Pesquisa do Instituto Análise revela que 91% dos brasileiros pensam que a imprensa ajuda a combater a corrupção ao divulgar escândalos que envolvem políticos e autoridades. Trata-se de uma grande maioria, que aumenta, passando para 97%, quando se pergunta se a imprensa tem o dever de investigar e divulgar esses problemas. Mas há quem pense que a imprensa vê as coisas por um prisma negativo, dando especial destaque aos aspectos ruins ou prejudiciais de certos fatos. É claro que nem só de denúncias pode viver o jornalismo, mas, de qualquer forma, ninguém se declara a favor da censura e todos concordam que a imprensa livre é fundamental para o funcionamento da democracia. O que você tem a dizer sobre esse tema? Qual é, a seu ver, o papel da imprensa numa sociedade democrática?
REDAÇÃO
Aluno:***
Idade:***
Colégio:***
8,0
Ditadura Silenciosa
Analisando a imprensa de uma maneira romântica, o que se verá é uma definição que é e deveria ser o discurso de qualquer jornalista: A [a]imprensa deve passar a informação. Deve passar o fato e o que aconteceu de fato. No entanto, o que surge, já no século XX, é uma imprensa formadora de opinião, transformando-a numa quarta ordem de intelectuais que se une aos escolásticos, humanistas e cientistas. - Mas a quê [por que] se dá essa 'formação de opinião'?
Ora, não seria um dever moral da imprensa transmitir a informação factual? Não se apegar a conjunto de valores (ou apegos de militância) na hora de passar essa informação?
Há algum tempo, no Brasil, é usado o conceito de Espiral do Silêncio, criado por Elizabeth Noelle, que consiste em silenciar o fato verídico e transmitir apenas aquilo que o jornalista quer, ou seja, você transmite várias vezes a informação que se quer impregnar no imaginário nacional, e deixa de lado as verdades que atrapalham o objetivo final. Em outras palavras, você "mascara" a realidade.
Veja, quando o senhor Luis [Luiz] Inácio da Silva diz "Tenho orgulho de dizer que a imprensa no Brasil é livre. Ela apura e deixa de apurar o que quer (...)", é de uma gravidade monstruosa. "Apurar o que quiser", "publicar o que quiser" , deixa de ser jornalismo honesto e passa para a picaretagem pura, onde [pois] o que vale é o que eu quero publicar e não a verdade. Além do mais, imprensa livre virou mera figura de linguagem, pois é livre apenas para abarcar seus próprios interesses ou interesses de terceiros.
Falar-se em equilíbrio, democracia e igualdade social perde todo o sentido quando estamos, de fato, mentindo para o nosso público. Querendo [público, querendo] que eles vejam apenas aquilo que meu grupo quer que seja visto. Isso, além de ser desinformação e desonestidade, é, acima de tudo, uma ditadura da Espiral do Silêncio... Uma ditadura silenciosa, onde o mundo se torna tão irreal que, se você seguir tais informações, apenas viverá na realidade fantasiosa de um grupo jornalístico. Um [Num] mundo de papelão!
Comentário geral
O texto tem um grande mérito: a originalidade no modo de encarar o problema da proposta da redação. Revela um autor que pensa e tem ideias. Porém, expor uma opinião original e polêmica exige uma capacidade de explicação muito grande, para se poder deixar inequivocamente claro o que se quer dizer. Nisso, o autor deixa a desejar: em certos momentos, suas declarações são muito vagas, em outros, muito radicais, sem que apresente ao leitor elementos que sirvam para demonstrar a veracidade daquilo que afirma. Além disso, há com certeza uma interpretação ambígua da expressão "apurar o que quiser, publicar o que quiser", pois o autor considera, por conta própria, que isso não significa apurar a verdade, mas apurar o que seja do interesse dos jornalistas. De qualquer modo, pesando os pontos positivos e negativos, o texto faz jus a uma boa avaliação.
Aspectos pontuais
1) Primeiro parágrafo: "Romântica" parece ser empregada aqui no sentido de "idealista" e de "correta", o que já é contraditório. O idealismo, muitas vezes, é um obstáculo ao realismo. De qualquer modo, o problema aqui é o subjetivismo: o autor acha que conceitos amplos serão interpretados por todos da mesma maneira que ele interpreta, o que não é verdade. É difícil entender claramente o que ele quer dizer por "quarta ordem de intelectuais", por exemplo. Aparentemente, ele atribui um valor negativo à "formação de opinião" e pressupõe que todos os leitores concordam com ele, quando a questão é discutível.
2) O segundo parágrafo serve para responder à pergunta que encerra o primeiro parágrafo. Ora, responder uma pergunta com outra acaba gerando dúvida quanto àquilo que o autor pretende. Ou seja, não fica claro como ou por que se dá a formação de opinião, pela perspectiva do autor.
3) Por "é usado o conceito" o autor quis dizer "vigora". Vigora no Brasil uma "Espiral de silêncio". Só que o autor não apresenta um fato para comprovar a afirmação que faz e, nesse sentido, incorre no mesmo problema de que acusa o jornalismo.
Competências avaliadas
1. Demonstrar domínio da norma culta da língua escrita. 1,5
2. Compreender a proposta da redação e aplicar conceito das várias áreas de conhecimento para desenvolver o tema, dentro dos limites estruturais do texto dissertativo-argumentativo. 1,5
3. Selecionar, relacionar, organizar e interpretar informações, fatos, opiniões e argumentos em defesa de um ponto de vista. 1,5
4. Demonstrar conhecimento dos mecanismos linguísticos necessários para a construção da argumentação. 1,5
5. Elaborar a proposta de solução para o problema abordado, mostrando respeito aos valores humanos e considerando a diversidade sociocultural. 2,0
Total 8,0
Desempenho do aluno em cada competência
Nota 2,0 - Satisfatório Nota 0,5 - Fraco
Nota 1,5 - Bom Nota 0,0 - Insatisfatório
Nota 1,0 - Regular
Fonte:UOL
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