E SE A VIDA FOSSE NO FACEBOOK?
Imaginem-se num café. A rotina diária à volta de uma mesa. Os amigos de sempre. Conversas estafadas. Os tiques que já se conhecem. As opiniões habituais. O Manel que cheira a suor. O Joaquim com mau hálito da boca. O Zé sempre a querer fumar. A Maria cheia de convicções. A Rita carregada de opiniões. As anedotas do costume. As piadolas banais. Gargalhadas de circunstância. Os filhos, os netos, os cães e os gatos...
Imaginem-se num café apanhados na armadilha da tertúlia matinal ou do chá das cinco. Imaginem que não podem desligar. Que não podem ficar off-line. Que têm de continuar no chat até que o almoço os chame ou que o jantar faça horas. E a mulher do lado cada vez berra mais alto. O Zé está doido para fumar. O Joaquim insurge-se contra o governo. A televisão grita as últimas da crise. Na mesa ao lado discute-se futebol. A máquina lá atrás jorra cafés com ruído maquiavélico. A loiça escorrega das mãos atarefadas de empregados suados à beira do paroxismo, rebentando no chão de mosaicos como berlindes estilhaçados ... O sossego do Facebook.
As novidades anunciadas no silêncio da partilha. Os comentários que não são obrigatórios. A conversa que se pode interromper. E podemos estar vestidos ou nus, desgrenhados ou de roupão...
Uma vida global num clique solitário.
Fonte: Varal de ideias.
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