Fabio Szwarcwald tem o espírito irrequieto de um legítimo criativo. Com seu sotaque carioca, ele fala entusiasmado sobre sua relação com arte. “Ela traz qualidade de vida e muda o olhar sobre o mundo, já que nos coloca em contato com pessoas que veem a existência de uma forma diferente”, define. Não, ele não é artista; atua no mercado financeiro e se tornou colecionador por pura paixão.
Sua história começou a mudar quando comprou as primeiras obras para decorar a morada, sem muitas pretensões, e gostou da convivência com elas. Na época, adquiriu trabalhos da dupla PaulaGabriela, de Paula Boechat e Gabriela Moraes. Logo depois, conheceu Gabriela, hoje sua mulher, com quem começou a circular no meio de artistas, curadores e colecionadores. Início de duas paixões que se expressam, literalmente,em todos os cantos do apartamento dúplex de 300 m², na zona Sul do Rio de Janeiro.
Das incríveis instalações de luzes do inglês David Batchelor às cerâmicas do pernambucano Manuel Eudócio, discípulo do mestre Vitalino (1909-1963), a coleção de Fabio tem hoje cerca de 300 trabalhos. “Senti que era colecionador quando comecei a comprar obras sem ter mais espaço para colocá-las em minha casa e tive de guardá-las, na época, na casa dos meus avós, pois havia um quarto vazio lá”, conta.
A bela coleção logo encontrou lugar de destaque na atual morada do casal e dos dois filhos, de 5 e 3 anos. Tanto que o imóvel, comprado há cerca de cinco anos, foi totalmente repaginado para abrigar as obras como se fosse uma galeria. “Como eu já conhecia o casal, ficou mais fácil entender o que eles queriam”, conta o arquiteto Felipe Lobão Rudge, sócio de Flavia Martins e Antonio Claudio de Souza Leite no escritório Kaif Arquitetura. Paredes brancas, iluminação maleável, criada por Maneco Quinderé, e piso neutro vão, portanto, na onda do visual de galeria e formam o pano de fundo para a coleção de Fabio.
“Para ter paredes suficientes para as obras, foi preciso aumentar o espaço interno, mas sem perder o externo”, explica o arquiteto. Para isso, a pérgola da cobertura foi substituída pelo teto retrátil, o que permitiu apreciar a vista do morro Dois Irmãos, e ainda ganhar um pé-direito de 6 m no living para abrigar obras de grandes dimensões, como a tela de Luiz Zerbini.
União de ambientes – salas de estar, de jantar e cozinha– e o uso de esquadrias até o teto contribuem para a sensação de amplitude máxima desejada neste projeto. Na ala íntima, no piso superior, os quatro dormitórios viraram três e um escritório que serve pais e filhos. “No geral, o apartamento foi pensado para uma intensidade de uso: mobiliário com flexibilidade, já que o casal adora receber, descontração, como andar descalço, e peças de design”, resume Felipe.
Para Fabio, no entanto, colecionar não é apenas acumular obras. É preciso se identificar com elas, ser tocado de alguma forma e, além de tudo, participar do mundo das artes. Com essa visão, ele encontrou eco na experiência do curador Franklin Espath Pedroso, e a partir daí nasceu o Projeto Simbiose, cuja espinha dorsal é estimular a criação de novas coleções e dar visibilidade a jovens artistas, que já devem ter começado a despontar na carreira e participado de exposições dentro e fora do Brasil.
A cumplicidade do olhar do colecionador e do curador seleciona três artistas a cada edição para a produção um trabalho de cada, de dimensões generosas, com tiragem de dez cópias. Os exemplares devem ser adquiridos em conjunto, e não como peças separadas.
O projeto está na segunda edição. Na primeira, participaram os artistas Pedro Varela, Malu Saddi e Ding Musa.O segundo grupo foi formado pelos artistas Carla Chaim, Carolina Ponte e Walmor Correa e está em produção. “A ideia é produzir uma nova edição a cada três meses e, com isso, dar oportunidade aos novos colecionadores de montarem uma boa coleção”, conta Fabio.
2 comentários:
Aline, bom dia! Amei cada detalhe, que maravilha! Você nos apresenta novidades surpreendentes que deliciam o olhar.
Beijos!
Sonia Salim
Sonia, eu também amei cada detalhe! Beijos amiga.
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