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terça-feira, 17 de junho de 2014

Carta aos pais por Antonio Gois, em O Globo


Para melhorar a relação das famílias com a escola, professores contam o que gostariam de dizer, mas nem sempre conseguem


Recentemente, um blog que trata da relação entre famílias e escolas publicado no site do jornal “The New York Times" perguntou a professores americanos qual é a coisa mais importante que eles gostariam de dizer aos pais de seus alunos. Entre as respostas, apareceram afirmações como: “mostre que erros não são sinal de fraqueza, mas parte importante do desenvolvimento”; “seus atos ensinam mais aos seus filhos do que suas palavras”; “suas crianças são capazes de fazer muito mais coisas do que você imagina e não precisam de ajuda para realizar várias das tarefas cotidianas que você costuma fazer para elas”; e “prometemos não acreditar que tudo o que seu filho diz para nós que acontece em sua casa seja verdade se você prometer acreditar que nem tudo o que ele fala que aconteceu em sala de aula de fato ocorreu”.

Inspirada na ideia, a coluna perguntou a professores e diretores de escolas particulares do Rio o que eles mais gostariam de dizer ou enfatizar aos pais. Algumas das questões mais repetidas foram:

1) Pais, como afirma uma diretora, entregam à escola reis e rainhas, mas os professores têm que recebê-los como alunos e alunas. Isso significa, por exemplo, que não é possível nem desejado que, em sala de aula, eles tenham do professor a mesma dedicação exclusiva que recebem em casa. Dividir a atenção e o cuidado com outras crianças faz parte do aprendizado de vida em sociedade. Por mais especial que seu filho seja, dentro da escola ele faz parte de um grupo, e o professor precisa lidar com várias crianças ao mesmo tempo. Portanto, ao fazer pedidos específicos, tenha também em mente que nem sempre isso é viável numa classe com 15, 30 ou até 40 alunos.

2) Aceite que seu filho pode ter um comportamento em casa e outro na escola, longe dos pais, quando está interagindo com os demais adultos e crianças de sua idade.

3) Como exigir que seu filho seja pontual se você não é? Ou que seja disciplinado, que não fume, se em casa ocorre o justamente contrário? A educação se dá pelo exemplo, não pelas palavras.

4)Muito cuidado com o que você posta em listas de e-mails ou grupos de mães e pais em redes sociais. Se você escolheu uma escola, é porque confia no trabalho dela. Se não confia ou se está incomodado com algo que aconteceu, converse antes com a direção ou com os professores para saber por que a escola agiu daquela maneira. Nem tudo o que seu filho relata sobre o que aconteceu em sala de aula é preciso ou real. Por isso, tenha responsabilidade também para não expor outras crianças ou discutir conflitos entre alunos que podem já ter sido mediados e solucionados.

5) Aceite que os professores podem diagnosticar em seus filhos dificuldades que você nem sempre percebe. Quando a escola indica que o aluno precisa de um acompanhamento de um especialista — seja psicólogo, fonoaudiólogo, psiquiatra —, lembre-se de que há profissionais competentes que podem ter um olhar diferente do seu, que, geralmente, é leigo.

6) Se seu filho está com mau desempenho acadêmico, antes de culpar exclusivamente os professores pelos resultados, faça uma autorreflexão sobre como tem sido sua participação no processo de aprendizagem dele.

7) Se você não consegue dar limites a seus filhos em casa, não espere que a escola, sozinha, resolva esse problema.



Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/sociedade/educacao/carta-aos-pais-12873691#ixzz34ty5hX2b

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