(São Paulo, SP, 1889 - 1964)
Anita Catarina Malfatti nasceu em 1889 na cidade de São Paulo e cresceu com a cidade progredindo a sua volta, vendo São Paulo ‘antigo’ tornar-se uma metrópole. Filha de mãe norte-americana e pai italiano foi à Itália com três anos para uma intervenção cirúrgica no braço e na mão direitos, atrofiados congenitamente e voltou ao Brasil após longa e difícil adaptação em 1894, praticamente sem melhoras. Anita não pode se livrar da atrofia então adestraria mais tarde a mão esquerda.
Formou-se em 1908 pelo Mackenzie, e começou a lecionar, ajudando a mãe, que quando tornou-se viúva, passou a dar aulas de idiomas e pinturas. A fim de estudar pintura, embarcou para a Alemanha, em 1910 ingressava no atelier Fritz Burger e no ano seguinte matriculava-se na Academia Real de Belas Artes, em Berlim.
Na adolescência procurava seu caminho, dirigia seu interesse para a arte, queria saber se “tinha ou não talento”, de inicio pensou na poesia, mas esse se revelou ser “na cor e na pintura”. Anita vinha de uma família de engenheiros e construtores, que desenhavam frequente4mente, por conseguinte acostumou-se cedo ao lápis, ao nanquim, e mesmo ao óleo. A primeira tela de Anita retrata a cabeça de um velho com uma enxada no ombro, em cores terrosas mais ou menos entre 1909 e 1910.
Em 1912 teve a revelação da arte moderna através das originais de Cezane, Gauguin, Van Gogh, Matisse e Picasso, e seria a primeira artista brasileira a perceber e absorver a nova arte, trazendo-a para o Brasil. Na Europa a revolução no campo da arte vinha de longa data e Malfatti viveu nesse meio até 1914, justamente o período de amadurecimento do expressionismo. Quando chegou a Europa Anita viu “pela primeira vez a pintura”, ao visitar os museus ficou ‘tonta’, e não se atrevia a pintar, desenhou seis meses “dia e noite”. passou a se encaminhar intuitivamente para formas mais atualizadas de pintura, assim a mais marcante manifestação de 1912 a atingiu, a grande retrospectiva da arte moderna em Colônia, e no verão de 1912 começou sua procura dentro da arte moderna.
Regressou em 1914 ao Brasil, realizando sua primeira exposição individual em 23 de maio, mostrou uma linguagem nova ainda em formação. No fim desse ano viajou para os Estados Unidos em busca de aprimoração de sua técnica, ingressou em uma academia para continuar os estudos, mas se desapontou como método, até que encontrou um filosofo incompreendido e que deixava os outros pintar à vontade, Anita Malfatti vivia encantada “com a vida e com a pintura”. O ano de 1916/17 teve um marasmo no meio artístico, as ocasiões para expor eram raras, mas quando apareceram, Malfatti delas participou.
Em 1917 participa do Salão Nacional de Belas Artes e de uma exposição organizada por Di Cavalcanti, que a princípio foi bem recebida, mas Anita sentiu-se atingida pelo ataque de Monteiro Lobato, efetuando assim em 1919 um recuo estático, que demonstra sua insegurança. Nesse período de depressão, de3 1918 a 1921 aproximadamente, sua pintura mostra grandes modificações, a partir até da temática, se interessa por natureza morta, o que chega a ser um ‘nacionalismo’ tipo ‘caipira’.
Anita era uma das expositoras da mostra realizada no Teatro Municipal de São Paulo como integrante da Semana da Arte Moderna em fevereiro de 1922 e no mesmo ano, em junho, passou a integrar o grupo dos cinco.
Outra vez seguiu para a Europa em 1923, frequentando cursos livres de artes, academias e ateliês. Sua procura por uma arte moderna sem excessos não agradou aos modernistas brasileiros que aos poucos foram se afastando da pintora, que com ou sem dúvidas, não deixou de trabalhar com a cor. Essa fase de procura – 1926 e 1927- Anita se apresentou sistematicamente a critica, nos salões e em uma individual. No ano de 1929 declarava à imprensa ter resolvido fazer sua exposição mais completa, com obras anteriores e recentes reunidas.
Foi um dos 39 membros fundadores da SPAM e organizou o carnaval na cidade de SPAM em 16 de fevereiro de 1933. Em 1935 e 1937, realizou duas individuais onde o problema da procura de compradores continuava subjacente, a de 35 tinha um catálogo cuidado com a relação de obras expostas, o que foi raro em sua carreira.
A individual de 1945 mostra bem os temas que interessavam a Anita Malfatti nos anos 40: retratos e flores, paisagens e cenas populares. A primeira retrospectiva de Anita ganha lugar no Museu de Arte de São Paulo em 1949 e em 1951 participa do I Salão Paulista de Arte Moderna e da I Bienal da São Paulo.
A mãe de Anita falecera e isso a levou e se desligar do meio artístico, porém em abril de 1955 apresentou, numa individual no Museu de Arte de São Paulo, sua produção recente, desses anos de retiro, e fazia questão de reafirmar que agora “faz pura e simplesmente arte popular brasileira”.
Anita Malfatti faleceu a seis de novembro de 1964, após ter recebido, no ano anterior, uma exposição na Casa do Artista Plástico e uma sala especial na II Bienal de São Paulo.
Fonte: www.pinturabrasileira.com
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