Diversas apresentações artísticas brasileiras animarão a capital britânica no Rio Occupation London
Um grupo de 30 artistas brasileiros deixará suas marcas em Londres entre julho e agosto, como parte do evento Rio Occupation London, atração cultural da cidade-sede dos Jogos Olímpicos de 2012.
No caso de Breno Pineschi, deixar sua marca significa pendurar 10 mil bananas coloridas feitas de papel pelas ruas londrinas.
Ele e os demais 29 artistas vão se apresentar em algumas dos mais importantes museus e galerias de Londres, como Southbank, Somerset House, Tate Modern e, no caso de Pineschi, no Victoria&Albert, famoso por suas exposições de design. O projeto foi encomendado pela Secretaria de Cultura Estadual do Rio de Janeiro e coproduzido pelo Centro de Artes de Battersea, no sul da capital britânica.Sua instalação, chamada Tropical Cluster nº1, é "meu jeito de trazer (a Londres) um verdadeiro sentimento de cor e felicidade da minha cidade, o Rio, e do meu país", diz Pineschi.
O Rio Occupation London tem como objetivo mostrar o melhor da arte brasileira contemporânea e, além disso, criar um elo cultural entre Londres e Rio, as cidades olímpicas de 2012 e 2016.
Foi inspirado, em parte, por um projeto de 1986, quando cem brasileiros fizeram uma "invasão cultural" na Cidade do México, sede da Copa do Mundo naquele ano.
Arte a domicílio, cozinha e polêmica
Lançamento do projeto ocorreu no Centro de Artes de Battersea, no sul de Londres
Entre os destaques do Rio Occupation está a Brazil Kitchen, uma banda composta por chefs que vão tocar e cozinhar para sua plateia.
Já o artista Pedro Rivera vai por um caminho mais polêmico: mostrará a vendedores ambulantes londrinos como usar 60 mesas dobráveis, especialmente projetadas para ajudar os camelôs a escapar da fiscalização da polícia.
O artista João Sanchez, por sua vez, contribuiu com uma série de pinturas em papel arroz, que retratam lutadores e estão sendo exibidas na entrada no Centro de Artes de Battersea.
E a cineasta e artista Christiane Jatahy, codiretora do Rio Occupation, planeja levar performances brasileiras para a casa de londrinos.
Funciona assim: ela colocou um anúncio em um jornal londrino, pedindo que se manifestassem cidadãos interessados em receber uma apresentação atística brasileira em um cômodo da sua casa.
Em resposta ao anúncio, "recebemos algumas cartas incríveis", explica Paul Heritage, diretor-executivo da ONG britânica que está produzindo o evento. "Uma dizia 'acabei de me mudar para esta rua, não conheço ninguém e isso seria uma ótima oportunidade de convidar meus vizinhos'."
"Um casal que encontrou garrafas de tequila sob as escadas de sua casa disse que o projeto seria uma boa desculpa para abrir a bebida. Outra carta linda é de uma mulher que disse que sua tia, de 92 anos, sofre de demência e 'a calidez e os ritmos dos brasileiros a ajudariam'", prossegue Heritage.
Criar algo novo
Bananas coloridas serão penduradas na capital britânica
Para Jatahy, o Rio Occupation "não é apenas uma plataforma para mostrar o que já fizemos, mas para criar algo novo".
Questionada sobre a tradicional representação, feita por estrangeiros, do Brasil como a terra do samba, da caipirinha e do futebol, ela diz que "essas coisas são parte da cultura brasileira. Não as estamos negando, mas talvez olhando para elas de forma mais crítica. Os artistas (do Rio Occupation) fazem referência a isso, mas com um novo olhar".
No ano passado, levantou-se em Londres o temor de que os Jogos Olímpicos tivesse um impacto negativo na frequência a shows e eventos culturais na cidade. Mas pesquisas mostram que os espectadores da Olimpíada também estão comprando ingressos para atrações culturais.
"Os teatros tinham medo de ficarem vazios, mas não têm mais", diz Sarah O'Connor, do Centro de Artes de Battersea. "E acho que as pessoas estão começando a entender a ideia de (ter) batucadas de samba, cantores brasileiros e mostras de filmes (em Londres). A ideia (do Rio Occupation) é mesclar culturas."
Nesse mesmo espírito de troca, já estão em andamento planos de levar um grupo de artistas britânicos para se apresentar no Rio no ano que vem.
Fonte: BBC
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