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sexta-feira, 27 de novembro de 2015

"O PESO E A LEVEZA DO VIVER" por Hilane Tawil



O autor Milan Kundera, em A Insustentável Leveza do Ser, discute lindamente sobre o paradigma de querermos viver sem acumular pesos ao longo do nosso caminho. No livro, que é umas das mais reconhecidas obras da literatura mundial, o protagonista Tomas se apresenta como um homem que dorme com várias mulheres sem comprometer-se com nenhuma. O que ele evitava é o que muitos atualmente esquivam-se: o peso de um relacionamento e do compromisso.



Acontece que, quando ele menos espera, Teresa aparece em seu caminho. Ela não ocupa somente a sua cama, mas também seu coração. É então que Tomas decide viver com ela, sem nunca abrir mão, no entanto, de outras mulheres. Ter vínculos implica em sentir o peso da escolha, não só de suas próprias decisões, mas também das opiniões daquela (e) com que se escolhe dividir a vida.



Será mesmo que a felicidade está intimamente ligada à liberdade de voar sem olhar pra trás? Ter pessoas ao redor pode significar, muitas vezes, criar elos que nos impedem de flutuar pelo mundo. Esse planar descompromissado com o bem-estar e desejos alheios é encarado, muitas das vezes, de forma positiva. Mas pense bem: o peso pode ser muito positivo, pois ele só vem quando nos relacionamos intimamente e comprometidamente com o universo e seu entorno.



E com o tempo, a leveza torna-se insustentável pelo peso das responsabilidades que a vida implica. Até mesmo o compromisso de ser livre e não partilhar o dia a dia vem com uma imensa força. Arriscar e crescer com as dores é o que nos coloca em contato com a realidade. É aí que entra aquela mão que acaricia quando se faz necessário e o ombro que acolhe e estimula.



Viver em equilíbrio é aceitar o peso do amor e a leveza do sonhar. O peso que traz a dor, o medo, a tristeza e o sentimento de fraqueza é também o que nos aproxima da responsabilidade de se amar tanto a ponto de conseguir entrelaçar os dedos com outrem. Qualquer coisa a qual dedicamos amor nos traz compromisso, e o que seria da existência sem a visceralidade que só o que nos aproxima da terra pode oferecer?



© obvious

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