Certas competências são obrigatórias para profissionais de qualquer área. O domínio do
português é uma delas.
Ainda assim, infrações à norma culta da língua são uma constante no mundo corporativo - e em qualquer nível hierárquico.
A alta frequência de erros reflete problemas na
educação de base do brasileiro, segundo Rosângela Cremaschi, professora de comunicação escrita na Faap e consultora na RC7.
"No nosso país, geralmente não é preciso estudar muito para passar de ano", explica. "Por isso, a maioria não se aprofunda no próprio idioma e ingressa no
mercado de trabalho com muitas dúvidas sobre o assunto".
Além de deficiências na formação básica, a falta de familiaridade com a escrita também contribui para o problema.
Segundo a professora, quem lê pouco - e escreve de forma mecânica - está mais suscetível a "atropelar" alguns preceitos básicos da língua.
Veja a seguir os 50 erros de português mais comuns no mundo do trabalho de acordo com Rosângela. As informações foram retiradas da obra "Livro de anotações com 101 dicas de português" (Editora Hunter Books, 2014), de autoria da professora:
1- Anexo / Anexa
Errado: Seguem anexo os documentos solicitados.
Certo: Seguem anexos os documentos solicitados.
Por quê? Anexo é adjetivo e deve concordar em gênero e número com o substantivo a que se refere.
Obs: Muitos gramáticos condenam a locução “em anexo”; portanto, dê preferência à forma sem a preposição.
2- “Em vez de” / “ao invés de”
Errado: Ao invés de elaborarmos um relatório, discutimos o assunto em reunião.
Certo: Em vez de elaborarmos um relatório, discutimos o assunto em reunião.
Por quê? Em vez de é usado como substituição. Ao invés de é usado como oposição. Ex: Subimos, ao invés de descer.
3- “Esquecer” / “Esquecer-se de”
Errado: Eu esqueci da reunião.
Certo: Há duas formas: Eu me esqueci da reunião. ou Eu esqueci a reunião.
Por quê? O verbo esquecer só é usado com a preposição de (de – da – do) quando vier acompanhado de um pronome oblíquo (me, te, se, nos, vos).
4-“Faz” / “Fazem”
Errado: Fazem dois meses que trabalho nesta empresa.
Certo: Faz dois meses que trabalho nesta empresa.
Por quê? No sentido de tempo decorrido, o verbo “fazer” é impessoal, ou seja, só é usado no singular. Em outros sentidos, concorda com o sujeito. Ex: Eles fizeram um bom trabalho.
5- “Ao encontro de" / “De encontro a”
Errado: Os diretores estão satisfeitos, porque a atitude do gestor veio de encontro ao que desejavam.
Certo: Os diretores estão satisfeitos, porque a atitude do gestor veio ao encontro do que desejavam.
Por quê? “Ao encontro de” dá ideia de harmonia e “De encontro a” dá ideia de oposição. No exemplo acima, os diretores só podem ficar satisfeitos se a atitude vier ao encontro do que desejam.
6- A par / ao par
Errado: Ele já está ao par do ocorrido.
Certo: Ele já está a par do ocorrido.
Por quê? No sentido de estar ciente, o correto é “a par”. Use “ao par” somente para equivalência cambial. Ex: “Há muito tempo, o dólar e o real estiveram quase ao par.”
7- “Quite” / “quites”
Errado: O contribuinte está quites com a Receita Federal.
Certo: O contribuinte está quite com a Receita Federal.
Por quê? “Quite” deve concordar com o substantivo a que se refere.
8- “Media” / “Medeia”
Errado: Ele sempre media os debates.
Certo: Ele sempre medeia os debates.
Por quê? Há quatro verbos irregulares com final –iar: mediar, ansiar, incendiar e odiar. Todos se conjugam como “odiar”: medeio, anseio, incendeio e odeio.
9- “Através” / “por meio”
Errado: Os senadores sugerem que, através de lei complementar, os convênios sejam firmados com os estados.
Certo: Os senadores sugerem que, por meio de lei complementar, os convênios sejam firmados com os estados.
Por quê? Por meio significa “por intermédio”. Através de, por outro lado, expressa a ideia de atravessar. Ex: Olhava através da janela.
10- “Ao meu ver” / “A meu ver”
Errado: Ao meu ver, o evento foi um sucesso.
Certo: A meu ver, o evento foi um sucesso.
Por quê? “Ao meu ver” não existe.
11- “A princípio” / “Em princípio”
Errado: Achamos, em princípio, que ele estava falando a verdade.
Certo: Achamos, a princípio, que ele estava falando a verdade.
Por quê? A princípio equivale a “no início”. Em princípio significa “em tese”. Ex: Em princípio, todo homem é igual perante a lei.
12- “Senão” / “Se não”
Errado: Nada fazia se não reclamar.
Certo: Nada fazia senão reclamar.
Por quê? Senão significa “a não ser”, “caso contrário”. Se não é usado nas orações subordinadas condicionais. Ex: Se não chover, poderemos sair.
13- “Onde” / “Aonde”
Errado: Aonde coloquei minhas chaves?
Certo: Onde coloquei minhas chaves?
Por quê? Onde se refere a um lugar em que alguém ou alguma coisa está. Indica permanência. Aonde se refere ao lugar para onde alguém ou alguma coisa vai. Indica movimento. Ex: Ainda não sabemos aonde iremos.
14- “Visar” / “Visar a”
Errado: Ele visava o cargo de gerente.
Certo: Ele visava ao cargo de gerente.
Por quê? O verbo visar, no sentido de almejar, pede a preposição a.
Obs: Quando anteceder um verbo, dispensa-se a preposição “a”. Ex: Elas visavam viajar para o exterior.
15- "A" / "há"
Errado: Atuo no setor de controladoria a 15 anos.
Certo: Atuo no setor de controladoria há 15 anos.
Por quê? Para indicar tempo passado, usa-se o verbo haver. O “a”, como expressão de tempo, é usado para indicar futuro ou distância. Exs: Falarei com o diretor daqui a cinco dias. Ele mora a duas horas do escritório.
16- “Aceita-se” / “Aceitam-se”
Errado: Aceita-se encomendas para festas.
Certo: Aceitam-se encomendas para festas.
Por quê? A presença da partícula apassivadora “se” exige que o verbo transitivo direto concorde com o sujeito.
17- “Precisa-se” / “Precisam-se”
Errado: Precisam-se de estagiários.
Certo: Precisa-se de estagiários.
Por quê? Nesse caso, a partícula “se” tem a função de tornar o sujeito indeterminado. Quando isso ocorre, o verbo permanece no singular.