Oswald de Andrade
Senhor
Que eu não fique nunca
Como esse velho inglês
Aí do lado
Que dorme numa cadeira
À espera de visitas que não vêm
(Primeiro caderno do aluno de poesia)
Em 11 de janeiro de 1890 nasce em São Paulo José Oswald de Sousa Andrade, filho único de José Oswald Nogueira de Andrade e Inês Henriqueta Inglês de Sousa Andrade.
Inicia seus estudos, em 1900, na Escola Modelo Caetano de Campos, ainda marcado pelo fato de haver presenciado a mudança do século.
Em 1901, vai para o Ginásio Nossa Senhora do Carmo. Tem como colega Pedro Rodrigues de Almeida, o “João de Barros” do”Perfeito Cozinheiro das Almas desse mundo...”.
Em 1903, transfere-se para o Colégio São Bento. Lá tem como colega o futuro poeta modernista Guilherme de Almeida.
Em 1905, com o São Paulo em ebulição — surge o bonde elétrico, o rádio, a propaganda, o cinema — participa da roda literária de Indalécio Aguiar da qual faz parte o poeta Ricardo Gonçalves.
Em 1908, conclui os estudos no Colégio São Bento com o diploma de Bacharel em Humanidades.
De família abastada, Oswald, em 1909 inicia sua vida no jornalismo como redator e crítico teatral do “Diário Popular”, assinando a coluna "Teatro e Salões". Ingressa na Faculdade de Direito.
Em 1910, monta um atelier com o pintor Oswaldo Pinheiro, no Vale do Anhangabaú. Conhece o Rio de Janeiro, e fica hospedado na residência de seu tio, o escritor Inglês de Souza. Passa o primeiro Natal longe da família em Santos, numa hospedaria de carroceiros das docas.
No ano seguinte, com a ajuda financeira de sua mãe, funda “O Pirralho”, cujo primeiro número é lançado em 12 de agosto, tendo como colaboradores Amadeu Amaral, Voltolino, Alexandre Marcondes, Cornélio Pires e outros. Conhece o poeta Emílio de Meneses, de quem se torna amigo. Lança a campanha civilista em torno de Ruy Barbosa. Passa uma temporada em Baependi, Minas, nas terras da família de seu avô.
Em 1912, viaja à Europa. Visita vários países: Itália, Alemanha, Bélgica, Inglaterra, França, Espanha. Conhece durante a viagem a jovem dançarina Carmen Lydia, (Helena Carmen Hosbale) que Oswald batiza em Milão. Morre em São Paulo sua mãe, no dia 6 de setembro. Retorna ao Brasil, trazendo a estudante francesa Kamiá (Henriette Denise Boufflers). Reassume sua atividade de redator de “O Pirralho”, onde publica crônicas em português macarrônico com o pseudônimo de Annibale Scipione.
No ano seguinte, participa das reuniões da Vila Kirial e conhece o artista plástico Lasar Segall. Escreve “A recusa”, drama em três atos.
Nasce o seu filho, José Oswald Antônio de Andrade (Nonê), com Kamiá, em 1914. Torna-se Bacharel em Ciências e Letras pelo Colégio São. Bento, onde foi aluno do abade Sentroul. Cursa Filosofia no Mosteiro de São Bento.
Em 1915, participa do almoço em homenagem a Olavo Bilac, promovido pelos estudantes da Faculdade de Direito. Torna-se membro da Sociedade Brasileira dos Homens de Letras, fundada em São Paulo por Bilac. Chega ao Brasil a dançarina Carmen Lydia, com quem mantém um barulhento namoro. Faz viagens constantes de trem ao Rio a negócio ou para acompanhar Carmen Lydia.
No ano seguinte, publica em “A Cigarra” o primeiro capítulo — e, depois, lança, com Guilherme de Almeida, as peças teatrais “Theatre Brésilien — Mon Coeur Balance” e “Leur Âme”, pela Typographie Asbahr. Faz a leitura das peças em vários salões literários de São Paulo, na Sociedade Brasileira de Homens de Letras, no Rio de Janeiro e na redação “A Cigarra”. Publica trechos de “Memórias Sentimentais de João Miramar” na “A Cigarra” e na “A Vida Moderna”. Sofre de artritismo. A atriz Suzanne Després recita no Municipal trechos de “Leur Âme”. Passa a colaborar regularmente em “A Vida Moderna”, que publica em 24 de maio, cenas de “Leur Âme”. Volta a estudar Direito, cujo curso havia interrompido em 1912. Recebe o convite de Valente de Andrade para fazer parte do “Jornal do Comércio”, edição de São Paulo e em 1º de novembro começa seu trabalho como redator. Redator social de “O Jornal”. Passa temporada com a família em Lambari (MG). Veraneia em São Vicente (SP). Vai regularmente a Santos, em companhia de Carmen Lydia. Continua a viajar intermitentemente ao Rio. Naquela cidade freqüenta a roda literária de Emílio de Meneses, João do Rio, Alberto de Oliveira, Eloi Pontes, Olegário Mariano, Luis Edmundo, Olavo Bilac, Oscar Lopes e outros. Passa temporada em Aparecida do Norte. Está escrevendo o drama “O Filho do Sonho”.
Em 1917, conhece Mário de Andrade. Defende a pintora Anita Malfatti das críticas violentas feitas por Monteiro Lobato ("A exposição de Anita Malfatti", no “Jornal do Comércio”, São Paulo, 11/01/1918). Participa do primeiro grupo modernista com Mário de Andrade, Guilherme de Almeida, Ribeiro Couto e Di Cavalcanti. De 1917 a 1922 escreve regularmente no “Jornal do Comércio”.
Trabalha em “A Gazeta”, em 1918. Começa a compor “O perfeito cozinheiro das almas desse mundo...”, diário coletivo escrito em colaboração com Maria de Lourdes Castro Dolzani de Andrade (Miss Cyclone), Guilherme de Almeida, Monteiro Lobato, Leo Vaz, Pedro Rodrigues de Almeida, Inácio Pereira da Costa, Edmundo Amaral e outros. Fecha a revista “O Pirralho”.
Em 1919 é o orador do “Centro Acadêmico XI de Agosto” da Faculdade de Direito. Pronuncia a palestra "Árvore da Liberdade". Bacharel em Direito, é escolhido orador da turma. Morre seu pai, em fevereiro. Casa-se, “in extremis”, com Maria de Lourdes Castro Dolzani de Andrade (Miss Cyclone). Publica no jornal dos estudantes da Faculdade de Direito, “XI de Agosto”, três capítulos de “Memórias Sentimentais de João Miramar”.
No ano seguinte edita “Papel e Tinta”, assinando com Menotti del Picchia o editorial e escrevendo regularmente para o periódico. Descobre o escultor Brecheret. Escreve em “A Raposa” artigo elogiando Brecheret com texto ilustrado com fotos de trabalhos do artista.
1921 – Em julho, publica artigo sobre o poeta Alphonsus de Guimarães, ressaltando a forma de expressão, no seu entender, precursora da linguagem modernista. (“Jornal do Comércio” (SP), 07/1921). Faz a saudação a Menotti del Picchia no banquete oferecido para políticos e poetas no Trianon. Revela Mário de Andrade poeta, em polêmico artigo "O meu poeta futurista". Principia a colaboração do “Correio Paulistano” até 1924. Participa da caravana de jovens escritores paulistas ao Rio de Janeiro, a fim de fazer propaganda do Modernismo. Torna-se o líder dessa campanha preparatória para a Semana de Arte Moderna. Toma aula de boxe com o antigo pugilista suíço Delaunay.
Em 1922, participa da Semana de Arte Moderna no Teatro Municipal de São Paulo. Faz conferência, em 18 de setembro, comemorativa ao centenário da Bandeira Nacional. É um dos participantes do grupo da revista “Klaxon”, onde colabora. Integra o grupo dos cinco com Mário de Andrade, Anita Malfatti, Tarsila do Amaral e Menotti del Picchia. É escolhido como orador do banquete oferecido em homenagem ao escritor português Antonio Ferro, por ocasião de sua visita ao Brasil, no Automóvel Clube do Brasil (São Paulo). Publica “Os Condenados”, com capa de Anita Malfatti, primeiro romance de “A trilogia do exílio”. Viaja a negócios ao Rio. Em dezembro embarca para a Europa. Começa sua amizade com Tarsila.
No ano seguinte, ganha na justiça a custódia do seu filho Nonê. Faz viagem a Portugal e Espanha, com passagem pelo Senegal, acompanhado de Tarsila. Matricula seu filho no Licée Jaccard em Lausanne, Suiça. Reside em Paris até agosto, no atelier de Tarsila. No dia 23 abril, participa do almoço oferecido pelo embaixador na França a intelectuais franceses. Em 11 de maio pronuncia a Conferência “L'effort intellectuel du Brésil contemporain”, na Universidade de Sorbonne. No dia 28 de maio, conhece o poeta Blaise Cendrars. Em agosto, goza as férias de verão com Tarsila na Itália, em Veneza. Assiste entusiasmado o bailado negro de Blaise Cendrars, com música de Darius Milhaud e cenários de Fernand Léger, apresentado pelo Ballets Suédois, no Teatro dos Champs-Elyseés. Visita a exposição de Arte Negra, no Museu de Artes Decorativas. Reescreve “João Miramar”. Em julho, faz conferência em Lisboa. Em Paris, de volta ao Brasil, é homenageado com um banquete pela Sociedade Amis des Lettres Françaises, sendo saudado pela presidente do grupo Mme.Rachilde. Retorna ao Brasil no final do ano.
Em 1924, no dia 18 de março publica no “Correio da Manhã” o “Manifesto da Poesia Pau Brasil”. Toma parte na excursão ao carnaval do Rio de Janeiro e à Minas com outros intelectuais brasileiros e do poeta Blaise Cendrars, chamada de “Caravana Modernista”. Em Minas Gerais, recebidos por Aníbal Machado, Pedro Nava e Carlos Drummond de Andrade, excursionam pelas cidades históricas. No “Correio Paulistano”, publica o artigo “Blaise Cendrars — Um mestre da sensibilidade contemporânea". Participa do V Ciclo de Conferência da Vila Kyrial falando sobre "os ambientes intelectuais da França". Publica “Memórias Sentimentais de João Miramar”, com capa de Tarsila. Faz uma leitura do “Serafim Ponte Grande”, em casa de Paulo Prado para uma platéia de amigos modernistas. Viaja à Europa. Em 20 de novembro faz viagem à Espanha (Medina e Salamanca), de passagem para Suíça. Monta com Tarsila um novo apartamento em Paris, conservando este endereço até 1929. Passa o Natal com Tarsila na casa de campo do poeta Blaise Cendrars em Tremblay-sur-Mauldre.
Visita seu filho na Suíça, em março de 1925. Em fevereiro e março faz curso de inglês na Berlitz School, em Paris. Assiste ao festival Satie, em Paris. Em maio, viaja ao Brasil. Participa do jantar na Vila Fortunata (casa de René Thiollier) em homenagem a D.Olivia Guedes Penteado. Volta à Europa, passando em Lisboa. Em julho vai a Deauville para alguns dias de férias. Publica em Paris pela editora Au Sans Pareil o livro de poemas “Pau Brasil”. Em agosto retorna ao Brasil. Candidata-se à Academia Brasileira de Letras. Oficializa o noivado com Tarsila do Amaral. Faz nova viagem à Europa. Com Tarsila, passa novamente o final do ano em Le Tremblay-sur- Mauldre, residência de campo de Cendrars.
Em janeiro e fevereiro do ano seguinte viaja ao Oriente, em companhia de Tarsila, de seu filho, de Dulce (filha de Tarsila), do escritor Cláudio de Souza, do governador de São Paulo Altino Arantes. Visita cidades da Grécia, Turquia, Israel e Egito. Em 05 de maio é recebido com outros brasileiros em audiência pelo papa, a fim de tentarem a anulação do casamento de Tarsila. Permanece em Paris, com Tarsila, ajudando-a nos preparativos para a exposição na Galérie Percier. Chega ao Brasil em 16 de agosto. Casa-se com Tarsila do Amaral, em 30 de outubro, em cerimônia paraninfada pelo Presidente Washington Luis. Publica na “Revista do Brasil” o prefácio de “Serafim Ponte Grande”,primeira versão, "Objeto e fim da presente obra". Divulga em “Terra Roxa e Outras Terras” a "Carta Oceânica", prefácio ao livro “Pathé Baby” de Antônio de Alcântara Machado e um trecho do “Serafim Ponte Grande”. Viaja a Cataguazes (MG), mantém contato com o Grupo da Verde.
Publica, em 1927, “A Estrela de Absinto”, segundo romance de “A trilogia do exílio”, pela Editora Helios com capa de Brecheret. Publica “Primeiro Caderno de Poesia do Aluno Oswald de Andrade”, ilustrado pelo autor, com capa de Tarsila. Começa no “Jornal do Comércio” a coluna "Feira das Quintas". Participa do jantar literário em homenagem a Paulo Prado, em abril na Vila Fortunata. Permanece uma temporada, de junho até agosto, em Paris para a exposição de Tarsila, voltando ao Brasil faz escala na Bahia. Abre escritório comercial na Praça do Patriarca. 20. Disputa o prêmio romance, patrocinado pela Academia Brasileira de Letras, com “A Estrela de Absinto”, que obteve menção honrosa. Publica trechos de “Serafim Ponte Grande” na revista “Verde”.
Em 1928, lê o “Manifesto Antropófago” para amigos na casa de Mário de Andrade. Publica o “Manifesto Antropófago” na “Revista de Antropofagia”, que ajuda a fundar, com os amigos Raul Bopp e Antônio de Alcântara Machado. Viaja à Bahia. Viaja à Europa, regressando no mesmo ano, com passagem por Lisboa. Fica em Paris nos meses de junho e julho para a 3ª exposição de Tarsila.
No ano seguinte, volta ao Rio para a exposição de Tarsila, com Anita Malfatti, Waldemar Belisário, Patricia Galvão. Está em Paris em julho. Entra em contato com Benjamin Péret que mora no Brasil até 1931. Hospeda na sua fazenda — Santa Tereza do Alto — o filósofo alemão Hermann Keyserling e a dançarina Josephine Baker. É expulso do Congresso de Lavradores, realizado no Cinema República (SP) por propor um acordo com o trabalhador do campo. Separa-se de Tarsila do Amaral. Rompe com Mário de Andrade e Paulo Prado. Viaja à Bahia com Pagú.
No dia 1º de abril de 1930 casa-se com Patricia Galvão (Pagu) numa cerimônia pouco convencional. O acontecimento foi simbólico, realizado no Cemitério da Consolação, em São Paulo. Mais tarde, se retrataram na igreja. Escreve "A casa e a língua", em defesa da arquitetura de Warchavchik. Nasce seu filho Rudá Poronominare Galvão de Andrade com a escritora Patrícia Galvão (Pagú). É preso pela polícia do Rio de Janeiro, por ameaçar o antigo amigo, poeta Olegário Mariano.
Em 1931, escreve “O mundo político”.Tem um encontro com Luis Carlos Prestes em Montevidéu, que muda o rumo político do escritor Oswald. Começa a escrever ensaios políticos, geralmente sobre a situação e os problemas do operário. Funda com Queiroz Lima e Pagú “O Homem do Povo”. Publica o “Manifesto Ordem e Progresso”. Engaja-se no Partido Comunista.
No ano seguinte, redige o prefácio definitivo de “Serafim Ponte Grande”.
Em 1933, pronuncia conferência — “O Vosso Sindicato” — no sindicato dos padeiros de São Paulo. Publica “Serafim Ponte Grande”. Patrocina a publicação de “Parque Industrial”, romance de Pagú.
No ano seguinte, deixa Pagú e une-se à pianista Pilar Ferrer. Publica “A Escada Vermelha”, terceiro romance de “A trilogia do exílio”, e “O Homem e o Cavalo”, com capa de seu filho, Oswald de Andrade Filho. Lê cenas da peça “O Homem e o Cavalo” no Teatro de Experiência de Flávio de Carvalho. Programada a apresentação dessa peça, o teatro, é interditado pela polícia. No dia 24 de dezembro, assina contrato ante-nupcial em regime de separação de bens com Julieta Bárbara Guerrini.
Em 1935, compra uma serraria. Com sua mulher Julieta, acompanha C. Levis-Strauss em excursão até Foz do Iguaçu. Escreve sátira política para “A Platéia”. Faz parte do movimento artístico cultural “Quarteirão”. Está fichado na polícia civil do Ministério da Justiça, sob o nº 70, como subversivo.
No ano seguinte, publica na revista “XI de agosto”, "Página de Natal" do Marco Zero. Conclui o poema “O Santeiro do Mangue”, 1ª versão, dedicado criticamente a Jorge de Lima e Murilo Mendes. Empenha um cordão de ouro na casa Leão da Silva Ltda. Em dezembro casa-se com a escritora Julieta Bárbara Guerrini, tendo como padrinho o jornalista Casper Líbero, o pintor Portinari e uma irmã da noiva, Clotilde. Passa a residir no Rio de Janeiro, na Av. Atlântica e em São Paulo na Rua Júlio de Mesquita.
Escreve “O país da sobremesa”, em 1937. É feita uma tentativa de encenação da peça “O Rei da Vela” pela Companhia de Álvaro Moreyra. Atua na Frente Negra Brasileira. Escreve na revista “Problemas” (São Paulo). Publica “A Morta” e “O Rei da Vela”. No Rio de Janeiro, a edição de “Serafim Ponte Grande” é dada como esgotada.
Em 1938, publica o trecho "A vocação" da série “Marco Zero: IV”, “A presença do Mar”. Está ligado ao Sindicato de Jornalista de São Paulo, matrícula nº 179. Redige “Análise de dois tipos de ficção”.
No dia 16 de fevereiro de 1939, Oswald ingressa no Pen Club do Brasil. Em agosto viaja à Europa, com sua mulher Julieta, para participar do Congresso do Pen Club, em Estocolmo, que não se realizou por causa da guerra. Retorna pelo navio cargueiro Angola. Publica no jornal “Meio Dia” as colunas "Banho de Sol" e "De literatura". É o representante do jornal “Meio Dia” em São Paulo. Escreve para o “Jornal da Manhã” (SP) uma série de reportagens sobre personalidades importantes da vida política, econômica e social de São Paulo. Passa uma temporada em Águas de São Pedro, perto de Piracicaba (SP), em tratamento de saúde.
Escreve “O lar do operário”. Candidata-se à Academia Brasileira de Letras pela segunda vez, enviando uma carta aberta aos imortais, em 1940.
Em 1941, monta um escritório de imóveis na rua Marconi, com Nonê, o filho mais velho.
No ano de 1942, expõe trabalhos de pintura na Sala dos Intelectuais, no VII Salão do Sindicato dos Artistas Plásticos de São Paulo. Publica “Cântico dos Cânticos para Flauta e Violão”, dedicado à sua futura mulher, Maria Antonieta d’Alkmin. Lança, em 2ª edição pela Globo, “Os Condenados”, com capa de Koetz.
Publica “Marco Zero: I A revolução melancólica”, pela José Olympio, capa de Santa Rosa. Começa a publicar no “Diário de S.Paulo” a coluna "Feira das Sextas". Casa-se com Maria Antonieta d'Alkmin, em 1943.
Em 1944, pronuncia na Faculdade de Direito a conferência "Fazedores da América", publicada no “Diário de S.Paulo” em 31/10/1944. Inicia a série “Telefonema”, publicada no “Correio da Manhã”, até 1954. Viaja a Belo Horizonte, com uma caravana de intelectuais e faz uma conferência na Exposição de Arte Moderna, organizada pelo Prefeito Juscelino Kubstichek.
No ano seguinte escreve "O sentido da nacionalidade no Caramuru e no Uruguai". Publica "A Arcádia e a inconfidência", tese apresentada à cadeira de literatura brasileira da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade de São Paulo, na qual o biografado é livre-docente.em Literatura Brasileira. Nasce sua filha Antonieta Marília. Reúne no volume “Ponta de Lança” artigos esparsos. Publica "A sátira na poesia brasileira", conferência pronunciada na Biblioteca Pública Municipal de São Paulo. Participa do Congresso de Escritores em São Paulo. Publica “Poesias Reunidas - Oswald de Andrade”, editora. Gazeta e “Marco Zero: II — Chão”, pela José Olympio. Faz a saudação a Pablo Neruda em visita ao Brasil. Inicia a organização da Ala Progressista Brasileira, programa de conciliação nacional. Lança um manifesto ao "Povo de São Paulo, Trabalhadores de São Paulo. Homens livres de São Paulo". Escreve o "Canto do Pracinha só". Rompe com o Partido Comunista do Brasil e Luis Carlos Prestes, seu secretário geral. Publica na “Gazeta de Limeira”, conferência pronunciada em Piracicaba intitulada "A lição da inconfidência".
Em 1946, publica “O Escaravelho de Ouro” (poesia). Assina contrato com o governo de São Paulo para a realização da obra "O que fizemos em 25 anos", espécie de levantamento da vida nacional, em todos os setores da atividade técnica e social à literária e artística. Profere conferência sob o título "Informe sobre o modernismo". Apresenta o escritor norte-americano Samuel Putnam, em visita ao Brasil, na Escola de Sociologia e Política (São Paulo). Participa em Limeira (SP) do Congresso de Escritores.
Candidata-se a delegado regional da Associação Brasileira de Escritores e perde a eleição. Envia bilhete-aberto ao Presidente da Seção Estadual, escritor Sérgio Buarque de Holanda, protestando e desligando-se da Associação, em 1947.
Em 1948, pronuncia em Bauru a conferência "O sentido do interior". Nasce seu filho Paulo Marcos.
Publica na revista Anhembi o texto "O modernismo", em 1949. Profere conferência no Centro de Debates Casper Líbero: "Civilização e dinheiro", e no Museu de Arte de São Paulo, “Novas dimensões da poesia". Realiza excursão a Iguape, com Albert Camus, para assistir às tradicionais festas do Divino. É encarregado de apresentar e saudar o escritor francês de passagem por São Paulo para fazer conferências. Escreve a coluna "3 linhas e 4 verdades" na “Folha de S.Paulo”, até 1950. Profere nova conferência na Faculdade de Direito em homenagem a Rui Barbosa.
Em 1950, escreve “O antropófago”. É homenageado com um banquete, no Automóvel Clube, pela passagem do 60º aniversário, saudado por Sérgio Milliet. Participa de concurso para provimento da Cadeira de Filosofia da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade de São Paulo, ocasião em que defende a tese "A crise da filosofia messiânica", sem êxito. Candidata-se a deputado federal pelo PRT, com o seguinte slogan: “Pão – Teto – Roupa – Saúde – Instrução”. Pronuncia as seguintes conferências: "A arte moderna e a arte soviética", "Velhos e novos livros atuais". Redige "Um aspecto antropofágico da cultura brasileira — o homem cordial" para o 1º Congresso Brasileiro de Filosofia. Apresenta a versão definitiva de “O Santeiro do Mangue”.
Escreve, em 1952, “Introdução à antropofagia”. Profere discurso de saudação em homenagem a Josué de Castro, representante da ONU, por iniciativa da Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo. Escreve o artigo "Dois emancipados: Júlio Ribeiro e Inglês de Souza".
É membro da Comissão Julgadora do Salão Letras e Artes Carmen Dolores, em 1953. Saudou o escritor José Lins do Rego, pelo prêmio recebido em torno do romance “Cangaceiros”, patrocinado pelo Salão de Letras e Artes Carmen Dolores Barbosa. Começa a publicar a série “A Marcha das Utopias” no jornal “O Estado de S.Paulo”. Tenta em vão vender sua coleção de quadros.
Em 1954, escreve o ensaio “Do órfico e mais cogitações" e "O primitivo e a antropofagia”. Envia comunicação, por intermédio de Di Cavalcanti, para o Encontro de Intelectuais, no Rio de Janeiro. Publica o primeiro volume das “Memórias — Um homem sem profissão”, com capa de seu filho, Oswaldo Jr., pela José Olympio. Graças à interferência de Vicente Rao, foi indicado para ministrar um curso de cultura brasileira em Genebra. Retorna como sócio à Associação Brasileira de Escritores (A.B.D.E.).
Falece em São Paulo, em 22 de outubro de 1954, na sua residência da rua Marquês de Caravelas, 214. É sepultado no jazigo da família, no cemitério da Consolação, em São Paulo (SP).
É homenageado postumamente pelo Congresso Internacional de Escritores, em 1954. Em 1990, no centenário de seu nascimento, a “Oficina Cultural Três Rios” passa a se chamar “Oficina Cultural Oswald de Andrade; é lançado o filme “Cem Oswaldinianos”, de Adilson Ruiz.
Antônio Peticov é o autor de "Momento Antropofágico com Oswald de Andrade", um painel de azulejo, ladrilho, madeira, aço e vinil com 3m x 16,5m instalado na estação República do Metrô paulista, também em 1990.
OBRAS
Humor:
Revista “O Pirralho” — crônicas em português macarrônico sob o pseudônimo de Annibale Scipione (1912 — 1917)
Poesia:
Pau-Brasil (1925)
Primeiro caderno do aluno de poesia Oswald de Andrade (1927)
Cântico dos cânticos para flauta e violão (1945)
O escaravelho de ouro (1946)
Romance:
A trilogia do exílio: I — Os condenados, II —A estrela de absinto, III — A escada vermelha (1922-1934)
Memórias sentimentais de João Miramar (1924)
Serafim Ponte Grande (1933)
Marco Zero: I - A revolução melancólica, II — Chão (1943).
Memórias: Um homem sem profissão (1954)
Teatro:
A recusa (1913)
Théâtre Brésilien — Mon coeur balance e Leur Âme (1916) (com Guilherme de Almeida)
O homem e o cavalo (1934)
A morta (1937);
O rei da vela (1937).
O rei floquinhos (1953)
Manifestos:
Manifesto da Poesia Pau-Brasil (1924)
Manifesto Antropófago (1928)
Manifesto Ordem e Progresso (1931)
Teses, artigos e conferências publicadas:
O meu poeta futurista (1921)
A Arcádia e a Inconfidência (1945)
A sátira na poesia brasileira (1945)
Versões e adaptações:
Filme “O homem do Pau-Brasil”, de Joaquim Pedro de Andrade, baseado na vida de Oswald de Andrade (1980)
Filme “Oswaldinianas”. Formado por cinco episódios, dirigidos por Julio Bressane, Lucia Murat, Roberto Moreira, Inácio Zatz, Ricardo Dias e Rogério Sganzerla (1992)
Publicações póstumas:
A utopia antropofágica – Globo
Ponta de lança – Globo
O rei da vela – Globo
Pau Brasil – Obras completas – Globo
O santeiro do mangue e outros poemas – Globo
Obras completas – Um homem sem profissão – Memórias e confissões sob as ordens de mamãe – Globo
Telefonema – Globo
Dicionário de bolso – Globo
O perfeito cozinheiro das almas desse mundo – Globo
Os condenados – A trilogia do exílio – Globo
Primeiro caderno do aluno de poesia Oswald de Andrade – Globo
Os dentes do dragão – Globo
Mon coeur balance – Le Âme - Globo
Dados obtidos no livro "O Salão e a Selva: uma biografia ilustrada de Oswald de Andrade", Editora da UNICAMP: Editora Ex Libris - Campinas (SP), 1995, de Maria Eugenia Boaventura; no sítio Itaucultural e em outros sobre o biografado.
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