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quarta-feira, 29 de junho de 2011

MATISSE



                                                                                            A tristeza do rei (1952)




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Parece irônico falar de Matisse, apelidado o mestre da cor, mostrando uma fotografia a preto e branco. Durante toda a sua vida o pintor dedicou todos os seus esforços a trabalhar a cor - eu sinto através da cor, terá dito. Descobriu esta sua vocação quando lhe ofereceram uma caixa de cores para se entreter durante a convalescença de uma operação ao apêndice, tinha então 20 anos. Na época de convulsões e temores que atravessou, paradoxalmente pintou a alegria, a beleza e a harmonia. Ao longo de anos captou estes temas no papel através do desenho que depois preenchia com cores lisas e vibrantes.
Em 1941 é-lhe diagnosticada uma doença incurável que o vai incapacitar cada vez mais para a pintura, ele que riscava directamente nos grandes espaços com o pincel! Matisse não se conforma com a sua incapacidade. Descobre então um novo meio de expressão ao seu alcance: o recorte. Nas suas mãos, a tesoura desenha linhas ondulantes em papeis previamente coloridos com guache. O artista prescinde do desenho e desenha diretamente na cor. O resultado é surpreendente... Frequentemente deitado ou numa cadeira de rodas, o velho doente arranjou uma maneira de contrariar o destino e, ainda assim, atingir o ápice da sua carreira - a síntese das sínteses!
Divertimento de um velho paralítico, frivolidades infantis... que interessa? As formas recortadas de Matisse são diferentes de tudo o que até então se vira. Não são as colagens cubistas, o vocabulário abstracto de Kandinsky nem os signos biomórficos de Jean Arp. São um constante regresso à infância, como disse Baudelaire sobre o Gênio. Em 1947 publica uma coletânea destes trabalhos a que chama sintomaticamente "Jazz - improvisos cromáticos e cadenciados". Improvisos semelhantes aos que executaria Charlie Parker no saxofone...
A tristeza do rei (1952) terá sido a sua última realização, o adeus à vida, às coisas do mundo que o rodeia e a tudo o que lhe era querido, reunindo tudo nesta obra derradeira como que para se fazer enterrar com ela, à maneira dos faraós do antigo Egito. O rei, vestido de negro com uma viola na mão, seria o próprio Matisse.
 Matisse Recortes Colagens Guache Papel Tesoura Cor Jazz Pintura
O Tobogã (1943)
 Matisse Recortes Colagens Guache Papel Tesoura Cor Jazz Pintura
O Palhaço (1943)
 Matisse Recortes Colagens Guache Papel Tesoura Cor Jazz Pintura
A Lagoa (1944)
 Matisse Recortes Colagens Guache Papel Tesoura Cor Jazz Pintura
Nu azul (1952)


Escrito por Seven

Fonte: Obviousmag


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