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quinta-feira, 30 de julho de 2015
A Casa Rosa de Nando Reis em São Paulo
O lar escolhido por Nando Reis, no bairro paulistano do Pacaembu, só foi arrematado depois que o designer, arquiteto e amigo Paulo Alves visitou o local e aprovou. "Conheci o Paulo quando ele ainda era da Marcenaria Baraúna e fez as peças que a gente precisava para mobiliar nossa casa. (...) Era algo materializante do que a gente realmente queria. Depois, quando comprei uma morada nova e precisei de alguém para fazer a reforma, lembrei do jeito com que ele havia transformado minhas intenções em objetos concretos", conta Nando no livro sobre a obra de Paulo, lançado em 2015 pela editora Olhares.
Durante os dois anos da obra, a propriedade dos anos 1940 foi completamente modificada para atender às necessidades nada tradicionais do dono. Apesar de servir o cantor solteiro, ela deveria receber bem os cinco filhos de idades diferentes. O primeiro passo foi "descascar" a casa inteira para descobrir sua verdade estrutural. "Fizemos um procedimento quase arqueológico", se diverte Paulo.
Nessa jornada, na medida em que os tijolos antigos foram sendo expostos e o telhado reformado exibiu belos detalhes originais, descobriu-se também que, para remover as paredes internas e modernizar os cômodos clássicos do sobrado, seria necessária a construção de uma estrutura de concreto. Esta acabou virando uma espinha dorsal cheia de estilo para os interiores, imprimindo ares contemporâneos ao ambiente rústico.
"A casa só tinha uma viga de sustentação no meio da sala, o resto era alvenaria estrutural. Então criamos uma grande parede feita com sarrafos estreitos de concreto que, por uma questão estilística, ficou exposta. O mesmo foi feito nos fundos da casa", conta o arquiteto.
No hall de entrada, apenas um quadrado do piso original, de mármore, sobreviveu. O restante foi coberto com madeira de demolição. A sala de estar, agora integrada, ganhou várias soluções inesperadas, já que a reforma da propriedade foi feita com calma, quase artesanalmente.
Subindo pela escadaria de mármore com corrimão de ferro rendilhado, encontra-se a área íntima. A suíte máster nasceu da junção de três antigos dormitórios. Já os outros quartos permaneceram com perfume tradicional. "Optamos por fazer como antigamente e, em vez de criar várias suítes, preferimos um grande banheiro compartilhado", revela Paulo sobre os cômodos revestidos pelos vernaculares cacos de azulejo branco.
A decoração surgiu durante o retrofit, mesclando peças que o cantor já possuía – dentre as quais muitas eram do designer e arquiteto amigo – e outras feitas sob encomenda. A mesa Planalto, na sala de jantar, foi criada por Paulo especialmente para Nando Reis e acabou virando um produto de linha. O painel de madeira junto à cabeceira da cama do cantor, que oculta um closet, também foi um projeto customizado.
A paixão do morador por arte e botânica também norteou o processo. A coleção de quadros, esculturas e objetos garimpados adiciona cor ao projeto todo em tons terrosos. O paisagismo, feito por Ricardo Vianna com as espécies favoritas de Nando, assumiu a mesma função. "No meio da obra, ele comprou uma tela enorme do pintor Rodrigo Andrade, que não cabia em nenhuma parede. Tivemos que aumentar uma das novas, de concreto, o que resultou no surgimento de uma estante embutida para abrigar uma coleção de CDs, criada sob medida com letras para organizá-los em ordem alfabética."
Apesar das plantas e das obras de arte, Nando Reis achou que, no fim, ainda faltava cor. Foi quando resolveu, com a consultoria de Paulo, pintar todos os muros da casa com quatro tons de rosa. Assim, o lar ganhou nome. Passou, então, a chamar-se Casa Rosa.
Fonte: Casa Vogue
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