Charlie Brown é acima de tudo um personagem inquieto. Mesmo que resignado, é na maioria das vezes questionador, tem imensas preocupações. Uma deles bem presente no especial de natal de 1965. Em O Natal de Charlie Brown o significado da data é questionado. Charlie não entende principalmente a comercialização da época e o fato de ninguém se importar com ele. O garoto de oito anos e meio não recebe nenhum cartão natalino.
Para ajudar Charlie Brown a ficar mais feliz durante esse momento do ano, sua amiga egocêntrica, Lucy, propõe que Charlie seja o diretor da peça de natal que sua turma irá realizar. Desacreditado pelas outras crianças por sempre estragar todas as brincadeiras, Charlie se motiva a dirigir o espetáculo. Enquanto as demais crianças queriam apenas dançar e se divertir, Charlie se empenha na tarefa de conduzir a peça. Na busca de uma caracterização melhor do cenário, Lucy convence Charlie a buscar uma árvore de natal, especificando que quer uma grande e bonita de metal, mas Charlie decide levar uma pequena e frágil, porém viva. As outras crianças ficam inconformadas e constatam que Charlie Brown não consegue fazer nada direito.
A árvore, no entanto, pode representar o que Charlie Brown quer entender do Natal. É muito mais do que aparência, é um sentimento a ser cuidado, cultivado. Não é um produto, um presente. É mais do que uma árvore de metal, por mais bonita que essa seja, é uma árvore de verdade. Por isso a incompreensão do personagem face ao significado que as outras pessoas dão à data, mais superficial do que o depressivo Charlie consegue enxergar na árvore.
Criado pelo cartunista Charles Schulz , Charlie Brown faz parte das tirinhas Peanuts que foram publicadas de 1950 até o ano da morte de seu autor, em 2000. É somente em 1973 que os personagens de Peanuts ganham uma série de episódios animados frequentes. O humor melancólico de Schulz não está presente apenas em Charlie Brown, mas o personagem talvez seja a máxima expressão. Charlie Brown é um existencialista, e por isso questiona a vida, o amor, o Natal. E por não compreendê-los, pelo menos não da maneira que a maioria das pessoas os compreende, é que se torna mais amargurado. A tristeza de Charlie Brown, assim, não é somente um estado de espírito, mas sim uma parte de sua personalidade.
O não entendimento de coisas aparentemente banais faz de Charlie Brown uma pessoa incompreendida, e é dessa incompreensão para com ele e dele para com o mundo que surge sua melancolia. Mas o que o impulsiona é sua persistência em tentar compreender o que não entende. A obstinação do personagem por respostas só não é maior do que a vontade de fazer perguntas. Ele sempre substitui uma preocupação por outra - essa é sua razão de viver. Por estar sempre preocupado, a tristeza é parte integrante do personagem. O que não impede de Charles Schulz ver isso com bom humor.
A genialidade de Schulz não está em ver o mundo com estranheza, de ombros baixos, ressentido, mas sim em conseguir achar graça nessas situações. Mas não é um humor escrachado, de gargalhadas, é um humor de risada de canto de boca, de sorriso leve, um humor meio Charlie Brown.
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2 comentários:
Aline, impagável Charlie Brown... [sorrio curtindo muito]. Linda, foste ao meu blog em tempo, em boa hora. Feliz Natal! Obrigado pelo carinho da atenção! Abraço!
Você merece meu querido! Tudo de bom! Beijos.
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