A inveja é muito mais perigosa do que geralmente supomos e é altamente destrutiva. É destrutiva porque carrega agressividade sem filtro que facilmente se transforma em violência e seu perigo reside em que ela pode ficar oculta por justificativas que “aparentemente” fazem algum sentido. Nada pior do que um mal acobertado por uma falsa racionalização.
Os ataques terroristas ocorridos na Bélgica e França ou em outros ataques mais antigos como nos Estados Unidos e outros tantos mundo afora possuem uma ligação com a inveja. Os ataques ocorridos em outros lugares mais precários e necessitados são frutos da violência pura e simples, de demonstração de poder, mas os que acontecem nos países mais ricos são devido à inveja.
Com tristeza vi nas redes sociais comentários de pessoas se alegrando com os ataques feitos e justificaram essa alegria dizendo que no passado a Europa explorou muitos países e que agora estão pagando o preço. Com os ataques no território americano dão justificativa similar dizendo que eles têm mesmo que sofrer. É interessante perceber que a violência cometida nessas situações vieram com justificativas bem capengas, quando na verdade fecham-se os olhos para entender que a inveja é que está por detrás de todo esse mal.
É inegável que mesmo com todos os problemas que os países da Europa enfrentam construíram uma sociedade muito boa, onde princípios humanos são, relativamente, respeitados e levados a sério. Não temos como negar que nesses lugares não haja uma possibilidade de vida melhor, mesmo que existam muitos pontos importantíssimos a serem melhorados e desenvolvidos. Falemos a verdade, não imaginamos algumas vezes morar em lugares assim?
Pois bem, esses mesmo lugares que conquistaram coisas importantes são fontes de inveja para muitas outras pessoas. A inveja é uma emoção profunda e irracional que faz com que sintamos que os outros tenham coisas boas devido ao fato de terem apenas utilizados meios ilícitos e violentos, e que precisam receber na mesma moeda. Claro que a Europa e Estados Unidos, e muitos outros sapatearam em cima de muitos povos, mas há como cobrar o preço agora? Se é assim fica justificado eu bater numa pessoa que encontro na rua porque um outro me fez um desaforo que me machucou. Que tal se vivêssemos assim? Alguém concorda, realmente?
A inveja precisa de uma justificativa e qualquer uma, por mais estúpida que seja, vai servir. Na inveja não acreditamos que podemos construir algo bom e só temos olhos para a destruição. Nela ao invés de nos voltarmos para nós mesmos e vermos o que podemos fazer para melhorar nossa situação, desenvolvê-la e deixa-la mais favorável, ficamos com tanto ódio do que o outro tem, que só queremos destruir o objeto da inveja. Os ataques terroristas em Paris, Bruxelas e Nova Iorque passam por esse funcionamento. Mas sempre há pessoas com justificativas para dizer que tudo isso é legitimo e justificado por motivos sociais, religiosos ou econômicos. Porém, atacar assim é apenas inveja.
O mesmo acontece com as pichações que vemos em inúmeras cidades Brasil afora e na minha cidade, Londrina. Suja-se e contamina-se o espaço do outro por haver inveja, por destruir aquilo que é bonito e sente-se por não poder possuir.
Aqui em Londrina um estabelecimento acabou de ter sua fachada pintada e bem arrumada, e em uma semana foi inteiramente pichada. É ou não inveja? Todos têm direito à beleza e justiça, mas para isso vai ser necessário abandonar a inveja oculta e letal.
Sylvio Schreiner
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