Estive no show do pianista número um do mundo, Lang Lang. Um gênio, um espetáculo belíssimo. As interpretações nos remetem a um espaço extraordinário, a uma outra dimensão...
Algumas semanas depois de ver o estonteante show li uma entrevista dele. Quase tão espetacular quanto o show é a visão que ele tem das coisas, a maneira como ele entende o mundo...e a calma que lhe é inerente.
E destaco a calma como ele fala porque Lang Lang cresceu no modelo chinês de único filho, o único que a lei permite. Foi uma criança que teve a seu lado a pressão de um pai exigente que colocou no seu único filho toda e esperança e expectativa de um futuro que ele não pode ter. Algo “a la” Michael Jackson. “A educação é amarga, mas seus frutos são doces”, diria Aristóteles. Realmente o fruto é doce, e belo.
Quando tinha 9 anos uma professora lhe disse que não tinha talento, que poderia ir para casa. Se não bastasse um mestre, que de mestre tinha muito pouco, encontrou Lang Lang a reação do pai: “Você não deve viver mais – tudo está destruído” e lhe deu um frasco dizendo: “Pegue essas pílulas!” Quando Lang Lang correu para a sacada, ouviu o pai gritar: “Então pule e morra.”
Mas ele não pulou. Com seus 20 e poucos anos Lang Lang se apresentou ao mundo na abertura dos Jogos Olímpicos de Pequim, em 2008. Em 2009, ele foi listado na revista Time entre as 100 pessoas mais influentes do mundo.
Eu concordo com Voltaire: “A educação desenvolve as faculdades, mas não as cria”. E acredito em Lang Lang quando ele afirma com grande certeza que ele teria seguido o mesmo caminho e teria sido o número um do mundo sem a pressão exacerbada do pai. Lindamente, ele disse: “Ao longo dos anos tenho visto tantas culturas diferentes e tantas formas diferentes de educar as crianças. Acredito que não importa como você trata seu filho, você precisa dar-lhe amor.”
Um gênio não se cria, se descobre, se revela. Mais bonita que qualquer sinfonia que o gênio Lang Lang toca é o amor que ele deposita na música, que ele transfere para todos que o escutam. O amor é um doce impulso.
Lang Lang viaja com sua mãe. Ela o acompanha. Foi ela quem ficou trabalhando na pequena cidade onde eles moravam enquanto Lang Lang foi, acompanhado pelo pai, morar em Pequim, aos 9 anos de idade. A saudade da mãe, quem sabe, foi o impulso mais importante de sua vida. E não a pressão do pai.
Porque mãe, é mãe.
Dedico essa coluna a todas mães que dão ao seus filhos o impulso maior para a vida: o amor.
Leia mais: http://lounge.obviousmag.org/shine_on_you_crazy_diamond/2012/07/se-deixas-que-a-vida-passe-sem-querer-nao-passara-o-que-queres-lang-lang.html#ixzz20uzY67Js
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