Entre as pinturas, uma das preciosidades é o tríptico encomendado em 1320 a Giotto pelo cardeal Stefaneschi
O Vaticano é o menor Estado independente do mundo. Tem menos de meio quilômetro quadrado e apenas 994 habitantes.
Entre eles, está o papa -Bento 16, até o próximo dia 28, quando passa a vigorar sua renúncia, e, depois disso, o novo pontífice a ser escolhido em conclave.
O território é a sede da burocracia católica. Os turistas não têm acesso aos aposentos do papa e dos cardeais, nem aos escritórios da Cúria Romana, espécie de ministério dentro dessa insólita monarquia absolutista em que o papa é o monarca.
Até a segunda metade do século 19, os Estados Papais ocupavam boa parte do centro da Itália. Com a unificação italiana e o Tratado de Latrão (1929), o papa precisou se contentar com um pequeno território incrustado na cidade de Roma.
O Vaticano funciona quase como um luxuoso cartão-postal do catolicismo. A começar pela basílica de São Pedro, construída de 1506 a 1626, sob a sucessiva direção de Bramante, Rafael, Michelângelo, Maderno e Bernini.
A visita à basílica é gratuita, mas há filas para a passagem pelo detector de metais. Os seguranças não deixam entrar pessoas com ombros e pernas descobertos.
Imensa, a nave pode abrigar 60 mil fieis. O maior tesouro artístico é a "Pietà", de Michelangelo, estátua de mármore em que a Virgem aconchega Jesus morto.
Há ainda o baldaquino (espécie de abrigo ao trono papal), do século 17, desenhado por Bernini e uma das preciosidades do barroco italiano. Logo na entrada, está o mosaico da Navicella, obra de Giotto, do século 14.
Atentem para a aglomeração junto a uma das paredes direitas da nave, diante do túmulo de João Paulo 2º.
O papa polonês estava na cripta, onde ficam os túmulos dos pontífices. Subiu porque a cripta ficava congestionada por peregrinos.
Ao lado de uma das colunas, dentro de um caixão de vidro, e menos reverenciado, está o corpo intacto de João 23, papa entre 1958 e 1963. Foi ele quem convocou o Concílio Vaticano 2º, marco da modernização da Igreja.
TENHA PACIÊNCIA
Vejamos os museus do Vaticano. Duas recomendações.
Escolha o trajeto mais longo, não o direto à capela Sistina. É menos congestionado.
E tenha paciência porque é a maior aglomeração humana em Roma a portas fechadas. São 4,5 milhões de visitantes anuais.
As coleções, abertas ao público no século 18, reúnem pintura, estatuária, afrescos e decorações que a Igreja recebeu ou encomendou desde sobretudo o século 15.
Alguns especialistas creem que uma visita exaustiva demore de oito a dez meses.
São, em verdade, 12 museus: do egípcio e do etrusco à pinacoteca. Nela, há um departamento de arte religiosa moderna, com telas ou esculturas belíssimas de Picasso, Léger, Klee, Henry Moore, Braque ou Munch.
Quanto às riquezas mais antigas, aqui vão alguns ambientes preciosos. A começar pela capela Nicolina, concluída em 1448 pelo Beato Angélico, com afrescos que alegorizam cenas de santo Estêvão e são Lourenço.
Há as salas de Rafael, com oito afrescos encomendados pelo papa Júlio 2º no começo do século 16. Uma longa passagem no segundo andar do Palácio Apostólico, com 12 colunas, tem também incríveis afrescos de Rafael.
No final do século 15, foi eleito papa Alexandre 6º, da família Borgia. Ele encomendou um luxuoso apartamento para hospedar familiares, com afrescos de Pinturicchio. O local ficou por três séculos fechado. Foi reaberto, restaurado, no século 19.
O PINTOR DO MILÊNIO
Entre as pinturas, uma das preciosidades é o tríptico encomendado em 1320 a Giotto pelo cardeal Stefaneschi.
Aliás, praticamente todos os pintores do renascimento italiano estão representados com telas de primeira linha.
Há um Da Vinci ("São Jerônimo") e quatro telas de Rafael, como "Fé, Esperança e Caridade". Michelangelo é representado por "Crucificação de São Pedro".
Os Museus do Vaticano também têm uma excelente coleção da Antiguidade. Dois exemplos entre os mosaicos: a "Cabeça de Atleta", vinda das termas de Caracalla, e o piso das termas de Otricoli.
(JOÃO BATISTA NATALI)
FONTE: FOLHA DE SÃO PAULO
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