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segunda-feira, 10 de agosto de 2015

Fotógrafo retrata tribos que vão morrer

Ladakhi no Himalaia

Era uma noite fria na Mongólia. Depois de dias tentando convencer uma comunidade de pastores de rena a posar para a sua lente, o fotógrafo Jimmy Nelson resolveu se embebedar de vodca para espantar o frio. De madrugada precisou urinar, mas não conseguiu sair da sua tenda a tempo! No dia seguinte, foi recebido pela tribo de braços abertos e todos aceitaram seus cliques. “Parece que, quando mostrei minha fragilidade acidentalmente, eles entenderam que eu também era humano.”, explica o inglês. Esta foi uma das primeiras experiências durante a produção do livro Before they pass away, que acaba de ser lançado pela editora Teneues.

Como o nome sugere, a ideia de Jimmy era simples: registrar o cotidiano e as tradições de tribos que conseguiram preservar a identidade e valores dentro de um mundo cada vez mais globalizado. “Sei que não posso, efetivamente, impedir que estes povos desapareçam, mas consigo criar um documento visual que ajude as gerações posteriores a lembrar da beleza da vida pura e honesta”, aponta.
Nenets na Rússia
Himba na Namíbia



Além de um trabalho de pesquisa antropológica relevante, o fotógrafo conseguiu criar uma estética única para todas as composições mesmo que os retratados tenham ornamentações muito especificas e apareçam em paisagens bastante diversificadas. Apesar deles não estarem acostumados com o mundo doselfie, não se intimidam com a câmera e encaram o espectador de forma quase sublime. Tribo favorita? “São muito singulares. Não da para eleger uma, mas tenho que dizer que visitar as pessoas em climas extremamente frios foi uma experiência muito intensa, porque eles realmente estão sobrevivendo à beira do planeta”.

O livro lembra ainda a instalação sonora Indigenous Voices-Voces Indígenas que está no pavilhão América Latina, na Bienal de Arte de Veneza, composta por caixas de som com trabalhos de 17 artistas diferentes (entre eles, o brasileiro Paulo Nazareh). A ideia do curador Alberto Saraiva era das línguas que estão se extinguindo, pois ele descobriu que 85% das línguas existentes em 1500 já morreram. O ambiente lembra, na entrada, um espaço sacral. Ao se aproximar de cada alto-falante, no entanto, é possível escutar vozes especificas... Que fatalmente morrerão. Assim como as tradições eternizadas por Jimmy.

Before they pass away
408 páginas
Onde encontrar: Livraria da Travessa eFreebook
Maori na Nova Zelândia
Kazakhs na Mongólia
Maori na Nova Zelândia
Tibetanos
Drokpa na Índia e Paquistão
Capa do livro Before they pass away

Fonte: Casa Vogue

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