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segunda-feira, 12 de outubro de 2015

Desejamos um mundo melhor, mais incluso, com mais respeito. Só não temos a consciência de que para isso precisamos começar com pequenas mudanças, promovendo a inclusão em pequenas atitudes.


“Nascer mulher e negra é já nascer militando. Essa frase, que escutei em um programa de TV, não me levou a nenhuma epifania ou deslumbramento, muito menos me deixou chocada. A frase é uma síntese do que nós mulheres (todas!), mas principalmente as negras, vivemos. Um luta diária contra os padrões de beleza estabelecidos pela sociedade, nosso lugar nela, nossos hábitos que perpetuam esses valores e a grande pressão recebida por estarmos nos posicionando. Fazemos barulho, manifestações, publicamos várias coisas sobre nossas lutas nas redes sociais, debatemos com amigos e conhecidos, provocando o pensamento das pessoas a fim de causar mudanças, fazer com que elas percebam que pequenas ações e comentários trazem consigo uma carga cultural enorme cheia de posições errôneas sobre determinados aspectos.

Já parou pra pensar que seu vocabulário está cheio dessas reproduções racista e misóginas e você nem se dá conta disso? Muitos dos palavrões se referem as mulheres e ofendem nossa sexualidade, tornando-a suja, vergonhosa. Palavras como “denegrir” e expressões como “a coisa está preta” reforçam a visão do ser negro como um coisa negativa.

“Besteira”, “ditadora da boa moral”, “exagerada”, muitos vão dizer. “Não se pode falar nada que é preconceito”, “Não se pode mais ter opinião”, outros dirão. Todos esses comentários são compreensíveis. Estamos quebramos uma estrutura de poder na qual estamos inseridos e a repulsão por algo diferente é esperada. Normal. O que não é normal e não deve ser aceito é tornar válido o escudo da opinião como forma de excluir e ofender os demais.

São essas pequenas coisas que impedem as grandes mudanças. Ficamos presos no mesmo discurso, almejando que algo melhore sem mudar o que estamos fazendo. Einstein disse, “insanidade é continuar a fazendo o que sempre a mesma coisa e esperar resultados diferentes”. Então porque insistimos em reclamar e pedir por mudanças se não estamos dispostos a mudar algo para obtê-las?

Parece besteira, parece infantil e incompreensível o fato de que pequenas coisas têm o poder de fazer toda a diferença. Um emoticon com várias tonalidades de cor da pele, uma série com a personagem principal negra, com um corpo normal, com estrias, cabelo crespo; uma propaganda de lingerie que optam por modelos com vários tipos de corpo; deixar o cabelo natural e conviver bem com ele; olhar uma pessoa na rua, achá-la atraente, mas se abster de comentários, entre tantas outras pequenas escolhas geram uma grande mudança nas nossas concepções e vivencias.

Crie esse hábito. Quando começamos a reproduzir várias e várias vezes nossos novos posicionamentos estaremos nos livramos das velhas atitudes e criando hábitos positivos para nós e para nossa sociedade. WILLIAM J. MCGUIR, referência quando se trata de psicologia social, nos diz que para que ocorra mudança precisamos receber o mesmo estímulo diversas vezes, percebê-lo e colocá-lo em prática. Simplificando, só quando vemos e de fato damos certa atenção para algo, introjetamos isso em nossa mente e colocamos em prática, geramos mudança.

Todos queremos um mundo melhor, mas estamos realmente empenhados em faze-lo melhor? A mudança tem de começar de baixo. Estamos dispostos a isso?"



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