Não gosto de Chico Buarque. Nunca gostei. Não sei se feliz ou infelizmente, as pessoas me olham torto depois que faço uma declaração assim. Principalmente as mulheres. As Mulheres de Chico. Todas generalizadas por Chico. E são doídas as mulheres de Chico... São doídas porque são tantas e concordo: tem mais é que ser tudo doída mesmo.
Não podemos chamar de garanhão um boêmio de voz pacata, podemos? Bom, eu não chamaria. As Mulheres de Chico dizem que é heresia. E a Regina fica triste por não ter nenhum "Cala Boca, Regina" no repertório do homem. Bom letrista que é, sabe bem o contorno e os entornos de suas mulheres. E só consigo pensar em como surgem essas estórias. Ou histórias. Acho que tem de tudo um pouco. Tem a difusão de toda uma reciprocidade. E tem a trama de toda uma generalidade. E, por incrível que pareça - logo eu que tenho essas coisas com nomes - todas as Mulheres de Chico têm a mesma cara (tanto Bárbara, como Teresinha, como Tereza, como Carolina...). A mesma expressão. O mesmo vestido florido com cores quentes. Tons vivos.
Morena.
Cabelo enrolado. Preso.
Magra segundo sua genética.
Afável.
Bonita.
Quente.
Cabelo enrolado. Preso.
Magra segundo sua genética.
Afável.
Bonita.
Quente.
As Mulheres de Chico são quentes. Faladeiras. Impulsivas. E só tem uma coisa que muda: o comprimento do vestido - e acho que isso diz muito. Nas letras de Chico, tem umas estórias fogosas, quentes. Tem estórias mortas, monótonas que dão até dó. Fico pensando como Chico se prestou a isso. Mas, né, ele é o Chico.
Há quem seja entendedor de cerveja. Há quem seja entendedor de poesia. Há, até, quem seja entendedor do próprio Chico. Que estuda o Chico. E quem estuda ele, ah... Tem que estudar suas mulheres. Mas, comé que vão estudar um mundo de mulheres? Comé que vão estudar a brasilidade das Mulheres de Chico? As Mulheres de Chico têm brasilidade estampada. Não sei onde. Acho que na melodia, ou na letra, ou no florido do vestido. Não sei. Deve ser no sorrisinho bobo-apaixonado. Deve ser no vazio que fica quando ele termina de cantar aquela canção ao pé-do-ouvido.
Admiro muito o Chico autoexilado. O Chico crítico-imponente. Agora, Chico é atemporal. Assunto pra qualquer hora, qualquer bar, com qualquer bebida... Se bobear, com qualquer companhia. Se não for tão cri-cri quanto eu, acho. Tenho medo de pagar a língua. Até vai. Mas, o que eu estava dizendo mesmo? Ah, sim. As Mulheres de Chico são atemporais. Pararam no tempo. Chico até fala de umas piriguetes, umas musas-poéticas, umas de olhos parados, vida monótona, por assim dizer. Mas, sempre houve mulheres de todos os tipos. Mulher é patrimônio da humanidade. Mulher é atemporal. E, Chico, você ficou atemporal quando começou a falar das mulheres.
Ô, Chico... Sempre fico imaginando de que maneira eu entraria pro rol das Mulheres de Chico. Só por curiosidade. Só pra saber como descreveria uma história (ou uma estória) dessa Tais aqui (é sem h mesmo). Mas, a generalidade das suas mulheres, Chico, acho que não é pra mim. Não sou tão afável quando falo de você. Não sou tão desenrolada. E acho que você, Chico, também não deve ser. Porque ninguém, tão intrínseco assim, pode ser tão genérico e, ao mesmo tempo, fazer suas mulheres se sentirem tão ímpares. Esse é o sotaque das suas músicas, Chico?
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