? Longe ou perto?”
9 Mas, como um hálito incerto,
10 Responde-me o eco ao longe:
11 “Oh! minh’amante, onde estás?...”

12 Vem! É tarde! Por que tardas?
13 São horas de brando sono,
14 Vem reclinar-te em meu peito
15 Com teu lânguido abandono!...
16 ’Stá vazio nosso leito...
17 ’Stá vazio o mundo inteiro;
18 E tu não queres qu’eu fique
19 Solitário nesta vida...
20 Mas por que tardas, querida?...
21 Já tenho esperado assaz...
22 Vem depressa, que eu deliro
23 Oh! minh’amante, onde estás?...


24 Estrela – na tempestade,
25 Rosa – nos ermos da vida,
26 Íris – do náufrago errante,
27 Ilusão – d’alma descrida!
28 Tu foste, mulher formosa!
29 Tu foste, ó filha do céu!...
30 ... E hoje que o meu passado
31 Para sempre morto jaz...
32 Vendo finda a minha sorte,
33 Pergunto aos ventos do Norte...
34 “Oh! minh’amante, onde estás?”





(CASTRO ALVES, A. F. Espumas flutuantes. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 2005. p. 84-85.)
8. (Uel 2011) Sobre a relação entre o poema e a obra Espumas flutuantes, considere as afirmativas a seguir.
I. Idealização da mulher amada e demonstração emotiva são modos de expressão típicos do poeta, inscrito no Romantismo brasileiro.
II. É um poema à parte de Espumas flutuantes, pois a idealização da mulher é tema fortuito na obra de Castro Alves.
III. O uso abundante de interrogações, exclamações e reticências fortalece seu teor sentimental, marca típica do Romantismo.
IV. Nos versos 16 e 17, o eu-lírico estende seu olhar sentimental, indo do espaço mínimo ao espaço máximo, a fim de expor sua imensa saudade.
Assinale a alternativa correta.
a) Somente as afirmativas I e II são corretas.
b) Somente as afirmativas II e IV são corretas.
c) Somente as afirmativas III e IV são corretas.
d) Somente as afirmativas I, II e III são corretas.
e) Somente as afirmativas I, III e IV são corretas.


TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
Texto





O “Adeus” de Teresa


A vez primeira que eu fitei Teresa,
Como as plantas que arrasta a correnteza,
A valsa nos levou nos giros seus...
E amamos juntos... E depois na sala
“Adeus” eu disse-lhe a tremer co’a fala...

E ela, corando, murmurou-me: “adeus.”

Uma noite... entreabriu-se um reposteiro...
E da alcova saía um cavaleiro
Inda beijando uma mulher sem véus...
Era eu... Era a pálida Teresa!
“Adeus” lhe disse conservando-a presa...

E ela entre beijos murmurou-me: “adeus!”

Passaram tempos... séc’los de delírio
Prazeres divinais... gozos do Empíreo...
... Mas um dia volvi aos lares meus.
Partindo eu disse – “Voltarei!... descansa!...”
Ela, chorando mais que uma criança,

Ela em soluços murmurou-me: “adeus!”

Quando voltei... era o palácio em festa!...
E a voz d’Ela e de um homem lá na orquestra
Preenchiam de amor o azul dos céus.
Entrei!... Ela me olhou branca... surpresa!
Foi a última vez que eu vi Teresa!...

E ela arquejando murmurou-me: “adeus!”





(CASTRO ALVES, Antonio Frederico. Espumas flutuantes. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 2005. p. 51.)
9. (Uel 2011) Sobre características do estilo de Castro Alves presentes no poema, considere as afirmativas a seguir.
I. Presença de uma visão erotizada do amor e da mulher.
II. Abandono do tom aclamatório presente nos poemas sobre os escravos.
III. Confirma sua inserção na segunda geração do Romantismo.
IV. Revela influência do sentimentalismo amoroso adulto.
Assinale a alternativa correta.
a) Somente as afirmativas I e IV são corretas.
b) Somente as afirmativas II e III são corretas.
c) Somente as afirmativas III e IV são corretas.
d) Somente as afirmativas I, II e III são corretas.
e) Somente as afirmativas I, II e IV são corretas.

10. (Fuvest 2010) Gente que mamou leite romântico pode meter o dente no rosbife* naturalista; mas em lhe cheirando a teta gótica e oriental, deixa logo o melhor pedaço de carne para correr à bebida da infância. Oh! meu doce leite romântico!
Machado de Assis, Crônicas.


*Rosbife: tipo de assado ou fritura de alcatra ou filé bovinos, bem tostado externamente e sangrante na parte central, servido em fatias.


a) A imagem do “rosbife naturalista” — empregada, com humor, por Machado de Assis, para evocar deter minadas características do Naturalismo — poderia ser utilizada também para se referir a certos aspectos do romance O cortiço? Justifique sua resposta.
b) A imagem do “doce leite romântico”, que se refere a certos traços do Romantismo, pode remeter também a alguns aspectos do romance Iracema? Justifique sua resposta.


TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
Tudo o que aqui escrevo é forjado no meu silêncio e na penumbra. Vejo pouco, ouço quase nada.
Mergulho enfim em mim até o nascedouro do espírito que me habita. Minha nascente é obscura. Estou escrevendo porque não sei o que fazer de mim. Quer dizer: não sei o que fazer com meu espírito. O corpo informa muito. Mas eu desconheço as leis do espírito: ele vagueia. Meu pensamento, com a enunciação das palavras mentalmente brotando, sem depois eu falar ou escrever – esse meu pensamento de palavras é precedido por uma instantânea visão sem palavras, do pensamento – palavra que se seguirá, quase imediatamente – diferença espacial de menos de um milímetro. Antes de pensar, pois, eu já pensei.
Clarice Lispector. Um sopro de vida.


11. (Uff 2010) O modo de Clarice Lispector ver a criação literária guarda relação com o momento histórico em que ela escreve. Em outros momentos históricos, outras relações ocorreram.
Assinale a opção correta.
a) O Modernismo relaciona-se com um modo de escrever que pretende discutir a criação literária e produzir a simplicidade e a métrica do pastoralismo.
b) O Neoclassicismo relaciona-se com um modo de escrever que reproduz a arte barroca tal como ela era.
c) O Realismo relaciona-se com um modo de escrever que se caracteriza pela musicalidade, pela sinestesia e pelas aliterações.
d) O Simbolismo relaciona-se com um modo de escrever que apresenta a realidade tal como ela é.
e) O Romantismo relaciona-se com um modo de escrever que adota a estética da expressão do eu autoral.

12. (Enem cancelado 2009) Texto 1





O Morcego


Meia-noite. Ao meu quarto me recolho.
Meu Deus! E este morcego! E, agora, vede:
Na bruta ardência orgânica da sede,
Morde-me a goela ígneo e escaldante molho.
“Vou mandar levantar outra parede...”
Digo. Ergo-me a tremer. Fecho o ferrolho
E olho o teto. E vejo-o ainda, igual a um olho,
Circularmente sobre a minha rede!
Pego de um pau. Esforços faço. Chego
A tocá-lo. Minh’alma se concentra.
Que ventre produziu tão feio parto?!
A Consciência Humana é este morcego!
Por mais que a gente faça, à noite, ele entra
Imperceptivelmente em nosso quarto!





ANJOS, A. Obra completa. Rio de Janeiro: Aguilar, 1994.
Texto 2
O lugar-comum em que se converteu a imagem de um poeta doentio, com o gosto do macabro e do horroroso, dificulta que se veja, na obra de Augusto dos Anjos, o olhar clínico, o comportamento analítico, até mesmo certa frieza, certa impessoalidade científica.
CUNHA, F. Romantismo e modernidade na poesia. Rio de Janeiro: Cátedra, 1988 (adaptado).


Em consonância com os comentários do texto 2 acerca da poética de Augusto dos Anjos, o poema O morcegoapresenta-se, enquanto percepção do mundo, como forma estética capaz de
a) reencantar a vida pelo mistério com que os fatos banais são revestidos na poesia.
b) expressar o caráter doentio da sociedade moderna por meio do gosto pelo macabro.
c) representar realisticamente as dificuldades do cotidiano sem associá-lo a reflexões de cunho existencial.
d) abordar dilemas humanos universais a partir de um ponto de vista distanciado e analítico acerca do cotidiano.
e) conseguir a atenção do leitor pela inclusão de elementos das histórias de horror e suspense na estrutura lírica da poesia.

13. (Enem cancelado 2009) O sertão e o sertanejo


Ali começa o sertão chamado bruto. Nesses campos, tão diversos pelo matiz das cores, o capim crescido e ressecado pelo ardor do sol transforma-se em vicejante tapete de relva, quando lavra o incêndio que algum tropeiro, por acaso ou mero desenfado, ateia com uma faúlha do seu isqueiro. Minando à surda na touceira, queda a vívida centelha. Corra daí a instantes qualquer aragem, por débil que seja, e levanta-se a língua de fogo esguia e trêmula, como que a contemplar medrosa e vacilante os espaços imensos que se alongam diante dela. O fogo, detido em pontos, aqui, ali, a consumir com mais lentidão algum estorvo, vai aos poucos morrendo até se extinguir de todo, deixando como sinal da avassaladora passagem o alvacento lençol, que lhe foi seguindo os velozes passos. Por toda a parte melancolia; de todos os lados tétricas perspectivas. É cair, porém, daí a dias copiosa chuva, e parece que uma varinha de fada andou por aqueles sombrios recantos a traçar às pressas jardins encantados e nunca vistos. Entra tudo num trabalho íntimo de espantosa atividade.


Transborda a vida. TAUNAY, A. Inocência. São Paulo: Ática, 1993 (adaptado).
O romance romântico teve fundamental importância na formação da ideia de nação. Considerando o trecho acima, é possível reconhecer que uma das principais e permanentes contribuições do Romantismo para construção da identidade da nação é a
a) possibilidade de apresentar uma dimensão desconhecida da natureza nacional, marcada pelo subdesenvolvimento e pela falta de perspectiva de renovação.
b) consciência da exploração da terra pelos colonizadores e pela classe dominante local, o que coibiu a exploração desenfreada das riquezas naturais do país.
c) construção, em linguagem simples, realista e documental, sem fantasia ou exaltação, de uma imagem da terra que revelou o quanto é grandiosa a natureza brasileira.
d) expansão dos limites geográficos da terra, que promoveu o sentimento de unidade do território nacional e deu a conhecer os lugares mais distantes do Brasil aos brasileiros.
e) valorização da vida urbana e do progresso, em detrimento do interior do Brasil, formulando um conceito de nação centrado nos modelos da nascente burguesia brasileira.

14. (Uepg 2008) Canto IX - I Juca Pirama
O guerreiro parou, caiu nos braços
Do velho pai, que o cinge contra o peito,
Com lágrimas de júbilo bradando:
"Este, sim, que é meu filho muito amado!
E pois que o acho enfim, qual sempre o tive,
Corram livres as lágrimas que choro,
Estas lágrimas, sim, que não desonram".
(Gonçalves Dias. "Poesias Americanas")
Com relação à obra indianista de Gonçalves Dias, e sobre este poema em particular, assinale o que for correto.
01) O herói do poema não é apenas um índio tupi: representa todos os índios brasileiros ou ainda todos os brasileiros, uma vez que o índio foi durante o Romantismo o representante de nossa nacionalidade.
02) O poeta, ao pôr em discussão profundos valores e sentimentos humanos, como a bondade filial e a honra, supera os limites da abordagem puramente indianista e ganha universalidade.
04) O índio de Gonçalves Dias diferencia-se do de Joaquim Norberto e Gonçalves Magalhães, não pela questão de autenticidade do índio, mas por ser mais poético, como vemos em "I-Juca-Pirama". O deslumbramento sem vulgaridade do herói indígena traduz a poesia do poeta, malabarista de ritmos nos sentimentos de heroísmo, dignidade, generosidade, bravura, maldição e tradição.
08) Quanto aos aspectos formais, em "I-Juca-Pirama" Gonçalves Dias variou a métrica de trecho em trecho. Teoricamente, o poeta teria desprezado a metrificação. No entanto, do ponto de vista expressivo, a variação métrica utilizada produz a iconicidade sonora do texto, construindo plasticamente o poema como um significante rítmico do ritual narrado.
16) I Juca Pirama significa "aquele que é digno de ser morto"; o poema conta a história de um guerreiro tupi, aprisionado pelos Timbiras, que vai morrer em um festim canibal.
15. ) Leia o poema a seguir, de Álvares de Azevedo, e escolha a afirmação CORRETA a seu respeito:




PÁLIDA INOCÊNCIA


Por que, pálida inocência,
Os olhos teus em dormência
A medo lanças em mim?
No aperto de minha mão
Que sonho do coração
Tremeu-te os seios assim?


E tuas falas divinas
Em que amor lânguida afinas
Em que lânguido sonhar?
E dormindo sem receio
Por que geme no teu seio
Ansioso suspirar?


Inocência! quem dissera
De tua azul primavera
As tuas brisas de amor!
Oh! quem teus lábios sentira
E que trêmulo te abrira
Dos sonhos a tua flor!


Quem te dera a esperança
De tua alma de criança,
Que perfuma teu dormir!
Quem dos sonhos te acordasse,
Que num beijo t'embalasse
Desmaiada no sentir!


Quem te amasse! e um momento
Respirando o teu alento
Recendesse os lábios seus!
Quem lera, divina e bela,
Teu romance de donzela
Cheio de amor e de Deus!





a) Trata-se de um poema pertencente à terceira fase do Romantismo, na qual prevalece a poesia de cunho social, caracterizada pelo uso de linguagem inflamada e grandiloquente.
b) Trata-se de um poema pertencente à segunda fase do Romantismo, o que se pode perceber pela figura de mulher inacessível, virginal e infantilizada.
c) Trata-se de um poema pertencente à primeira fase do Romantismo, o que se pode perceber pelas referências à natureza brasileira ("azul primavera", "brisas de amor", "tua flor").
d) Trata-se de um poema pertencente ao Parnasianismo, o que se pode perceber pelo erotismo contido e pelo uso do metro de 10 sílabas.
e) Trata-se de um poema pertencente ao Arcadismo, como revelam tanto a figura feminina acessível (mulher companheira) quanto à natureza estilizada, artificial ("azul primavera").

16. (Uff 2007) A modernidade tem-se utilizado de meios expressionais que dialogam com diversas linguagens, produzindo pela intertextualidade novos sentidos e novos diálogos. Por exemplo, a pintura de Portinari é retomada pelo grafite, deslocando a realidade do trabalhador rural para a cidade.



Identifique o comentário pertinente sobre a ressignificação promovida pela intertextualidade dos fragmentos que se seguem.
a) Amor é fogo que arde sem se ver.
É ferida que dói e não se sente.
É um contentamento descontente.
É dor que desatina sem doer.
Luís Vaz de Camões


O amor é o fogo que arde sem se ver.
É ferida que dói e não se sente.
É um contentamento descontente.
É dor que desatina sem doer.
Ainda que eu falasse a língua dos homens.
E falasse a língua dos anjos, sem amor eu nada seria.
Legião Urbana, "Monte Castelo"
Os versos de "Monte Castelo" retomam três fontes distintas que remetem ao local de resistência (título da canção), à necessidade imperiosa do sentimento fraterno (Apóstolo Paulo) e ao caráter contemplativo e dócil da vivência amorosa (Camões).
b) Quando nasci, um anjo torto
desses que vivem na sombra
Disse: Vai, Carlos! ser gauche na vida.
Carlos Drummond de Andrade, "Poema das sete faces"


Quando nasci um anjo esbelto,
desses que tocam trombeta, anunciou:
vai carregar bandeira.
Cargo muito pesado pra mulher,
esta espécie ainda envergonhada.

Adélia Prado, "Com licença poética"
Os versos de Adélia Prado retomam a imagem do "anjo", reproduzindo o caráter de aceitação do papel da mulher no contexto social.
c) Nosso céu tem mais estrelas,
Nossas várzeas têm mais flores
Nossos bosques têm mais vida,
Nossa vida mais amores.
Gonçalves Dias


Nossas várzeas têm mais flores
nossas flores mais pesticidas.
Só se banham em nossos rios
Desinformados e suicidas.
Luiz FernandoVeríssimo
O fragmento retomado por Veríssimo - versos de "Canção do Exílio" - situa a realidade em que se insere, sob o ponto de vista crítico, confrontando-se à visão ufanista do Romantismo.
d) Conselho se fosse bom, as pessoas
não dariam, venderiam.
Vá dormir que a dor passa.
Quem espera sempre alcança.
Provérbios e ditos populares.


Ouça um bom conselho
Que eu lhe dou de graça
Inútil dormir que a dor não passa
Espere sentado
Ou você se cansa
Está provado, quem espera nunca alcança.
Chico Buarque, "Bom conselho"
O fragmento de "Bom conselho" reforça pela linguagem poética o caráter moralista e educativo desses provérbios.
e) A feição deles é serem pardos, maneira d'avermelhados, de bons rostos e bons narizes, bem feitos. Andam nus, sem nenhuma cobertura, nem estimam nenhuma cousa cobrir nem mostrar suas vergonhas. E estão acerca disso com tanta inocência como também em mostrar o rosto.
Trecho da Carta de Pero Vaz de Caminha a el-rei d. Manuel
Senhor:
Escrevo esta carta para vos dar conta dos sucessos da terra de Vera Cruz desde o dia de seu achamento até a construção desta Brasília onde agora me encontro. Eu a tenho, Senhor, por derradeiro feito e última louçania da gente de cepa e me empenharei em bem descrevê-la, nada pondo ou tirando para aformosear nem para enfear, mas só praticando do que vi, ouvi ou me pareceu.
Segunda Carta de Pero Vaz de Caminha, a El Rei, escrita da Novel Cidade de Brasília com a data de 21 de abril de 1960. Por Darcy Ribeiro
O fragmento da carta de Darcy Ribeiro retoma o estilo detalhista e inventivo de Pero Vaz de Caminha, ao construir a imagem do Brasil segundo o olhar europeu.

17. (Ueg 2006) À DERIVA





O coração é a casa de ninguém.
Tapera de artérias.
Vibram
ventos vermelhos nas folhas
de fibra.
Ora erra
o ritmo... Outra
nota...
Murros na matéria.
Coração, ilusão,
vida,
paupérrimas rimas.



GUIMARÃES, Edmar. "Caderno". 2a ed. Goiânia: Kelps. p. 46.
Sobre a leitura, é CORRETO afirmar que o poema
a) destoa sensivelmente do título da obra "Caderno", bem como da parte "Rasuras", pois apresenta precisão no acabamento formal e temático.
b) expõe alternadamente linguagem denotativa e conotativa, pois as imagens são exploradas sob a perspectiva abstrata e concreta.
c) vale predominantemente como exercício estético, pois o efeito de sentido é sobreposto pelos efeitos formais, como assonância e aliteração.
d) impõe impreterivelmente uma leitura intertextual, pois o desvendamento do sentido necessita da referência literária do Romantismo brasileiro.


TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
A S. PAULO





1 Terra da liberdade!
2 Pátria de heróis e berço de guerreiros,
3 Tu és o louro mais brilhante e puro,
4 O mais belo florão dos Brasileiros!


5 Foi no teu solo, em borbotões de sangue
6 Que a fronte ergueram destemidos bravos,
7 Gritando altivos ao quebrar dos ferros:
8 Antes a morte que um viver de escravos!


9 Foi nos teus campos de mimosas flores,
10 À voz das aves, ao soprar do norte,
11 Que um rei potente às multidões curvadas
12 Bradou soberbo - Independência ou morte!


13 Foi de teu seio que surgiu, sublime,
14 Trindade eterna de heroísmo e glória,
15 Cujas estátuas, - cada vez mais belas,
16 Dormem nos templos da Brasília história!


17 Eu te saúdo, ó majestosa plaga,
18 Filha dileta, - estrela da nação,
19 Que em brios santos carregaste os cílios
20 À voz cruenta de feroz Bretão!


21 Pejaste os ares de sagrados cantos,
22 Ergueste os braços e sorriste à guerra,
23 Mostrando ousada ao murmurar das turbas
24 Bandeira imensa da Cabrália terra!


25 Eia! - Caminha o Partenon da glória
26 Te guarda o louro que premia os bravos!
27 Voa ao combate repetindo a lenda:
28 - Morrer mil vezes que viver escravos!





(Fagundes Varela, O ESTANDARTE AURIVERDE. ln:___. POESIAS COMPLETAS. São Paulo, Edição Saraiva, 1956, p. 85-86.)
18. (Cesgranrio 1991) Tendo em vista o texto, assinale a opção com DUAS características do Romantismo PRESENTES NO POEMA:
a) entendimento racional do mundo / adjetivação abundante
b) polarização entre o Bem e o Mal / rigidez métrica
c) exaltação do heroísmo / musicalidade acentuada
d) assimilação do ideário liberal / valorização da simplicidade do povo brasileiro
e) temática de fundo histórico / presença da cor local
19. (Unesp 1989) Identifique os movimentos literários a que pertencem as seguintes estrofes, na ordem em que elas se apresentam.





I- "A praça! A praça é do povo
Como o céu é do condor
E o antro onde a liberdade
Cria águias em seu calor."


II- "Vozes veladas, veludosas vozes,
Volúpia dos violões, vozes veladas,
Vagam nos velhos vórtices velozes
Dos ventos, vivas, vãs, vulcanizadas."


III- "Anjo no nome, Angélica na cara!
Isso é ser flor, e Anjo juntamente:
Ser Angélica flor, e Anjo florente,
Em quem, senão em vós, se uniformara:"


IV- "Eu, Marília, não fui nenhum vaqueiro,
Fui honrado Pastor da tua aldeia;
Vestia finas lãs, e tinha sempre
A minha choça do preciso cheia.
Tiraram-me o casal, e manso gado,
Nem tenho, a que me encoste, um só cajado."


V- "Torce, aprimora, alteia, lima
A frase, e enfim,
No verso de ouro engasta a rima,
Como um rubim.
Quero que a estrofe cristalina,
Dobrada ao jeito
Do ourives, saia da oficina
Sem um defeito."



a) Romantismo, Simbolismo, Barroco, Arcadismo e Parnasianismo.
b) Modernismo, Parnasianismo, Barroco, Arcadismo e Romantismo.
c) Romantismo, Modernismo, Arcadismo, Barroco e Simbolismo.
d) Simbolismo, Modernismo, Arcadismo, Parnasianismo e Barroco.
e) Modernismo, Simbolismo, Barroco, Parnasianismo e Arcadismo.

20. (Unesp 1989) Assinale a alternativa INCORRETA com relação à Literatura Portuguesa:
a) O ambiente das cantigas de amor é sempre o palácio, com o trovador declarando seu amor por uma dama (tratada de "senhor", isto é, senhor. Daí o relacionamento respeitoso, cortês, dentro dos mais puros padrões medievais que caracterizam a vassalagem, a servidão amorosa.
b) o teatro vicentino é basicamente caracterizado pela sátira, criticando o comportamento de todas as camadas sociais: a nobreza, o clero e o povo. Gil Vicente não tem preocupação de fixar tipos psicológicos, e sim a de fixar tipos sociais.
c) o marco inicial do Romantismo em Portugal é a publicação do poema "Camões". Todavia, a nova estética literária só viria a se firmar uma década depois com a Questão Coimbrã, quando se aceitou o papel revolucionário da nova poesia e a independência dos novos poetas em relação aos velhos mestres.
d) Eça de Queirós, em sua obra, dedica-se a montar um vasto painel da sociedade portuguesa, retratada em seus múltiplos aspectos: a cidade provinciana; a influência do clero; a média e a alta burguesia de Lisboa; os intelectuais e a aristocracia.
e) A mais rica, densa e intrigante faceta da obra de Fernando Pessoa diz respeito ao fenômeno da heteronímia que deu aos poetas Alberto Caeiro, Ricardo Reis e Álvaro de Campos biografias, características, traços de personalidade e formação cultural diferentes.


Leia os versos do poeta romântico Casimiro de Abreu.
Meus oito anos
Oh! que saudades que tenho
Da aurora da minha vida,
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais!
Que amor, que sonhos, que flores,
Naquelas tardes fagueiras
À sombra das bananeiras,
Debaixo dos laranjais!
21. Comparando-se a ideia de saudades, apresentada nos versos de Casimiro, com a da propaganda, é correto afirmar que elas são
(A) equivalentes, pois ambas tratam da questão do afastamento e da impossibilidade do contato físico.
(B) contrárias, pois a primeira traduz um sentimento de tristeza profunda; já a segunda, uma tristeza superável.
(C) diferentes, pois os versos tratam de um sentimento mais geral, envolvendo fases da vida; e a propaganda, de um sentimento mais específico, envolvendo as pessoas.
(D) semelhantes, pois remetem à possibilidade de vencer barreiras para suprir os sentimentos.
(E) paradoxais, pois envolvem alegria e tristeza para expressar o que se sente por algo que está distante.
22. O estilo dos versos de Casimiro de Abreu
(A) é brando e gracioso, carregado de musicalidade nas redondilhas maiores.
(B) traduz-se em linguagem grandiosa, por meio das quais estabelece a crítica social.
(C) é preciso e objetivo, deixando em segundo plano o subjetivismo.
(D) reproduz o padrão romântico da morbidez e melancolia.
(E) é rebuscado e altamente subjetivo, o que o aproxima do estilo de Castro Alves.
23. Nos versos, evidenciam-se as seguintes características românticas:
(A) nacionalismo e religiosidade.
(B) sentimentalismo e saudosismo.
(C) subjetivismo e condoreirismo.
(D) egocentrismo e medievalismo.
(E) byronismo e idealização do amor.
24. (ITA-SP) Assinale a alternativa que caracteriza o Romantismo:
a) valorização do eu. O assunto passa a ser manifestado a partir do artista, que traz à tona o seu mundo interior, com plena liberdade; esta liberdade se impõe na forma. Sentimentalismo.
b) literatura multifacetada: valorização da palavra e do ritmo: temática humana e universal.
c) literatura intrinsecamente brasileira; linguagem direta, coloquial, livre das regras gramaticais, imagens diretas; inspiração a partir da burguesia, da civilização industrial, da máquina.
d) literatura que busca inspiração no subconsciente, nas regiões inexploradas da alma: para isso, usa meios indiretos a fim de sugerir ou representar as sensações; funde figura, música e cor.
e) literatura que visa à perfeição da forma, à objetividade, ao equilíbrio, à perfeição absoluta da linguagem; prefere os temas novos e exóticos.25. No poema “A hora íntima”, Vinicius de Moraes pergunta “Quem pagará o enterro e as flores / Se eu me morrer de amores?”. Nessa passagem, os versos de Vinícius retomam, num tom ameno e voltado para a temática da relação amorosa, a idéia de “se eu morresse amanhã”, consagrada por
a) Alvares de Azevedo - condoreiro romântico.
b) Castro Alves - lírico romântico.
c) Fagundes Varela - condoreiro romântico.
d) Alvares de Azevedo - lírico romântico.
e) Castro Alves - condoreiro romântico.



“Tu choraste em presença da morte?
Em presença de estranhos choraste?
Não descende o cobarde do forte;
Pois choraste, meu filho não és!
Possas tu, descendente maldito
De uma tribo de nobres guerreiros,
Implorando cruéis forasteiros,
Seres presa de vis Aimorés.
Possas tu, isolado na terra,
Sem arrimo e sem pátria vagando,
Rejeitado da morte na guerra,
Rejeitado dos homens na paz,
Ser das gentes o espectro execrado;
Não encontres amor nas mulheres,
Teus amigos, se amigos tiveres,
Tenham alma inconstante e falaz!”


26. O trecho do poema “ I-juca pirama” refere-se ao momento em que o filho guerreiro volta para a sua tribo e se encontra com seu pai após ter pedido ao líder da tribo inimiga, pela qual havia sido capturado, que o poupasse da morte para que pudesse cuidar de seu pai amado, muito velho, até este morrer. Pensando nos valores defendidos pelo Indianismo romântico no Brasil, pode-se dizer que a reação do pai ocorre porque o filho:
01) considerou-o um velho incapaz, evidenciando que não o amava de forma digna.
02) demonstrou fraqueza diante da morte, o que representava falta de dignidade.
03) usou-o como desculpa para escapar da morte, ou seja, não possuía nobreza de sentimento.
04) havia sido capturado pelos inimigos, tornando-se incapaz de continuar a ser um guerreiro.
05) era, na verdade, descendente de outra tribo, o que o tornava impuro para conviver entre eles.


27. Pode-se afirmar que noções como “fraqueza”, “não dignidade”, “falta de nobreza”, “impureza” são renegadas na poética romântica indianista no Brasil. Isso ocorreu devido:
01) à necessidade de se desenvolver e moldar o sentimento de nacionalismo no Brasil da época, que acabava de se tornar independente.
02) à tentativa de compensar os índios mortos pelos primeiros colonizadores europeus, resgatando seus valores primitivos.
03) ao fato de os escritores da época se oporem à corrente do “mal do século”, com seu sofrimento amoroso e culto à idealização.
04) ao desejo de se igualar as principais raças do Brasil da época: portugueses (nobreza), negros (força) e índios (dignidade guerreira).
05) ao esforço de se criar um movimento literário forte, que anulasse os escritores árcades, com suas tentativas fracassadas de independência.


Canção do exílio


Minha terra tem palmeiras, / Onde canta o Sabiá;
As aves, que aqui gorjeiam, / Não gorjeiam como lá.
Nosso céu tem mais estrelas, / Nossas várzeas têm mais flores, / Nossos bosques têm mais vida,
Nossa vida mais amores. / Em cismar, sozinho, à noite,
Mais prazer eu encontro lá; / Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá. / Minha terra tem primores,
Que tais não encontro eu cá; / Em cismar –sozinho, à noite–
Mais prazer eu encontro lá; / Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá. / Não permita Deus que eu morra,
Sem que eu volte para lá; / Sem que disfrute os primores / Que não encontro por cá; / Sem qu'inda aviste as palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
28. O texto acima pertence à Primeira Geração - indianista /nacionalista a que pertence Gonçalves Dias, autor de I Juca-pirama. Explique de que maneira esse texto também serve à causa da afirmação da nacionalidade brasileira.

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