Casa Vogue convidou seis renomados designers a elegerem uma peça radical o bastante para quebrar paradigmas ou, ao menos, suscitar o novo – ontem e hoje. Detalhe: as indicações não poderiam ser de suas próprias autorias. Confira as escolhas!
Large Bookworm (1993)
“Quando penso em uma peça radical, a primeira que me vem à cabeça é esta estante modular de Ron Arad, criada originalmente com aço bruto e flexível[hoje, é produzida pela Kartell com PVC colorido]. Ela pode ter sua utilidade ou simplesmente ser deixada como uma escultura na parede. É preciso que nos questionemos sobre como fazer uso de um determinado objeto. A abordagem escultural da peça alterou o significado da palavra design e nos permitiu ir mais longe: explorar uma forma que acaba não necessariamente servindo a seu propósito, mas ficando na fronteira com a arte.”
Noé Duchaufour-Lawrance
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Canvas (2013)
“A coleção Canvas, criação de Naoki Ono e Yuki Yamamoto, do estúdio YOY, foi atração no último Salão Internacional do Móvel, em Milão. São elementos lúdicos, com os quais o usuário pode interagir ao jogar o corpo e sentar-se sobre a tela, que cede até atingir um ponto máximo de elasticidade. Feitas de alumínio, madeira e tecido elástico impresso, as três peças da coleção oferecem uma verdadeira ilusão de óptica. Trata-se de uma ideia incrível, inovadora e funcional dessa dupla de japoneses.”
Pedro Franco
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Gommapiuma Décor (2012)
“O italiano Massimiliano Adami trabalha com duas vertentes: a forma é encontrada por meio do material, e a cor, que muitas vezes dilui o desenho, serve como ferramenta de atração. Um exemplo é este assento feito basicamente de poliuretano macio em diferentes matizes. Certamente influenciados por Fernando e Humberto Campana, seus projetos refletem uma pesquisa de materiais que se autoestruturam. São objetos sem ‘esqueleto’. Eles não precisam exibir explicações ou conceitos elaborados, embora guardem um universo estético rico e complexo.”
Rodrigo Almeida
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Apple Macintosh 128K (1984)
“Este produto mudou e desenhou o futuro do computador pessoal, estimulando um novo caminho para nossa forma de trabalhar, interagir, pensar e agir na sociedade contemporânea. Foi o primeiro computador com preço acessível a oferecer uma interface gráfica para o usuário. Sua construção se deu com o chip Motorola 68000, significativamente mais rápido que os processadores anteriores, rodando a 8 MHz. Ele vinha em uma pequena caixa bege. Lá estavam o monitor preto e branco, teclado, mouse e uma unidade de disquete.”
Nika Zupanc
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Anglepoise (1932)
“Nunca vou negar o fascínio que esta peça, idealizada por George Carwardine, exerce sobre mim. As luminárias contemporâneas de braço móvel devem muito a esse primeiro modelo – mesmo a Tizio [de 1972, criada por Richard Sapper para a Artemide] e minha Tolomeo [de 1987, desenvolvida em parceria com Giancarlo Fassina também para a Artemide]. É um projeto extraordinário, que traz inovações como o uso de uma mola em espiral para resolver o paradoxo entre mobilidade e estabilidade.”
Michele De Lucchi
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Poltrona Mole (1956)
“Em meados dos anos 1950, as formas esbeltas e os pés palito, estética importada da Europa, imperavam no mobiliário produzido no país. Sergio Rodrigues, então, foi radicalmente contra essa realidade e criou um móvel robusto, com cara e materiais brasileiros, caso do jacarandá. Pode-se dizer que essa peça é um grande marco na história do móvel moderno no Brasil, responsável por sua transformação mais efetiva. Hoje é mundialmente reconhecida.”
Flávia Pagotti Silva
Fonte: Casa Vogue
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