II
Acalanto do seringueiro
Seringueiro brasileiro,
Na escureza da floresta
Seringueiro, dorme.
Ponteando o amor eu forcejo
Pra cantar uma cantiga
Que faça você dormir.
(...)
Seringueiro, seringueiro,
Queria enxergar você...
Apalpar você dormindo,
Mansamente, não se assuste,
Afastando esse cabelo
Que escorreu na sua testa.
Algumas coisas eu sei...
Troncudo você não é.
Baixinho, desmerecido,
Pálido, Nossa Senhora!
Parece que nem tem sangue.
Porém cabra resistente
Está ali. Sei que não é
Bonito nem elegante...
(...)
Mas porém é brasileiro,
Brasileiro que nem eu...
Fomos nós dois que botamos
Pra fora Pedro II...
Somos nós dois que devemos
Até os olhos da cara
Pra esses banqueiros de Londres...
Trabalhar nós trabalhamos
Porém pra comprar as pérolas
Do pescocinho da moça
Do deputado Fulano.
Companheiro, dorme!
(...)
Seringueiro, dorme!
Num amor-de-amigo enorme
Brasileiro, dorme!
Brasileiro, dorme.
(ANDRADE, Mário. Clã do Jaboti. In: ________. Poesias completas. São Paulo: Livraria Martins Editora, 1980)
CHICO MENDES
Vamos falar sobre um homem
Um homem que luta e que defende
A preservação das florestas
E os direitos da gente
Analfabeto sem esperança
Trabalhou desde criança
Chico Mendes seringueiro
Hoje conhecido pelo país inteiro
Em sindicalista se transformou
Leu e escreveu sozinho
Abrindo seu próprio caminho
Perdemos uma pérola de vida
Dedicada à defesa do meio ambiente
Assassinado por fazendeiros indecentes.
Celine Bernard
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