Artistas estrangeiros virão à ArtRio não só através de galerias de seus países. É o caso do português David Rosado, 35 anos, cujas obras fazem parte do acervo da carioca TAC. Natural de Évora, ele vive e trabalha em Lisboa, mas suas obras estão cada vez mais cruzando as fronteiras do país. Rosado já fez exposições no Brasil, Itália (Galeria Voghera11), Espanha (Galeria Pedro Torres) e Estados Unidos (Galeria Michael Lyons Wier) e suas obras fazem parte de inúmeras coleções públicas e privadas, com destaque para a coleção do Banque Privée Ariane de Rothschild e Sousa Machado, Ferreira da Costa e Associados – Sociedade de Advogados, Lisboa. 
Segundo o crítico Israel Guarda, “O universo da pintura de David Rosado é habitado majoritariamente por figuras provenientes do cinema, mas não só, outras figuras sejam animação e ou animais são igualmente convocadas nas suas obras. A apropriação da técnica de “dripping” sugere aqui uma generosa menção à cultura urbana e à cena do grafiti, que podemos explorar nos interstícios urbanos das grandes cidades. A analogia com este trabalho prende-se no modo como estes espaços desiguais, sujos, periféricos, “não lugares”, constituem paradoxalmente um suporte de manifestações, de identificação de grupos, de representações e construções de uma certa forma de identidade sujeita a códigos e sinais assimiláveis pelos seus próprios elementos”.
Nesta entrevista, David Rosado conta um pouco do seu processo criativo, das obras que vai trazer para a primeira edição da ArtRio e o que gosta na arte contemporânea brasileira.
Você trabalha em diversos meios, como pintura e arte multimídia. O suporte faz diferença?
Trabalho em todos, não tenho preferência por nenhum, apesar de me expressar melhor na bidimensionalidade. Acho que todos se completam e por vezes chego a ter ideias para esculturas que partiram de um registro bidimensional (pintura) e vice versa, que completo com fotografias ou vídeos. A minha perspectiva é sempre muito variada no que diz respeito a materiais e sua apresentação, daí não penso no individual (objeto/material), mas sim no coletivo de peças a apresentar, dependendo da mensagem que tenciono a transmitir às pessoas. 
Qual o principal assunto de suas obras?
Uso para o meu trabalho é uma temática bem larga, que vai desde os tempos primitivos de marcação e alusão pictórica de caça nas grutas até a marcação territorial e estratificação social. Tudo isto com o contraponto dos nossos dias e das ramificações que surgiram através dessas marcas sociais e urbanas.
Como a arte brasileira é vista em Portugal? Você considera sua arte “portuguesa”?
A arte brasileira aqui é vista como algo fresco e revigorante que traz uma ideia mais elucidativa do que é a identidade Brasileira e seu modus vivendi. Considero o meu trabalho universal, porque utilizo imagens e estímulos de todos os lados.
Quais artistas brasileiros você admira? 
Vik Muniz, Raul Mourão, José Bechara, Otávio e Gustavo Pandolfo, Elizabeth Jobim, Adriana Varejão, dentre outros.
Qual a linha dos trabalhos que você vai expor na ArtRio?
As pinturas que apresento na feira fazem parte de uma serie onde a simulação da colagem através da pintura acrílica e o uso de figuras e cenas quotidianas, como num transplante do muro publicitário para a tela, aparecem com enorme dinamismo. As imagens que misturo têm um forte componente do modo de fazer, a tinta que sobra, os fundos que escorrem, mas vivem de uma promiscuidade cínica ou sarcástica. Penso ser uma linha de trabalhos que completa a compreensão do trabalho e do mundo em que vivemos através de um olhar muito pessoal…