Meus livros
Os meus livros (que não sabem que eu existo)
São tão parte de mim como este rosto
De fontes grises e de grises olhos
Que inutilmente busco nos cristais
E que com a mão côncava percorro.
Não sem alguma lógica amargura
Penso que as palavras essenciais
Que me exprimem se encontram nessas folhas
Que não sabem quem sou, não nas que escrevi.
Melhor assim. As vozes desses mortos
Vão me dizer para sempre.
Jorge Luis Borges, em: "A Rosa Profunda"
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