O filme O Coro (Boychoir), de 2014, dirigido por François Girard, com roteiro de Ben Ripley, ilustra a história de Stet (Garret Wareing), um garoto de 11 anos, possuidor de voz singular.
Apesar do talento que possui e do qual ele mesmo desconhece o alcance, mora com a mãe, alcoólatra, não conhece o pai e apresenta comportamento agressivo talvez em decorrência da conturbada vida que leva.
Steel, a coordenadora da escola de Stet, reconhece nele este talento e pretende que o mesmo faça uma audição com o renomado senhor Corvette, vivido pelo ator Dustin Hoffmann. Corvette é impaciente, até certo ponto distante dos alunos, mas extremamente técnico. A tentativa falha, pois o garoto foge deste encontro.
A mãe de Stet morre tragicamente num acidente. O pai, até então desconhecido, vem ao encontro do menino, porém, surpreendentemente, deseja manter-se desconhecido e continua a ajudá-lo somente financeiramente. O pai de Stet segue o conselho de Steel para mantê-lo na National Boychoir School. Tão logo passa a morar no internato da escola, Stet sofre bulling, além de trapaças e pressão dos novos colegas, motivados por inveja e/ou por sentirem-se ameaçados por ele.
Stet progride rapidamente, infelizmente não na mesma velocidade com a qual devia domar seu comportamento. Esta sua conduta compromete-o, gerando a irritação de Corvette, que, após um teste, reconhece certamente o dom do garoto, mas resiste em aceitá-lo em sua audição particular.
Stet é intuitivo, talentoso e ganha gradativamente a admiração do maestro embora por vezes também sua raiva, já que algumas vezes desperdiça o talento que possui diante de situações que o ferem, reagindo agressivamente.
O garoto é posto à prova durante determinada apresentação, e se sai muito bem, gerando mais raiva ainda de alguns garotos do coral. Numa das ofensas sofridas, Stet agride um dos integrantes do coral quando então, fica prestes a ser expulso da escola. É salvo diante da ameaça do maestro em deixar a escola (argumento este, usado por ele como desculpa para descansar, quando na realidade quer forçar a permanência do garoto). Prestes a enfrentarem o maior desafio da escola em Nova York, a diretora do coral (Kathy Bates) cede e Stet fica.
O filme como um todo não tem grandes atuações, nem mesmo roteiro impecável sendo o final previsível e penso até que a atuação de Stet poderia ser mais profunda, mas não é isso que me chama a atenção no filme e sim a lição tirada por meio de uma frase dita por Corvette minutos antes do desafio a que todos seriam submetidos e a qual reproduzo com minhas palavras aqui.
“Muitos de vocês tem um dom, sairão daqui e alguns serão ainda coralistas, ou ótimos médicos, dentistas, ou seguirão qualquer outra profissão e outros dons surgirão. Nutram esses dons tal qual fizeram com este dom que possuem agora.”
Não pude deixar de pensar se estou nutrindo meus dons, se sei de fato quais dons possuo e se dou vazão a eles ou os sufoco. A pergunta feita por Corvette à Stet se faz oportuna. Como ousa desperdiçar o dom que possui?
Ainda no transcorrer do filme outra lição pode ser aproveitada. Stet é surpreendido certa manhã com a mudança de voz: está passando de criança para adolescente. Recebe a explicação que nunca mais terá a voz que possuía na fase infantil e isto de certa maneira o assusta. Ele então pergunta a um dos professores:
“Qual é então o objetivo de todo aprendizado e lições que obtive até aqui se perdeu aquela voz? E o professor responde:
“As lições são o objetivo.”
Fica a reflexão!"
© obvious
Nenhum comentário:
Postar um comentário