© Cimabue, Crucifixo (1268-71).
Tudo o que sabemos sobre Benciviene di Pepo, conhecido como Cimabue (Florença, c. 1240 – Pisa, c. 1302), é por via do historiador da arte italiano Giorgio Vasari (1511-1574) que escreveu sobre ele 200 anos após sua morte. Dante Alighieri (1265-1321) foi contemporâneo de Cimabue e fez diversas referências ao pintor no "Purgatório". Considerou-o o maior artista de seu tempo. Alguns estudiosos indicam que Giotto di Bondone (1266-1337) tenha sido seu aluno. No entanto, o mais interessante é que foi Giotto quem eclipsou a reputação de Cimabue.
© Cimabue, Virgem em trono com criança e Dois Anjos.
Cimabue foi pintor e mosaicista, também trabalhou com têmpera em diversos painéis e produziu afrescos. Seu estilo estava ligado à pintura bizantina. Apesar de pouco conhecido na atualidade, Cimabue foi simplesmente um dos grandes mestres que construiu a passagem da arte bizantina bidimensional para o naturalismo do Renascimento.
© Cimabue, Crucifixo.
Isso se deu através de seu interesse pela perspectiva e pela busca de uma expressividade e dramaticidade nos rostos dos personagens em cada pintura. Sem esquecer o esmero no detalhe das vestes dos personagens de rico panejamento, ao estilo romano.
© Cimabue, Virgem da Santa Trindade.
© Cimabue, Pormenor de fresco com cena de Cristo Pantocrator.
Um de seus primeiros trabalhos é o Cruxifixo que se encontra na Basílica de São Domênico na cidade de Arezzo. Nessa obra é possível perceber o cuidado com a anatomia, através a musculatura em processo de definição, para além da sutileza do desenho das veias, ossos e tendões. Em outras obras, o interesse do artista em uma pintura mais realista fica evidente no uso da perspectiva ilusória, que criava efeitos arquitetônicos tridimensionais em grandes planos. Pequenas modificações e experimentações plásticas, que abriram caminho para que o próprio Giotto hoje fosse reconhecido como mestre do período de transição entre a pintura medieval e renascentista.
© Cimabue, Pormenor de fresco com cena da crucificação de Cristo.
© Cimabue, Fresco de Virgem em trono com uma criança, quatro anjos e São Franscisco.
© Cimabue, São João Evangelista, detalhe em crucifixo de Cimabue.
© Cimabue, Detalhe de vestes de Cristo.
© Piero della Francesca, Retrato de Federico da Moltefeltro e sua mulher Battista Sforza.
Da vida de Piero di Benedetto del Franceschi ou Piero della Francesca (Sansepolcro, Itália, c.1415-1420 - Sansepolcro, Itália, 1492) também se sabe pouco. É possível que tenha estudado em Florença a partir dos 15 anos. Muitos de seus trabalhos se perderam, sobrando algumas obras do seu período mais maduro.
© Piero della Francesca, Políptico da Misericórdia.
Além de pintor, era um reconhecido matemático, o que teve reflexos em suas obras. Chegou a escrever três tratados matemáticos, com estudos sobre poliedros, redescobrindo os sólidos de Arquimedes, com resultados importantes na geometria espacial. Seu tratado mais importante foi Sobre a perspectiva na pintura (1474), onde descrevia a ciência da perspectiva detalhadamente - um livro que iria influenciar toda a arte e arquitetura do Renascimento.
© Piero della Francesca, História de Vera Cruz.
Foi um pintor especializado na temática sacra, apesar de ser um reconhecido humanista renascentista. Suas obras são reconhecidas pela palheta de tons sutis e pelos grandes espaços em branco. Apesar de ter tido alguma influência dos pintores Masaccio e Paolo Uccello, della Francesca não seguiu nenhuma escola, criando um estilo muito próprio. Mas sua grande contribuição para arte é o uso inovador que fez da perspectiva linear, da luz e das sombras para criar os espaços arquitetônicos tridimensionais.
© Piero della Francesca, O Sonho de Constantino.
Em o afresco O sonho de Constantino, o artista cria uma das primeiras cenas noturnas da arte ocidental e se utilizando da técnica chiaroscuro, ou a perspectiva tonal – que se desenvolveria com Leonardo da Vinci. Os artistas medievais tinham pouca noção do potencial da luz para as pinturas, e nessa obra della Francesca trabalha todos os volumes através do chiaroscuro. Além de ajudar a criar volumes e perspectiva, a técnica ajuda a conferir ao trabalho uma atmosfera de magia e mistério.
© Piero della Francesca, O Batismo de Cristo.
Aqui, della Francesca criou uma cena teatralizada, onde a mão do anjo lança o raio de luz que ilumina a cabana no meio da noite. Os vestuários são ricamente detalhados nos famosos tons sutis sempre utilizados pelo pintor. Essa obra é a mais magnifica do artista, que demostra seu controle da perspectiva através da figura do anjo no alto.
© Piero della Francesca, Ressureição de Cristo.
Hoje, Cimabue pode estar quase esquecido e della Francesca é pouco estudado, mas muitas obras de arte dos grandes museus do mundo são herdeiras da pincelada desses e doutros mestres.
© Piero della Francesca, Fragelação de Cristo.
Leia mais: http://obviousmag.org/archives/2012/07/cimabue_e_piero_a_arte_italiana_antes_de_da_vinci.html#ixzz20KoEygnw
4 comentários:
Aline,
Maravilhoso, este artigo sobre Cimabue e Piero della Francesca, e amplamente ilustrado com as obras mais significativas. Passar por aqui é enriquecer o conhecimento, é chegar devagarinho e sair a saber mais. Hei-de voltar sempre! Obrigado!
Abraço grande
José
Sinto-me honrada cada vez que leio um comentário seu, pois também aprendo e apreendo muito com suas palavras.
Volte! Volte sempre minha mente tem sede do seu conhecimento e de sua educação tão rara nos dias atuais.
Obrigada José Ferreira sempre, é muito bom saber que você de fato existe. Imenso abraço, Aline Carla Rodrigues.
Belíssima pesquisa Aline. Não há como não se apaixonar pela arte e pelo seu blog tão gostoso de sentir.
Costumo dizer que a gente não escolhe ser professor para ser feliz, somos professores porque somos felizes. Adoro quando acho exemplos como você que ajudam a minha tese.
Um grande abraço.
Fico muito orgulhosa por ter gostado do meu blog, pois sou fã do seu.
Sigo, e sempre leio seus textos maravilhosos! Obrigada por estar me seguindo, volte sempre e quando puder deixe-me postar uma de suas reflexões tão importante para nós educandos! Imenso abraço! Muito obrigada! Aline Carla Rodrigues.
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