© Denis Peterson.
Quando a fotografia surgiu mexeu muito com o mundo das artes plásticas. Os mais pessimistas achavam que ela iria acabar com as artes visuais, mas a verdade é que ela contribuiu mesmo com alguns pintores.
Pintores como Denis Peterson são a mostra de como artes visuais e fotografia podem conviver harmoniosamente. Ele foi um dos pioneiros no uso das técnicas do hiper-realismo que surgiu entre as décadas de 1960 e 1970 nos EUA.
Utilizar-se de fotografias como meio para apreender todos os detalhes de uma imagem e reproduzi-la com tinta acrílica sobre tela: é assim que alguns críticos resumem o trabalho dos pintores hiper-realistas ou fotorrealistas.
Porém, este estilo artístico vai mais além: assim como a pop art, o que o hiper-realismo propõe é a apropriação dos símbolos da cultura de massa e do cotidiano pela arte. Contudo, ambas as correntes artísticas voltam-se para aspectos diferentes dentro da proposta: a pop art se apropria de objetos estandardizados e ícones do mundo da mídia, enquanto o hiper-realismo busca conferir a algo massificado o valor de obra particular. Retira o objeto de seu circuito habitual - no caso das pinturas de Denis Peterson, isso se dá com a imagem original - e o recupera como objeto de arte. Como bem definiu o também Hiper-realista Richard Thorpe McLean, o que esses artistas fazem é “re-autenticar o evento fotografado como um puro evento pictórico.”
O efeito visual das obras de Peterson leva-nos a duvidar que elas tenham sido feitas com pincéis e tintas, mas esse estranhamento dura pouco frente às reflexões que seus temas propõem. Sua temática usual envolve questões relacionadas com as minorias sociais que a nossa sociedade cria ou sustenta: moradores de rua e a pobreza na África são alguns exemplos disso.
É engraçado perceber como a técnica utilizada para compor suas pinturas pode ser análoga à reflexão que elas suscitam. Depois de fotografar o tema, Denis aumenta as imagens inúmeras vezes, para conseguir captar todos os detalhes. A meditação que sugere faz o mesmo caminho: é como se ao observarmos suas obras a nossa realidade social fosse vista sob uma lente de aumento.
Nos seus retratos de crianças africanas é impossível não se compadecer da dor e sofrimento que refletem os seus olhos. Ou o que dizer dos retratos de senhoras, com as marcas do descaso da sociedade expostas na pele?
O mesmo pode ser dito dos seus retratos dos moradores de rua - pessoas que foram tão banalizadas pela nossa busca infundada da “pureza” que hoje o que lhes resta dentro da sociedade são duas alternativas: ou eles passam a ser invisíveis aos nossos olhos, ou se tornam uma “sujeira” da qual queremos nos livrar.
Veja mais imagens no site de Denis Peterson.
Fonte: Obviousmag
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