Uma das qualidades mais importantes da Arte Pública atual pode ainda ser lida como um de seus maiores desafios: a busca pelo encontro simbólico, temporal, de convívio e resistência entre a imagem artística, os espaços abertos e o homem que os habita. Os centros urbanos da atualidade praticamente extinguem essa noção de encontro que é permeada por uma idéia de consenso e acordo comum entre seus agentes. Daí o desafio, o valor da boa pergunta, uma das premissas prediletas da arte contemporânea. Daí então as suas variações quanto aos tempos e imaginários explorados por tantos artistas interessados por essa vertente estética.
Mônica Nador explora a prática da arte pública há quase uma década. Partindo da linguagem da pintura, que distingue o início de sua carreira, reconfigura a importância normalmente dada à matriz popular atribuindo-lhe outras formas de percepção. Sempre presentes, as matrizes não lhe cabem apenas como tema, para o que bastariam as superfícies de pintura criadas para paredes brancas dos museus. Descontente com tais limitações, expande os sentidos dessa linguagem propondo a dessacralização de seu espaço museológico ideal. Da tela passa para o entorno e aí elabora o encontro entre imagem e superfície/espaço alinhando-os a partir de uma mesma ordem, a popular.
Instrumentos musicais, ícones folclóricos, objetos do cotidiano afetivo das casas simples brasileiras além de motivos florais ou geométricos ricos e coloridos são transportados para superfícies maiores nas quais passa a trabalhar sua forma de pintura. São fachadas de casas simples, espaços degradados pelo esgarçamento urbano atual, lugares distantes do suposto bom gosto das classes sociais abastadas que passam a interessar a essa artista.
No Brasil, tem seu espaço de trabalho centrado no JAMAC que coordena juntamente com outros dois artistas. O JAMAC – Jardim Miriam Arte Clube – localizado num bairro de periferia da grande São Paulo funciona como espaço de experimentação cultural e artística para a comunidade que o cerca. Partindo de um formato de estúdio coletivo envolve crianças e adultos por meio das práticas artísticas ampliando os meios, resgatando as referências, questionando os valores da imagem atual que, depois de burilados, terminam por construir projetos de intervenção artística.
Trabalhando juntamente com crianças que convivem com o JAMAC em projetos dentro e fora do Brasil, ou então com os moradores das casas escolhidas para sua ação artística, Mônica realiza etapas para uma desburocratização da arte. Quando estipula essa proposta por meio da linguagem da pintura subverte antigas verdades não apenas por se esquivar da suposta pureza do espaço museal preferindo a rua, mas também por cultivar uma pulverização da idéia de autoria.
A partir da expansão da pintura sobre tela para as fachadas externas de bairros de periferia do todo Brasil e do mundo, Mônica vem criando laços de relação afetiva com os moradores desses lugares que visita recriando, com a ajuda dessas pessoas, fachadas e novas paisagens locais numa pintura exposta ao tempo. A autoria passa a ser compartilhada a partir de então. Costuma declarar que é para essa qualidade de arte que dirige seu trabalho, para um senso de beleza que vem acompanhado de singeleza e da valorização da identidade das pessoas que habitam esses lugares. Além da ação no local, que com certeza deixa sua marca visual e simbólica no bairro, o trabalho dessa artista se estende para os espaços oficiais de arte através da exposição de fotografias que contemplam todo o processo anterior e posterior à sua intervenção sobre as fachadas.
Constrói assim o que se conhece como uma intervenção gentil sobre os lugares urbanos nos quais atua. Delimita suas histórias entre um antes e um depois e é nesse ínterim que está depositada parte significativa da força de seu trabalho. Efêmero que é, perdura para além dos acervos habitando o tempo da memória pública.
Mônica Nador explora a prática da arte pública há quase uma década. Partindo da linguagem da pintura, que distingue o início de sua carreira, reconfigura a importância normalmente dada à matriz popular atribuindo-lhe outras formas de percepção. Sempre presentes, as matrizes não lhe cabem apenas como tema, para o que bastariam as superfícies de pintura criadas para paredes brancas dos museus. Descontente com tais limitações, expande os sentidos dessa linguagem propondo a dessacralização de seu espaço museológico ideal. Da tela passa para o entorno e aí elabora o encontro entre imagem e superfície/espaço alinhando-os a partir de uma mesma ordem, a popular.
Instrumentos musicais, ícones folclóricos, objetos do cotidiano afetivo das casas simples brasileiras além de motivos florais ou geométricos ricos e coloridos são transportados para superfícies maiores nas quais passa a trabalhar sua forma de pintura. São fachadas de casas simples, espaços degradados pelo esgarçamento urbano atual, lugares distantes do suposto bom gosto das classes sociais abastadas que passam a interessar a essa artista.
No Brasil, tem seu espaço de trabalho centrado no JAMAC que coordena juntamente com outros dois artistas. O JAMAC – Jardim Miriam Arte Clube – localizado num bairro de periferia da grande São Paulo funciona como espaço de experimentação cultural e artística para a comunidade que o cerca. Partindo de um formato de estúdio coletivo envolve crianças e adultos por meio das práticas artísticas ampliando os meios, resgatando as referências, questionando os valores da imagem atual que, depois de burilados, terminam por construir projetos de intervenção artística.
Trabalhando juntamente com crianças que convivem com o JAMAC em projetos dentro e fora do Brasil, ou então com os moradores das casas escolhidas para sua ação artística, Mônica realiza etapas para uma desburocratização da arte. Quando estipula essa proposta por meio da linguagem da pintura subverte antigas verdades não apenas por se esquivar da suposta pureza do espaço museal preferindo a rua, mas também por cultivar uma pulverização da idéia de autoria.
A partir da expansão da pintura sobre tela para as fachadas externas de bairros de periferia do todo Brasil e do mundo, Mônica vem criando laços de relação afetiva com os moradores desses lugares que visita recriando, com a ajuda dessas pessoas, fachadas e novas paisagens locais numa pintura exposta ao tempo. A autoria passa a ser compartilhada a partir de então. Costuma declarar que é para essa qualidade de arte que dirige seu trabalho, para um senso de beleza que vem acompanhado de singeleza e da valorização da identidade das pessoas que habitam esses lugares. Além da ação no local, que com certeza deixa sua marca visual e simbólica no bairro, o trabalho dessa artista se estende para os espaços oficiais de arte através da exposição de fotografias que contemplam todo o processo anterior e posterior à sua intervenção sobre as fachadas.
Constrói assim o que se conhece como uma intervenção gentil sobre os lugares urbanos nos quais atua. Delimita suas histórias entre um antes e um depois e é nesse ínterim que está depositada parte significativa da força de seu trabalho. Efêmero que é, perdura para além dos acervos habitando o tempo da memória pública.
Sylvia Furegatti
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