Se eu fosse descrever o som característico da alma feminina de maneira abrangente, não aquele feito para extravasar uma sensação momentânea ou aquele em que a sociedade com a sua respectiva cultura diz que deve ser, certamente seria o som da banda Amiina que ganharia esse posto. Digo isso pelo fato do sexo feminino ser livre por natureza. Não nasce com a ideia de padrões bem definidos como o masculino. As mulheres naturalmente tendem a transcender e a desobedecer os padrões pré-estabelecidos pela sociedade. E é exatamente isso que as quatro meninas que formam a banda Amiina oferecem ao tocar os seus instrumentos dos mais variados tipos: liberdade para a música fluir.
A banda foi formada na década de 90 mais seu primeiro CD foi lançado em 2004 com o nome de EP AnimaminA . As integrantes são Hildur Ársælsdóttir, Edda Rún Ólafsdóttir, Maria Huld Markan Sigfúsdóttir e Sólrún Sumarliðadóttir todas as quatro naturais da Islandia. As meninas se conheceram na Faculdade de música Reykjavík, todas escolheram dedicar-se a instrumentos de corda para tocar música clássica da melhor maneira, mas ao longo do curso perceberam que poderiam ir mais longe com suas notas, a lugares nunca antes experimentados. Ao ouvirmos Amiina, somos transportados para um mundo profundo, difícil de desvendar, um mundo em que cada música dança de maneira diferente em cada alma. Em alguns desperta sonhos, em outros um mistério palpável com a imaginação, nos românticos desperta esperança, nos práticos demais pode despertar sofrimento profundo e nos mais sensíveis pode despertar alegrias submersas na superficialidade dos dias. A verdade é que essas meninas modelam o som como se modelassem um jarro de argila, e fazem isso por usarem todo o tipo de objeto que possa gerar uma nova sonoridade, sempre da maneira mais delicada possível.
Nos dias de hoje onde a qualidade de uma música com letra e melodia bem compostas perderam lugar para a música superficial, comercial e com supervalorização da imagem do artista, podemos dizer que a música de Amiina é um tipo de música artesanal, onde elas escolhem minuciosamente os instrumentos que vão usar e com todo cuidado transformam sentimentos particulares em som. Dentre os instrumentos utilizados estão o violino, o xilofone, a viola, harpa e sintetizadores, mas utilizam também instrumentos bastante exóticos como serrotes, campainhas, brinquedos infantis, copos com água, caixinhas de música dentre outros. Uma das integrantes Hildur, disse que a sonoridade nasce tão diferente pelo fato delas mal saberem tocar os novos instrumentos que escolhem, alcançando uma sonoridade nova, diferente das pessoas que passaram anos treinando para isso. As meninas além de talentosas na música fazem inúmeras atividades ditas femininas com enorme talento, como costurar por horas ininterruptas, cozinhar doces exóticos, criar histórias e conversar; o que nos passa uma sensação incrível de amizade e afeto.
O som da banda Amiina está além da tendência que a música segue nas gravadoras atuais, onde os valores para se produzir uma música não são mais os da criatividade e da verdade nas mensagens e sim o quanto determinado hit poderá render lucrativamente em publicidade, em mega shows com grandes patrocínios e em curta durabilidade para que logo o público enjoe e possa ser produzido outro som com as mesmas características. Sobre a diferença e qualidade do som de Amiina, não sei se é consequência do local frio de onde vem que as faz ir no mais profundo de si mesmas propiciando o nascimento de músicas bastante emotivas, se é a amizade e cumplicidade que uma tem com a outra que acaba refletindo na música ou se são somente mentes livres criando, permitindo com que o som seja livre também. Para saber a resposta ouçam seus CDs que estão aqui.
E aqui você encontra uma bela galeria de fotos das meninas.
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