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terça-feira, 27 de março de 2018

O poder criativo da imperfeição


Já escrevi sobre como nossas teorias científicas sobre o mundo são aproximações de uma realidade que podemos compreender apenas em parte. Nossos instrumentos de pesquisa, que tanto ampliam nossa visão de mundo, têm necessariamente limites de precisão. 


Não há dúvida de que Galileu, com seu telescópio, viu mais longe do que todos antes dele. Também não há dúvida de que hoje vemos muito mais longe do que Galileu poderia ter sonhado em 1610. E certamente, em cem anos, nossa visão cósmica terá sido ampliada de forma imprevisível. No avanço do conhecimento científico, vemos um conceito que tem um papel essencial: simetria. 

Já desde os tempos de Platão, há a noção de que existe uma linguagem secreta da natureza, uma matemática por trás da ordem que observamos. Platão – e, com ele, muitos matemáticos até hoje – acreditava que os conceitos matemáticos existiam em uma espécie de dimensão paralela, acessível apenas através da razão. Nesse caso, os teoremas da matemática (como o famoso teorema de Pitágoras) existem como verdades absolutas, que a mente humana, ao menos as mais aptas, pode ocasionalmente descobrir. Para os platônicos, a matemática é uma descoberta, e não uma invenção humana. Ao menos no que diz respeito às forças que agem nas partículas fundamentais da matéria, a busca por uma teoria final da natureza é a encarnação moderna do sonho platônico de um código secreto da natureza. 

As teorias de unificação, como são chamadas, visam justamente a isso, formular todas as forças como manifestações de uma única, com sua simetria abrangendo as demais.

Culturalmente, é difícil não traçar uma linha entre as fés monoteístas e a busca por uma unidade da natureza nas ciências. Esse sonho, porém, é impossível de ser realizado. Primeiro, porque nossas teorias são sempre temporárias, passíveis de ajustes e revisões futuras. Não existe uma teoria que possamos dizer final, pois nossas explicações mudam de acordo com o conhecimento acumulado que temos das coisas. 

Um século atrás, um elétron era algo muito diferente do que é hoje. Em cem anos, será algo muito diferente outra vez. Não podemos saber se as forças que conhecemos hoje são as únicas que existem. Segundo, porque nossas teorias e as simetrias que detectamos nos padrões regulares da natureza são em geral aproximações. Não existe uma perfeição no mundo, apenas em nossas mentes. 

De fato, quando analisamos com calma as “unificações” da física, vemos que são aproximações que funcionam apenas dentro de certas condições. O que encontramos são assimetrias, imperfeições que surgem desde as descrições das propriedades da matéria até as das moléculas que determinam a vida, as proteínas e os ácidos nucleicos (RNA e DNA). Por trás da riqueza que vemos nas formas materiais, encontramos a força criativa das imperfeições.

 MARCELO GLEISER Adaptado de Folha de São Paulo, 25/08/2013.

 Star Trek ou “Jornada nas Estrelas”, um clássico da ficção científica, completou 50 anos de existência em 2016. A série mostrava as aventuras da tripulação da nave USS Enterprise no século XXIII, com mundos e raças alienígenas convivendo. Ao fazer analogias com situações da época, abordava questões sociais contemporâneas em um contexto futurista. O elenco era bem diferenciado, apresentando uma mulher negra, um asiático e um russo, que trabalhavam juntos e com papéis de destaque. O monólogo de introdução em cada episódio afirmava: “Estas são as viagens da nave estelar Enterprise. Em sua missão de cinco anos, para explorar novos mundos, para pesquisar novas vidas, novas civilizações, audaciosamente indo aonde nenhum homem jamais esteve”. 
Adaptado de gamehall.uol.com.br

1-O desenvolvimento dos conhecimentos no campo da astronomia amplia a visão cósmica, como lembra o texto do físico Marcelo Gleiser, e as novas possibilidades de intervenção humana repercutem na produção de textos e filmes de ficção científica, a exemplo da série televisiva “Jornada nas Estrelas”. De acordo com a reportagem, os episódios da série fizeram analogias com situações das décadas de 1960 e 1970 ao tematizar os seguintes tópicos: 
(A) avanço científico e controle territorial 
(B) corrida espacial e diversidade étnica 
(C) uniformização cultural e expansionismo militarista
 (D) globalização econômica e dominação imperialista

Eixo interdisciplinar 1: sociedade, tempo e espaço. 
Item do programa 1: a relação sociedade-natureza e suas dinâmicas. Subitem do programa 1: atores sociais, interferências econômicas e disputas políticas na apropriação e uso dos recursos naturais e das fontes de energia. 
Eixo interdisciplinar 2: política, cidadania e cultura.
 Item do programa 2: relações internacionais no mundo contemporâneo.
 Subitem do programa 2: imperialismo, neocolonialismo e guerra fria; movimentos nacionalistas, rivalidades regionais e étnico-culturais, disputas territoriais e organização política na formação de Estados nacionais.
 Objetivo: identificar aspectos do contexto da Guerra Fria, nas décadas de 1960 e 1970, tendo como referência as abordagens sobre o desbravamento do espaço no seriado Jornada nas Estrelas. 

O seriado televisivo Jornada nas Estrelas, em função de seu sucesso internacional, ganhou também o formato de filme de longa metragem, popularizando as aventuras da tripulação da nave estelar USS Enterprise no século XXIII. Por meio da ficção científica, o seriado apresentava a exploração e a conquista dos espaços astronômicos como sendo a última fronteira a ser desbravada pelas sociedades humanas. Representava, assim, o que poderia vir a ser o futuro das promessas e progressos científicos materializados na construção de satélites artificiais e foguetes, em programas dos governos norte-americano e soviético, nas décadas de 1950 e 1960. O seriado remetia-se ao que então ocorria nas relações internacionais no contexto da Guerra Fria, ou seja, à corrida espacial, por meio da qual os EUA e a então URSS mediavam e disputavam a superioridade tecnológica.

Por outro lado, o seriado, como comentado no texto da reportagem e representado na imagem, buscava trazer outras mensagens, em certa medida de natureza crítica, quanto aos usos bélicos da corrida armamentista e à bipolaridade tipificadora da Guerra Fria. A tripulação da nave Enterprise simbolizava a diversidade étnica, tanto nos termos dos variados pertencimentos nacionais de seus membros – russos, norte-americanos, entre outros -, quanto na presença de tripulantes de povos habitantes de outros planetas. 

Tal composição valorizava práticas de cooperação, convivência e amizade entre povos, nações e etnias diferenciadas. 
Percentual de acertos: 73,21% 
Nível de dificuldade: Fácil (acima de 70%)

Fonte:http://www.revista.vestibular.uerj.br/arquivos/pdf/questao/29.pdf

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