"O presente trabalho tem a finalidade de construção de sentido bem como a identificação do ser através da perspectiva Bakhtiniana. Embasados em análises das tirinhas da Mafalda, apontaremos conceitos estudados na disciplina Análise do Discurso e buscaremos dentro das tirinhas do cartoon aspectos relevantes.
A princípio buscamos características dos personagens que irão aparecer no decorrer das análises e que fazem parte do repertório de Mafalda.
Fonte: quino.com.ar
Felipe é aquele com o que Quino mais se identifica. Ao cria-lo Quino se baseia em uma grande amigo de sua infância. Felipe possui características fortes como a de um menino sonhador e muito apaixonado por Brigitte Bardot que é uma musa dos anos 60. Ele adora ler histórias em quadrinhos do Cavaleiro Solitário e ainda acredita em tudo o que lê em jornais. Felipe tem grandes ideias, porém elas acabam sempre frustradas pelos seus amigos, o que faz com que ele invariavelmente fique amargurado.
Os pais de Mafalda;
Felipe é aquele com o que Quino mais se identifica. Ao cria-lo Quino se baseia em uma grande amigo de sua infância. Felipe possui características fortes como a de um menino sonhador e muito apaixonado por Brigitte Bardot que é uma musa dos anos 60. Ele adora ler histórias em quadrinhos do Cavaleiro Solitário e ainda acredita em tudo o que lê em jornais. Felipe tem grandes ideias, porém elas acabam sempre frustradas pelos seus amigos, o que faz com que ele invariavelmente fique amargurado.
Os pais de Mafalda;
Fonte:quino.com.ar
Os pais de Mafalda são típicos de classe média. O pai trabalha em uma empresa de seguros e é bem modesto. Adora jardinagem é muito dedicado à família é um dos alvos preferenciais de Mafalda. A mãe da menina é dona de casa e vive atarefada com os afazeres cotidianos, de certa forma é desprezada pela menina, devido a sua opção burguesa e sua submissão, papel social este que a menina abomina. Com os pais ela enfrenta seus maiores conflitos, muitas vezes a disputa pela TV, sonho consumista que o pai opõe, mas o qual muitas vezes o pai se dobra para fazer as vontades da filha e de seus amigos.
Susanita;
Os pais de Mafalda são típicos de classe média. O pai trabalha em uma empresa de seguros e é bem modesto. Adora jardinagem é muito dedicado à família é um dos alvos preferenciais de Mafalda. A mãe da menina é dona de casa e vive atarefada com os afazeres cotidianos, de certa forma é desprezada pela menina, devido a sua opção burguesa e sua submissão, papel social este que a menina abomina. Com os pais ela enfrenta seus maiores conflitos, muitas vezes a disputa pela TV, sonho consumista que o pai opõe, mas o qual muitas vezes o pai se dobra para fazer as vontades da filha e de seus amigos.
Susanita;
Fonte: quino.com.ar
Susanita, representa a mulher burguesa que almeja a tranquilidade de uma família bem constituída, filhos para criar, um marido para cuidar e amigas com quem passa horas. Sempre fora da realidade, busca não se envolver com os problemas do mundo e prende- se às aparências. Enquanto Mafalda personifica a mulher liberada que busca se colocar
em pé de igualdade em relação ao sexo oposto, Susanita é a visão tradicional do papel da mulher na sociedade, o que ocasiona o frequente atrito entre as duas meninas.
E a personagem Mafalda;
Susanita, representa a mulher burguesa que almeja a tranquilidade de uma família bem constituída, filhos para criar, um marido para cuidar e amigas com quem passa horas. Sempre fora da realidade, busca não se envolver com os problemas do mundo e prende- se às aparências. Enquanto Mafalda personifica a mulher liberada que busca se colocar
em pé de igualdade em relação ao sexo oposto, Susanita é a visão tradicional do papel da mulher na sociedade, o que ocasiona o frequente atrito entre as duas meninas.
E a personagem Mafalda;
Fonte: quino.com.ar
Mafalda mais uma das criações de Quino. É uma menina que odeia sopa. É uma criança de seis anos, que fala aquilo que pensa e por isso coloca os adultos em situação embaraçosa, uma menina de opinião, com uma visão bastante crítica da realidade, sonhadora e contestadora, esta é a pequena grande notável Mafalda. De modo geral é apenas uma menina de classe média que vive na Argentina, nos anos 1960, com os pais normais, vai à escola, possui alguns amigos com quem realiza as brincadeiras normais de toda criança e viaja com a família para a praia no período de férias. No entanto, ela não se limita apenas nesta simples descrição, acima de tudo, representa uma das personagens mais críticas que já apareceram nas histórias em quadrinhos latino-americanas, personificando a insatisfação frente a uma realidade social e econômica que não busca apenas respostas, mas desperta perguntas e inquietações. de acordo com Lavado (2000). Ninguém nega que as histórias em quadrinhos (quando atingem certo nível de qualidade) assumam a função de questionadoras de costumes e Mafalda reflete as tendências de uma juventude inquieta, que assumem aqui a forma paradoxal de dissidência infantil, de esquema psicológico de reação aos veículos de comunicação de massa, de urticária moral provocada pela lógica dos blocos, de asma intelectual causada pelo cogumelo atômico. Já que nossos filhos vão se tornar – por escolha nossa – outras tantas Mafaldas, será prudente tratarmos Mafalda com o respeito que merece um personagem real.
Após revermos características de alguns dos personagens que compõe esse famoso cartoon, vamos a alguns conceitos do discurso defendidos por Bakhtin, que serão analisados nas tirinhas. Sendo estes:
Relações de dialogismo;
A noção de recepção/compreensão ativa proposta por Bakhtin ilustra o movimento dialógico da enunciação, a qual constitui o território comum do locutor e do interlocutor. Nesta noção podemos resumir o esforço dos interlocutores em colocar a linguagem em relação frente a um e a outro. O locutor enuncia em função da existência (real ou virtual) de um interlocutor, requerendo deste último uma atitude responsiva, com antecipação do que o outro vai dizer, isto é, experimentando ou projetando o lugar de seu ouvinte. De outro lado, quando recebemos uma enunciação significativa, esta nos propõe uma réplica: concordância, apreciação, ação, etc. E, mais precisamente, compreendemos a enunciação somente porque a colocamos no movimento dialógico dos enunciados, em confronto tanto com os nossos próprios dizeres quanto com os dizeres alheios.
Exotopia;
Excedente de visão humana, diz respeito ao fato de que só um outro pode nos dar acabamento, assim como só nós podemos dar acabamento a um outro, desdobramento de olhares a partir de um lugar exterior.
Polifonia;
Tem como principal propriedade a diversidade de vozes controversas no interior de um texto.
ANÁLISES DAS TIRINHAS
A palavra está sempre carregada de um conteúdo ou de um sentido ideológico ou vivencial. É assim que compreendemos as palavras e somente reagimos àquelas que despertam em nós ressonâncias ideológicas ou concernentes à vida. (BAKHTIN, 1929, p. 95)
Relações de Dialogismo
Temos na tirinha acima um dialogo entre as personagens Mafalda e sua melhor amiga, Susanita. Nesse diálogo são apresentados posicionamentos ideológicos distintos entre as personagens que interagem através da comunicação verbal, face a face. Nos primeiros quadrinhos, Susanita conta à Mafalda seus planos para o futuro: casar, ter filhos, comprar uma casa grande, carro bonito, joias e ter muitos netinhos, concluindo de que a vida dela assim será muito linda. Mafalda, que até então apenas ouvia o que era dito pela amiga, expressa sua opinião contestadora ao discurso proferido por Susanita, dizendo que é lindo, porém tem um defeito, que o que a amiga almeja para o futuro não é exatamente futuro, mas um fluxograma, um esquema de um processo natural, que corresponde a um processo de reprodução de um modelo de vida ajustado a uma formação discursiva que reflete a ideologia da classe dominante.
Desse modo os discursos das personagens mostram um conflito de ideologias, no qual a construção da identidade feminina se dá de diferentes maneiras, ou seja, os sujeitos como construtores sociais, interagem entre si e expõe diferentes visões de mundo. Mafalda caracteriza-se como uma nova representação feminina e dá vida a uma formação discursiva em que a mulher objetiva discutir os problemas sócio-politicos e culturais, buscando então revolucionar o papel da mulher na sociedade em que vive, diferentemente de Susanita que almeja seguir um esquema arquitetado para ser o mesmo de algo já recorrente, estando em conformidade aos apelos de uma ideologia de base masculina e capitalista, modelo de submissão feminina imposto pela sociedade que delimita regras da conduta comportamental.
A formação discursiva por trás da identidade das personagens de Quino se dá no meio das relações socioculturais, no entanto, são formações distintas, visto que Susanita mesmo sendo criança, reproduz determinadas normas de conduta provenientes da classe dominante, com traços de futilidade e pensamento machista de submissão feminina, criticados por Mafalda que coloca os conflitos da sociedade em questionamento.
Exotopia
A tira é iniciada com Mafalda olhando para o sol brava pensando:
O sol que me ilumina é o mesmo sol que iluminou Shakespeare, Pasteur, San Martins e Bach
Estas quatro pessoas as quais ela se refere são grandes nomes de nossa história.
Shakespeare foi um poeta e dramaturgo inglês, tido como o maior escritor do idioma inglês e o mais influente dramaturgo do mundo.Pasteur foi um cientista francês. Suas descobertas tiveram enorme importância na história da química e da medicina.San Martin foi um general argentino e o primeiro líder da parte sul da América do Sul que obteve sucesso no seu esforço para a independência da Espanha, tendo participado ativamente dos processos de independência da Argentina, do Chile e do Peru.Bach foi um compositor, cantor, maestro, professor, organista, cravista, violista e violinista da Alemanha.
Estas pessoas, por terem feito coisas grandiosas e serem vistas de forma positiva em geral, recebem a indignação de Mafalda porque ela está se identificando como uma pessoa inferior através do outro.
Para Mikhail Bakhtin o grande desafio do momento é romper com o modelo antigo de fazer ciência, dogmático e positivista, e ao mesmo tempo não cair num relativismo extremo. Bakhtin, para isso, trabalha também o conceito de exotopia, que significa desdobramento de olhares a partir de um lugar exterior. Esse lugar exterior permite, segundo Bakhtin, que se veja do sujeito algo que o próprio sujeito nunca pode ver. Essa atitude comporta um olhar comprometido e ético.Tal movimento, que Bakhtin caracterizou como exotopia, diz respeito ao processo envolvido nas relações humanas, na criação estética ou na pesquisa científica na área de ciências humanas segundo o qual procuro me colocar no lugar do outro, compreender como a partir de sua visão que é única ele se coloca em relação ao mundo, para, depois, retornar a minha posição, acrescida da experiência do outro, mas acrescentando ao outro o que ele não vê, pois é como o vejo ao fim do percurso que lhe dá uma visão que ele de si não tem. Se sou eu que finalizo, dou uma visão acabada ao outro, inversamente, é o outro que pode dar-me o acabamento, situar-me de meu lugar no mundo também, num processo de trocas recíprocas e mutuamente esclarecedoras. E é ele que me dá o que somente sua posição permite ver e entender.Para Bakhtin, exotopia e alteridade são movimentos de aproximação e distanciamento que precisam ser igualmente realizados.
Polifonia
Na presente tirinha, estão os personagens Mafalda e Felipe. De acordo, com a explicação anterior pode-se afirmar que Felipe é 1 ano mais velho que Mafalda e o oposto dela. Nesse sentido, tenha-se presente na tirinha uma ironia tanto por parte da Mafalda como do Felipe. Convém ressaltar, a presença de polifonia na seguinte fala de Felipe: “ Que absurdo”. Cumpre assinalar perante essa fala, ele antecede uma avaliação que nega o enunciador que aceita a possibilidade de existência de bacias voadoras. Contudo, essa negação se dá diante de uma crença popular quanto ao formato imaginado para um objeto voador (um disco)_Nessa esteira ,nota-se a colocação de uma voz que apresenta a opinião de um adulto em uma conversa entre crianças, demonstrando, talvez, que o menino (Felipe) já não está na mesma fase que Mafalda. Como se pode observar, é possível que ele aparenta desconhecer a realidade de uma criança, ao simular uma brincadeira com um objeto mais relacionado ao seu mundo real (visando a transformar esse objeto em um veículo de vôo).
É válido ratificar, o segundo quadrinho da tirinha o “POR QUE” de Felipe, observa-se uma relação causa/conseqüência em um par pergunta/resposta.
Portanto, a resposta de Mafalda no último quadrinho da tirinha o “PORQUE” representa o modo típico da personagem revelar sua forma de criar os fatos, sendo assim, ela revela um lado prático, porém lúdico.
Ao concluir podemos salientar pela perspectiva de Bakhtin que análise do discurso é permeável de diferentes maneiras. Ao analisarmos as tirinhas da Mafalda, concluímos que a sociedade interfere na relação com o outro e transita na eclosão de vozes que dialogam no discurso. A intertextualidade é referência e aumenta a possibilidade de inserção do indivíduo como ser e na construção de seus sentidos."
Referências Bibliográficas
BAKHTIN, Mikhail. Marxismo e filosofia da linguagem: problemas fundamentais do método sociológico na ciência da linguagem. São Paulo: Hucitec, 1986.
BAKHTIN, Mikhail. Os Gêneros Discursivos. 3. ed. Estética da Criação Verbal. São Paulo, Martins Fontes, 2000.BRAIT, B. (org.) Bakhtin, Dialogismo e Construção de Sentido. Campinas/ SP. Editora da Unicamp, 1997.
Clube da Mafalda. Disponível em: <http://clubedamafalda.blogspot.com/>
Mafalda mais uma das criações de Quino. É uma menina que odeia sopa. É uma criança de seis anos, que fala aquilo que pensa e por isso coloca os adultos em situação embaraçosa, uma menina de opinião, com uma visão bastante crítica da realidade, sonhadora e contestadora, esta é a pequena grande notável Mafalda. De modo geral é apenas uma menina de classe média que vive na Argentina, nos anos 1960, com os pais normais, vai à escola, possui alguns amigos com quem realiza as brincadeiras normais de toda criança e viaja com a família para a praia no período de férias. No entanto, ela não se limita apenas nesta simples descrição, acima de tudo, representa uma das personagens mais críticas que já apareceram nas histórias em quadrinhos latino-americanas, personificando a insatisfação frente a uma realidade social e econômica que não busca apenas respostas, mas desperta perguntas e inquietações. de acordo com Lavado (2000). Ninguém nega que as histórias em quadrinhos (quando atingem certo nível de qualidade) assumam a função de questionadoras de costumes e Mafalda reflete as tendências de uma juventude inquieta, que assumem aqui a forma paradoxal de dissidência infantil, de esquema psicológico de reação aos veículos de comunicação de massa, de urticária moral provocada pela lógica dos blocos, de asma intelectual causada pelo cogumelo atômico. Já que nossos filhos vão se tornar – por escolha nossa – outras tantas Mafaldas, será prudente tratarmos Mafalda com o respeito que merece um personagem real.
Após revermos características de alguns dos personagens que compõe esse famoso cartoon, vamos a alguns conceitos do discurso defendidos por Bakhtin, que serão analisados nas tirinhas. Sendo estes:
Relações de dialogismo;
A noção de recepção/compreensão ativa proposta por Bakhtin ilustra o movimento dialógico da enunciação, a qual constitui o território comum do locutor e do interlocutor. Nesta noção podemos resumir o esforço dos interlocutores em colocar a linguagem em relação frente a um e a outro. O locutor enuncia em função da existência (real ou virtual) de um interlocutor, requerendo deste último uma atitude responsiva, com antecipação do que o outro vai dizer, isto é, experimentando ou projetando o lugar de seu ouvinte. De outro lado, quando recebemos uma enunciação significativa, esta nos propõe uma réplica: concordância, apreciação, ação, etc. E, mais precisamente, compreendemos a enunciação somente porque a colocamos no movimento dialógico dos enunciados, em confronto tanto com os nossos próprios dizeres quanto com os dizeres alheios.
Exotopia;
Excedente de visão humana, diz respeito ao fato de que só um outro pode nos dar acabamento, assim como só nós podemos dar acabamento a um outro, desdobramento de olhares a partir de um lugar exterior.
Polifonia;
Tem como principal propriedade a diversidade de vozes controversas no interior de um texto.
ANÁLISES DAS TIRINHAS
A palavra está sempre carregada de um conteúdo ou de um sentido ideológico ou vivencial. É assim que compreendemos as palavras e somente reagimos àquelas que despertam em nós ressonâncias ideológicas ou concernentes à vida. (BAKHTIN, 1929, p. 95)
Relações de Dialogismo
Temos na tirinha acima um dialogo entre as personagens Mafalda e sua melhor amiga, Susanita. Nesse diálogo são apresentados posicionamentos ideológicos distintos entre as personagens que interagem através da comunicação verbal, face a face. Nos primeiros quadrinhos, Susanita conta à Mafalda seus planos para o futuro: casar, ter filhos, comprar uma casa grande, carro bonito, joias e ter muitos netinhos, concluindo de que a vida dela assim será muito linda. Mafalda, que até então apenas ouvia o que era dito pela amiga, expressa sua opinião contestadora ao discurso proferido por Susanita, dizendo que é lindo, porém tem um defeito, que o que a amiga almeja para o futuro não é exatamente futuro, mas um fluxograma, um esquema de um processo natural, que corresponde a um processo de reprodução de um modelo de vida ajustado a uma formação discursiva que reflete a ideologia da classe dominante.
Desse modo os discursos das personagens mostram um conflito de ideologias, no qual a construção da identidade feminina se dá de diferentes maneiras, ou seja, os sujeitos como construtores sociais, interagem entre si e expõe diferentes visões de mundo. Mafalda caracteriza-se como uma nova representação feminina e dá vida a uma formação discursiva em que a mulher objetiva discutir os problemas sócio-politicos e culturais, buscando então revolucionar o papel da mulher na sociedade em que vive, diferentemente de Susanita que almeja seguir um esquema arquitetado para ser o mesmo de algo já recorrente, estando em conformidade aos apelos de uma ideologia de base masculina e capitalista, modelo de submissão feminina imposto pela sociedade que delimita regras da conduta comportamental.
A formação discursiva por trás da identidade das personagens de Quino se dá no meio das relações socioculturais, no entanto, são formações distintas, visto que Susanita mesmo sendo criança, reproduz determinadas normas de conduta provenientes da classe dominante, com traços de futilidade e pensamento machista de submissão feminina, criticados por Mafalda que coloca os conflitos da sociedade em questionamento.
Exotopia
A tira é iniciada com Mafalda olhando para o sol brava pensando:
O sol que me ilumina é o mesmo sol que iluminou Shakespeare, Pasteur, San Martins e Bach
Estas quatro pessoas as quais ela se refere são grandes nomes de nossa história.
Shakespeare foi um poeta e dramaturgo inglês, tido como o maior escritor do idioma inglês e o mais influente dramaturgo do mundo.Pasteur foi um cientista francês. Suas descobertas tiveram enorme importância na história da química e da medicina.San Martin foi um general argentino e o primeiro líder da parte sul da América do Sul que obteve sucesso no seu esforço para a independência da Espanha, tendo participado ativamente dos processos de independência da Argentina, do Chile e do Peru.Bach foi um compositor, cantor, maestro, professor, organista, cravista, violista e violinista da Alemanha.
Estas pessoas, por terem feito coisas grandiosas e serem vistas de forma positiva em geral, recebem a indignação de Mafalda porque ela está se identificando como uma pessoa inferior através do outro.
Para Mikhail Bakhtin o grande desafio do momento é romper com o modelo antigo de fazer ciência, dogmático e positivista, e ao mesmo tempo não cair num relativismo extremo. Bakhtin, para isso, trabalha também o conceito de exotopia, que significa desdobramento de olhares a partir de um lugar exterior. Esse lugar exterior permite, segundo Bakhtin, que se veja do sujeito algo que o próprio sujeito nunca pode ver. Essa atitude comporta um olhar comprometido e ético.Tal movimento, que Bakhtin caracterizou como exotopia, diz respeito ao processo envolvido nas relações humanas, na criação estética ou na pesquisa científica na área de ciências humanas segundo o qual procuro me colocar no lugar do outro, compreender como a partir de sua visão que é única ele se coloca em relação ao mundo, para, depois, retornar a minha posição, acrescida da experiência do outro, mas acrescentando ao outro o que ele não vê, pois é como o vejo ao fim do percurso que lhe dá uma visão que ele de si não tem. Se sou eu que finalizo, dou uma visão acabada ao outro, inversamente, é o outro que pode dar-me o acabamento, situar-me de meu lugar no mundo também, num processo de trocas recíprocas e mutuamente esclarecedoras. E é ele que me dá o que somente sua posição permite ver e entender.Para Bakhtin, exotopia e alteridade são movimentos de aproximação e distanciamento que precisam ser igualmente realizados.
Polifonia
Na presente tirinha, estão os personagens Mafalda e Felipe. De acordo, com a explicação anterior pode-se afirmar que Felipe é 1 ano mais velho que Mafalda e o oposto dela. Nesse sentido, tenha-se presente na tirinha uma ironia tanto por parte da Mafalda como do Felipe. Convém ressaltar, a presença de polifonia na seguinte fala de Felipe: “ Que absurdo”. Cumpre assinalar perante essa fala, ele antecede uma avaliação que nega o enunciador que aceita a possibilidade de existência de bacias voadoras. Contudo, essa negação se dá diante de uma crença popular quanto ao formato imaginado para um objeto voador (um disco)_Nessa esteira ,nota-se a colocação de uma voz que apresenta a opinião de um adulto em uma conversa entre crianças, demonstrando, talvez, que o menino (Felipe) já não está na mesma fase que Mafalda. Como se pode observar, é possível que ele aparenta desconhecer a realidade de uma criança, ao simular uma brincadeira com um objeto mais relacionado ao seu mundo real (visando a transformar esse objeto em um veículo de vôo).
É válido ratificar, o segundo quadrinho da tirinha o “POR QUE” de Felipe, observa-se uma relação causa/conseqüência em um par pergunta/resposta.
Portanto, a resposta de Mafalda no último quadrinho da tirinha o “PORQUE” representa o modo típico da personagem revelar sua forma de criar os fatos, sendo assim, ela revela um lado prático, porém lúdico.
Ao concluir podemos salientar pela perspectiva de Bakhtin que análise do discurso é permeável de diferentes maneiras. Ao analisarmos as tirinhas da Mafalda, concluímos que a sociedade interfere na relação com o outro e transita na eclosão de vozes que dialogam no discurso. A intertextualidade é referência e aumenta a possibilidade de inserção do indivíduo como ser e na construção de seus sentidos."
Referências Bibliográficas
BAKHTIN, Mikhail. Marxismo e filosofia da linguagem: problemas fundamentais do método sociológico na ciência da linguagem. São Paulo: Hucitec, 1986.
BAKHTIN, Mikhail. Os Gêneros Discursivos. 3. ed. Estética da Criação Verbal. São Paulo, Martins Fontes, 2000.BRAIT, B. (org.) Bakhtin, Dialogismo e Construção de Sentido. Campinas/ SP. Editora da Unicamp, 1997.
Clube da Mafalda. Disponível em: <http://clubedamafalda.blogspot.com/>
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