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sábado, 24 de outubro de 2015

BEIJO E ABRAÇO, DE KLIMT



Nasceu, no dia 14 de Julho de 1862, na capital austríaca, o segundo dos sete filhos de Ernst, membro de uma família de agricultores da região da Boémia, e de Anna Klimt, natural de Viena.

Áustria, principalmente Viena, viu surgir para o mundo, na viragem do século XIX para o XX, uma série de personalidades que ficaram na História pelo seu talento e pelas suas capacidades que influenciaram as tendências. Sigmund Freud, na psicanálise, Ludwig Wittgenstein, na filosofia, Karl Kraus e Hugo von Hofmannthal, na escrita, Gustav Mahler e Arnold Schönberg, na música clássica e Gustav Klimt, nas artes plásticas, por exemplo, renovaram a importância cultural de uma cidade e deram-lhe uma modernidade que de tão específica, se poderia dizer ser "vienense".



Klimt, desde a sua formação, demonstrou os seus traços polémicos, alguns vistos como inusitados, como quando pintou três painéis, pornográficos para alguns, para o tecto do auditório da Universidade de Viena, provocando o espanto e o choque nos membros da comunidade académica. Nesses painéis, estariam representadas a "Filosofia", da "Medicina" e da "Jurisprudência". A partir daqui, Klimt destacou-se no seio da "Arte Nova" austríaca, deixando o realismo de lado.

A partir daqui, Gustav Klimt separar-se-ia do sector artístico e social mais conservador. Quando acabou de expôr o seu último painel, terminara o vínculo com as vontades oficiais do seu patrono, a Universidade de Viena. Em ruptura com a "Sociedade dos Artistas Vienenses", relacionada com a Universidade, conservadora, estivera na fundação do novo movimento de vanguarda, "A Secessão de Viena", em 1900, que recusava a visão académica. Não duraria lá muito e, mais tarde, ainda debaixo de críticas, agora difundidas pela imprensa local, viria a fundir o "Grupo Klimt" com alguns colegas.

Apesar da crítica, o seu talento era inegável e continuava a ser visto como um prodígio vienense. Prosseguiu na sua carreira com mais conhecimento e sabedoria sobre a realidade que o envolvia. As suas obras mais famosas enquadram-se numa das suas diversas fases, a "fase dourada". Facilmente se perceberá porquê.

"Das Lebenbaum"




"A Árvore da vida, projecto de obra para "O friso Stoclet", cerca de 1905-09. Isto é, a Árvore do Conhecimento, de que fala o Apocalipse, este símbolo da Idade de Ouro que, todavia, coloca em questão o passáro negro, símbolo da morte. Segundo Klimt e Freud, é daí que reside o desenrolar normal do ciclo da vida". Esta é a legenda que acompanha a obra. Os fundamentos bíblicos a definem como "a Árvore do Conhecimento", "do bem e do mal", do qual "o Senhor Deus fez brotar da terra", juntamente com todas as outras árvores agradáveis à vista, boa para comida, "no meio do jardim" (Génesis, cap.2:9). Deus não terá permitido que Adão e Eva, no Paraíso, comessem dessa árvore, apesar de terem podido comer de tudo o resto. Como não respeitaram o disposto divino, por Eva desejar ter mais conhecimento da vida, foram expulsos.

No Livro do Apocalipse (cap. 2:7), refere-se que a vida eterna virá de novo, ao comer-se o fruto da "Árvore da Vida". A ideia de Klimt a pintou.

"Der Kuss"



Este "poeta" da Arte Nova e do Simbolismo, pintaria outro dos quadros mais conhecidos e famosos, actualmente. Concluída entre 1907 e 1908, "o Beijo" oferece mais do que uma interpretação. Poderá representar a felicidade, bem como a união erótica, assim como a identidade dos dois sexos, numa só construção, feita pelos dois. Ainda assim, a forma "em auréola" que é feita pelas costas masculinas e que envolve o casal parece simbolizar a masculinidade protectora do amor de ambos. A mulher, ajoelhada, encontra-se numa posição passiva. No entanto, apenas a face da mulher é mostrada, o que a enfatiza face ao homem.

O arbusto constitui um vestígio do realismo. E Klimt gostava de flores, bem como do enlace humano. Mas notam-se características do Simbolismo, através das fitas douradas nos pés da mulher que serviriam para representar o cabelo das "femmes fatales", com o qual seduziriam as suas vítimas.



Fez, no passado dia 14 de Julho, 150 anos do nascimento de Klimt e aproveito para dedicar este artigo, este tema e a obra deste pintor a uma pessoa com quem estebeleço uma relação de forte vinculação, que me é muito importante e que gosta de alguns dos quadros deste artista: a minha namorada, Inês Pereira.





© obvious

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