Discurso direto
É aquele em que o narrador reproduz as palavras de outra pessoa ou personagem, separando-as das suas, utilizando para isso dois pontos, aspas ou travessão de diálogo, marcas que ajudam a identificar quem está falando.
Ex: Acusado de corrupção, o deputado finalizou seu discurso de defesa brandindo os braços, em tom novelesco:
– “Não cometi crime algum! Deus é testemunha! A justiça prevalecerá!”.
Discurso indireto
O narrador diz, ele próprio, o que a outra pessoa ou personagem disse.
Ex.: Ao finalizar sua defesa o deputado acusado reafirmou não ter cometido crime algum e se disse convicto de que a justiça o absolverá e que Deus o testemunhou, sem perceber que colocara Deus em posição subalterna e acessória.
Discurso indireto livre
O narrador, mais do que dizer, ele próprio, o que outra pessoa ou personagem disse, assume o o lugar da outra pessoa em seus sentimentos, desejos, receios, pensamentos, enquanto coloca sua própria narrativa. Em outras palavras, é uma mistura dos discursos direto e indireto.
Ex.: Após encerrar sua defesa, o deputado sorria largamente, pensando estar livre das acusações contra ele, chegou mesmo a achar que podia comemorar.
Outras formas em que aparecem os discursos
Há várias outras formas de um discurso dito de forma direta ser feito de outra forma considerada indireta. Essas formas são identificáveis pelo uso dos tempos verbais, pronomes, adjetivos, advérbios, sinais de pontuação. Note que os verbos podem ganhar diferentes flexões ao passar de um tipo de discurso para outro.
Veja exemplos:
Discurso direto Discurso indireto
Eu não fumo. Ele disse que não fumava.
Eu perdi o ônibus. Ele disse que perdera o ônibus; disse que havia perdido o ônibus. Caso (tu) viajes. Caso (ele) viajasse.
Fiquem calados (vocês)! Que (eles) ficassem calados.
Vou comer isso esta noite. Ela disse que comeria aquilo naquela noite.
Como você pode notar, a troca do modo ou tempo verbal denota a troca do pronome, que pode ser também a troca de meu, seu, comigo, por lhe, si, consigo, entre outros. No último exemplo, houve troca também de “isso” por “aquilo” e de “esta noite” por “naquela noite”. A acentuação também ajuda a identificar mudanças de discursos. A interrogação de uma pergunta no discurso direto pode virar apenas ponto final no indireto.
Veja agora exemplos de como pode cair na prova:
Unesp 2017
“[Seu Afredo] perguntou-lhe à queima-roupa, na segunda do singular:
– Onde vais assim tão elegante?”
Ao adaptarmos esse trecho para o discurso indireto, o verbo “vais” assume a seguinte forma:
(a) foi.
(b) fora.
(c) vai.
(d) ia.
(e) iria.
Resposta: É preciso transpor para a narrativa indireta para descobrir. Ao responder à pergunta, a personagem teria dito par onde ia . Alternativa D.
PUC-SP 2017
O sol cresce, amadurece. Mas eles estão esperando é a febre, mais o tremor. Primo Ribeiro parece um defunto – sarro de amarelo na cara chupada, olhos sujos, desbrilhados, e as mãos pendulando, compondo o equilíbrio, sempre a escorar dos lados a bambeza do corpo. Mãos moles, sem firmeza, que deixam cair tudo quanto ele queira pegar. Baba, baba, cospe, cospe, vai fincando o queixo no peito; e trouxe cá para fora a caixinha de remédio, a cornicha de pó e mais o cobertor.
O trecho acima integra o conto Sarapalha e faz parte da obra Sagarana de João Guimarães Rosa. Dessa narrativa como um todo, é errado afirmar que
a) apresenta duas narrativas, uma em tempo presente e outra, em tempo passado, a qual assume dimensão mítica na cabeça delirante de Primo Ribeiro.
b) enfoca a solidão, o abandono e a decadência de duas personagens acometidas de maleita e que passam os dias em diálogo sobre suas condições físicas e sentimentais.
c) gera um conflito entre dois primos, quando um deles revela ter gostado muito de Luísa, mulher do outro, que o abandonara por um boiadeiro.
d) usa predominantemente discurso indireto livre, que faz aflorar o pensamento íntimo da personagem e despreza o diálogo objetivo e direto por sua incapacidade de interlocução.
Resposta: A pergunta pede indicar a alternativa errada. O excerto de Guimarães Rosa é totalmente descritivo, objetivo e direto. Nada tem a ver de discurso indireto ou indireto livre. Alternativa D.
Discurso direto Discurso indireto
Eu não fumo. Ele disse que não fumava.
Eu perdi o ônibus. Ele disse que perdera o ônibus; disse que havia perdido o ônibus. Caso (tu) viajes. Caso (ele) viajasse.
Fiquem calados (vocês)! Que (eles) ficassem calados.
Vou comer isso esta noite. Ela disse que comeria aquilo naquela noite.
Como você pode notar, a troca do modo ou tempo verbal denota a troca do pronome, que pode ser também a troca de meu, seu, comigo, por lhe, si, consigo, entre outros. No último exemplo, houve troca também de “isso” por “aquilo” e de “esta noite” por “naquela noite”. A acentuação também ajuda a identificar mudanças de discursos. A interrogação de uma pergunta no discurso direto pode virar apenas ponto final no indireto.
Veja agora exemplos de como pode cair na prova:
Unesp 2017
“[Seu Afredo] perguntou-lhe à queima-roupa, na segunda do singular:
– Onde vais assim tão elegante?”
Ao adaptarmos esse trecho para o discurso indireto, o verbo “vais” assume a seguinte forma:
(a) foi.
(b) fora.
(c) vai.
(d) ia.
(e) iria.
Resposta: É preciso transpor para a narrativa indireta para descobrir. Ao responder à pergunta, a personagem teria dito par onde ia . Alternativa D.
PUC-SP 2017
O sol cresce, amadurece. Mas eles estão esperando é a febre, mais o tremor. Primo Ribeiro parece um defunto – sarro de amarelo na cara chupada, olhos sujos, desbrilhados, e as mãos pendulando, compondo o equilíbrio, sempre a escorar dos lados a bambeza do corpo. Mãos moles, sem firmeza, que deixam cair tudo quanto ele queira pegar. Baba, baba, cospe, cospe, vai fincando o queixo no peito; e trouxe cá para fora a caixinha de remédio, a cornicha de pó e mais o cobertor.
O trecho acima integra o conto Sarapalha e faz parte da obra Sagarana de João Guimarães Rosa. Dessa narrativa como um todo, é errado afirmar que
a) apresenta duas narrativas, uma em tempo presente e outra, em tempo passado, a qual assume dimensão mítica na cabeça delirante de Primo Ribeiro.
b) enfoca a solidão, o abandono e a decadência de duas personagens acometidas de maleita e que passam os dias em diálogo sobre suas condições físicas e sentimentais.
c) gera um conflito entre dois primos, quando um deles revela ter gostado muito de Luísa, mulher do outro, que o abandonara por um boiadeiro.
d) usa predominantemente discurso indireto livre, que faz aflorar o pensamento íntimo da personagem e despreza o diálogo objetivo e direto por sua incapacidade de interlocução.
Resposta: A pergunta pede indicar a alternativa errada. O excerto de Guimarães Rosa é totalmente descritivo, objetivo e direto. Nada tem a ver de discurso indireto ou indireto livre. Alternativa D.
Fonte: Guia do estudante
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