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terça-feira, 31 de março de 2015

O último poema



O último poema

“Assim eu quereria o meu último poema. 
Que fosse terno dizendo as coisas mais simples e menos intencionais 
Que fosse ardente como um soluço sem lágrimas 
Que tivesse a beleza das flores quase sem perfume 
A pureza da chama em que se consomem os diamantes mais límpidos 
A paixão dos suicidas que se matam sem explicação.”



(Manuel Bandeira)



Manuel Bandeira quando jovem teve pneumonia e com isso passou a vida inteira com a ideia de que morreria em breve; mas viveu até seus 80 anos, muitos de seus poemas carregam a melancolia e a sensação de sempre estar a espera do pior.

Frases curtas, pensamento objetivo, liberdade no uso das palavras, simplicidade na escrita, ironia e a crítica são características do modernismo.

Ao mesmo tempo em que o poema nos mostra a realidade :

– “flores sem perfume”, “soluço sem lágrimas”, mas também inseri o improvável que é a ilusão.

Seguindo o título do poema, Manuel Bandeira nos indica como gostaria de ser lembrado e assim resume no último verso todo seu pensamento. 
Ao citar a paixão dos suicidas ele nos conta sobre a falta de sentido, sobre o paradoxo que é nosso caminho pela vida. Sobre ilusão e desilusão.
 Somos convidados a pensar no que não tem explicação, no que há na falta de sentido e significado.

 Sergio Jabur

Fonte:Psicologia em Palavras.

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