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terça-feira, 2 de janeiro de 2018

O elogio do sublime



Existe uma beleza imaterial que é combustível, catalisador e produto da arte, que reside tanto na inspiração do artista quanto na percepção de sua obra


Por Guilherme Werneck




Em 1871, Arthur Rimbaud escreve ao também poeta Paul Denemy uma carta em que discorria sobre o futuro da poesia. “O poeta se faz vidente por um longo, imenso e pensado desregramento de todos os sentidos. Todas as formas de amor, de sofrimento, de loucura; ele busca a si mesmo, ele exaure em si mesmo todos os venenos, para então guardar apenas as quintessências. Inefável tortura na qual necessita de toda a fé, toda a força sobre-humana, onde ele se torna entre todos o grande doente, o grande criminoso, o grande maldito, – e o supremo Sábio! – pois ele chega ao desconhecido!”



Para além da linguagem exuberante de Rimbaud, sua carta é uma síntese muito interessante de um pensamento sobre a beleza que perpassa diferentes manifestações artísticas ao longo da história. A de que a beleza não está apenas no que é visível, no conhecido. Existe uma beleza imaterial e ela é combustível, catalisador e produto da arte. Às vezes se encontra na inspiração do artista, como uma musa difusa, em outras, se deixa capturar nas obras ou, para além do registro, se torna palpável apenas àqueles que se abrem para experimentar uma obra de arte.


Talvez essa percepção seja mais facilmente atingida no contato com obras que deixem mais espaço para imaginação como a música e a literatura, mas esse estado imaterial da beleza pode rondar o cinema, as artes visuais, o teatro. Onde há arte, há também sua aura, belezas.


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