Muitas vezes, na linguagem falada, conseguimos expressar uma ideia através de uma simples pausa ou até mesmo pela entonação. Já na escrita, para conseguirmos expressar algo, fazemos uso dos sinais gráficos. Observem os exemplos a seguir:
I) O cidadão que é irresponsável prejudica o futuro da nação.
II) O cidadão, que é irresponsável, prejudica o futuro da nação.
Notem que, no segundo exemplo, a oração adjetiva - que é irresponsável - está entre vírgulas. Esse recurso de pontuação faz com que haja uma diferença semântica entre as duas sentenças. No primeiro caso, há uma restrição, ou seja, somente aquele cidadão irresponsável prejudica o futuro da nação e, no segundo, ocorre uma generalização, isto é, o cidadão como um todo é irresponsável e prejudica o futuro da nação.
Vejam, abaixo, outros exemplos. Reparem como uma simples vírgula é capaz de mudar completamente o sentido das frases.
Não, abra a porta! (ordem para abrir a porta)
Não abra a porta! (ordem para não abrir a porta)
Esse professor é malandro. (O adjetivo malandro se refere a “esse professor”)
Esse, professor, é malandro. (O vocábulo “professor”, entre vírgulas, transforma-se em um vocativo. O adjetivo “malandro”, nesse caso, refere-se a uma terceira pessoa)
O vídeo a seguir demonstra de uma maneira inteligente e dinâmica como uma vírgula pode alterar o sentido de uma mensagem. Ele fez parte de uma campanha publicitária da ABI – Associação Brasileira de Imprensa. A anunciante foi a agência África São Paulo Publicidade Ltda:
EXERCÍCIO DE FIXAÇÃO
(FUVEST) Considere os períodos I, II e III, pontuados por duas maneiras diferentes.
I - Ouvi dizer de certa cantora que era um elefante que engolira um rouxinol.
Ouvi dizer de certa cantora, que era um elefante, que engolira um rouxinol.
II - A versão apresentada à imprensa é evidentemente falsa.
A versão apresentada à imprensa é, evidentemente, falsa.
III - Os freios do Buick guincham nas rodas e os pneumáticos deslizam rente à calçada.
Os freios do Buick guincham nas rodas, e os pneumáticos deslizam rente à calçada.
Com pontuação diferente ocorre alteração de sentido somente em:
a) I.
b) II.
c) III.
d) I e II.
e) II e III.Comentários:
Como podemos perceber, a única sentença na qual a vírgula não interfere na relação de sentido é a III. Nesse caso, a vírgula antes da conjunção “e” é facultativa por separar orações coordenadas com sujeitos diferentes. Nos exemplos descritos, o sujeito da primeira oração (“Os freios de Buick”) não é o mesmo da segunda (”os pneumáticos”). Dessa forma, a vírgula é opcional e a semântica permanece inalterável. Se o sujeito das orações fosse o mesmo, a vírgula seria dispensada. Já nas outras duas sentenças, há uma evidente alteração semântica.
Portanto, o gabarito é a alternativa “D”.
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