Mas vamos voltar um pouco no tempo e entender como o papelão se tornou um material mais presente em nossas vidas. A partir principalmente dos anos 60, o mundo partia para uma globalização mais intensa e muitas empresas passaram a exportar cada vez mais, às mais diversas partes do mundo. Para isso, precisavam proteger adequadamente seus produtos para o transporte. Naquele momento, a madeira já estava muito cara e acrescentaria um custo muito alto ao produto.
As indústrias precisavam de um material mais barato, mais leve e ao mesmo tempo resistente para embalar e proteger sua produção. É aí que o papelão surge com força total. As indústrias de papel e celulose começaram, então, devido a esta nova demanda, a desenvolver papelões corrugados (ondulados) mais resistentes, com maior espessura, mais adequados a este fim.
A utilização do papelão para confecção de móveis só veio depois. O arquiteto Frank Gehry, ganhador do Pritzker Prize, o Nobel da arquitetura, famoso por seu estilo desconstrutivista, é reconhecido por muitos como sendo o pioneiro na utilização deste meterial para criação de móveis.
É dele a série Easy Edges, desenhada e produzida em 1972, e formada por 14 móveis de papelão ondulado. Gehry, utilizando-se de um produto comum, produzido industrialmente, criou móveis leves, resistentes, com textura e forma únicas.
Somente após 15 anos, Frank Gehry voltou a produzir móveis de papelão (sua primeira produção, de 72, fez tanto sucesso que ele decidiu, na época, desativar após apenas 3 meses, pois temia que esta atividade atrapalhasse sua carreira como arquiteto...).
Nesta nova linha, a Experimental Edges, Gehry utilizou uma técnica diferente, criando móveis mais volumosos, com acabamento mais rugoso. Esta série teve uma edição limitada e foi vendida por altos preços em galerias de arte.
Nos anos 80, o artista francês Eric Guiomar se juntou ao grupo Cartonnistes e criou aDIY Creations para desenvolver móveis e objetos de papelão, porém utilizando uma técnica diferente da utilizada por Gehry. O material era estruturado e dava formas aos móveis deixando mais explícita a sua utilização, sem modificar sua aprência original. Só depois o grupo passou a pintar o material em seus mais diversos usos.
A empresa referência no mundo na produção nesse tipo de móveis é a australianaKarton group, que fabrica desde estantes, bancos, camas, cadeiras, mesas de centro. Todos os produtos, criados pelo designer alemão Hans-Peter Stange, são montáveis e não necessitam do uso de qualquer tipo de ferramenta ou cola. Além da facilidade de mover facilmente os móveis de lugar, o material é durável e totalmente reciclável. Veja alguns exemplos.
No Brasil, a empresa 100t inteligente, produz diversos móveis muito fáceis de montar. Assista ao vídeo que apresenta a montagem de algumas das peças produzidas por eles e visitem a página para conhecer outros móveis produzidos pela empresa.
O brasileiro Domingos Tótora também faz um trabalho diferenciado com este material. Nascido e criado em Maria da Fé, Minas Gerais, Totora retornou à sua cidade natal depois de estudar design em São Paulo e escolheu o papelão como matéria-prima para o seu trabalho, inspirado em sua paixão pela natureza.
Mas nem todo papelão que é adequado à criação de móveis. Além de alta densidade, o papelão precisa receber um tratamento impermeabilizante com a utilização de resinas (por favor, ecologicamente corretas, à base de água e sem metais pesados na composição) para selar as partes que ficam em contato com o chão, para maior durabilidade.
Uma das utilizações mais inusitadas do papelão que encontrei foi na criação de uma bicicleta. Idealizada pelo israelense Izhar Gafni, esta bicicleta revoluciona ainda mais este meio de transporte que já é ecológico. A bicicleta de papelão, além de possuir um custo de produção em torno de US$ 10, pode ser construída com material de reciclagem.
Que tal fazer a sua parte também para ajudar o planeta, reutilizando o papelão e transformando o que iria para o lixo e um móvel legal para sua casa? Voltando à ideia inicial dos sonhos de criança, quem sabe se as pessoas voltassem a ser um pouco as crianças que já foram um dia, a gente não faz este planeta se transformar em um mundo com um futuro que nossos netos possam se orgulhar. Quem sabe... Seguem mais algumas produções para sua inspiração.
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