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segunda-feira, 24 de junho de 2013
Viagem: o bom de Viena que não se vê POR CASA VOGUE.
Um roteiro da cidade sob o viés da decoração
Viena recebe mais de 5 milhões de visitantes por ano
Bailes de valsa, palácios imperiais e museus cujos acervos pouco devem aos do Louvre ou do Metropolitan. Strauss, Sissi, Klimt, Freud. O repertório associado a Viena é vasto, e sua riqueza cultural costuma atrair mais de 5 milhões de visitantes por ano. O que talvez passe batido para muitos é que, entre uma sachertorte (uma das sobremesas mais famosas da cidade) e um Danúbio Azul, é possível aprender tudo sobre a história do design como o conhecemos hoje. E o melhor, descobrir que a qualidade da produção das antigas oficinas vienenses sobrevive intacta.
Para absorver tudo o que o berço do design moderno tem a oferecer, o ponto de partida é oMAK, Museu Austríaco de Artes Aplicadas. Localizada na Ringstrasse, fora do majestoso MuseumsQuartier, a instituição proporciona uma viagem pela história do mobiliário europeu e oriental, da Idade Média aos dias atuais. O ápice da visita são as várias tentativas de Michael Thonet até chegar à “cadeira das cadeiras”, a eterna Nº 14, e a infinidade de peças desenhadas por Josef Hoffmann, ícone da Secessão de Viena, e Adolf Loos, seu mais polêmico dissidente.
Após um almoço no vizinho Café Prückel, vintage a ponto de até os garçons parecerem viver nos anos 1950, um mergulho nas vielas do centro histórico revela que a efervescência da cidade na virada do século 19 para o 20 segue rendendo frutos. Seja por meio dos produtos dos mestres da época, encontrados na magnética Woka Lamps (a seleção de luminárias originais de Hoffmann é de cair o queixo), seja por lojas que mantêm atualizada a tradição local de excelentes peças para a casa, como a Wiener Silber Manufactur, especializada em prataria de design, ou a J. & L. Lobmeyr, cuja graciosidade dos cristais faz de cada taça e candelabro um objeto de arte.
Viena é um dos melhores lugares da Europa para se comprar móveis vintage e antiguidades. É possível achar não só clássicos locais, mas também preciosidades escandinavas e americanas, a preços não tão exorbitantes. As seleções de mobiliário moderno mais caprichadas estão nas lojas Lichterloh e Vintagerie, ambas no 7º distrito (esta última aceita enviar mercadorias ao Brasil).
Vintagerie, destaque em Viena para quem procura móveis e acessórios retrô
O bairro, aliás, é o epicentro de tudo o que é novo na capital austríaca. As vizinhanças de Spittelberg e Neubau concentram o comércio mais vanguardista e muitos dos cafés que fazem a fama da cidade. Um passeio por entre as araras repletas de Raf Simons e Maison Martin Margiela da loja-conceito Park é quase obrigatório, tanto quanto paradas no centenário Café Sperl ou no Café Drechsler – este, impregnado de uma elegante atmosfera do Leste Europeu, ótimo ponto para assistir ao desfile de tipos intelectuais que só Viena possui.
É no 7º distrito que também fica o mais novo hotel-boutique da capital, o Sans Souci, fruto do trabalho curatorial dos arquitetos do yoo Studio, uma parceria entre o empresário londrino John Hitchcox e Philippe Starck. Por todas as suas 63 suítes, espalham-se móveis de design icônico, antiguidades garimpadas pela Europa, mimos deste século (o piso de mármore aquecido nos banheiros é um verdadeiro luxo) e uma admirável coleção de arte do século 20. Não é raro um quarto ter, pendurada sobre a cabeceira da cama, uma tela de Roy Lichtenstein ou de Steve Kaufman.
Mas, se a ideia for se hospedar com mais despojamento, deve-se rumar para o sul da cidade, onde fica o acessível e descolado Hotel Daniel, um estabelecimento que se vangloria de saber exatamente aquilo que um hóspede precisa, e também o que ele não precisa. O espírito do lugar é o mesmo dos pilares de concreto aparente dos quartos: contemporâneo, sustentável e descontraído. O coração do hotel é o lobby envidraçado, ocupado em sua maior parte pela própria padaria do local. Mesmo quem não pretende se hospedar por lá deveria passar algumas horas ao redor de uma mesa da bakery, desfrutando do melhor café da manhã da cidade.
O jantar, por sua vez, pode ser apreciado no extremo oposto de Viena. Ao norte, o 2º distrito abriga o Skopik&Lohn, restaurante de clima nova-iorquino e comida austríaca com sotaque francês. Ali, os móveis originais Thonet, o teto grafitado pelo artista Otto Zitko e o tradicional wiener schnitzel o transformaram num dos points mais concorridos da capital, ao lado do Meinl’s Weinbar, no centro. Melhor que isso, só uma subida ao último andar do Sofitel Vienna Stephansdom, projeto de Jean Nouvel que coroa o bairro, onde fica o bar e restaurante Le Loft. Sob uma instalação luminosa da artista Pipilotti Rist, as melhores vistas de Viena se descortinam dali, revelando ao viajante uma cidade que implora para ser explorada em seus mínimos e requintados detalhes.
Recepção e loja do Hotel Daniel, opção de hospedagem mais acessível, ao sul da cidade.
MAK, Museu Austríaco de Artes Aplicadas armário de Hoffmann, obra de Klimt e bowl de Lalique
Armário (1898) de Josef Hoffmann , obra de Klimt, ambos parte do acervo do MAK
Bowl (1898-1900) de René Lalique, parte do acervo do MAK
Vasos da década de 1910, obra de Gustav Klimt, parte do acervo do MAK
Bar do hotel Sans Souci, assinado pelo yoo Studio, com participação de Philippe Starck
Loja Woka Lamps, no centro histórico
Luminária de Koloman Moser & Wiener Werkstätte, de 1903, da loja Woka Lamps
Hotel Sofitel Vienna Stephansdom, obra de Jean Nouvel – o teto do bar e restaurante Le Loft exibe instalação luminosa de Pipilotti Rist
Porta-revistas e pendente da loja Vintagerie.
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