Nova York (1963)
Ironicamente, hoje, as fotografias em preto e branco, na esteira do vintage, estão retornando à moda. Estamos em tempos de Instagram – nome que deriva de Instamatic, título que a Kodak dava às suas câmeras populares, como a Instamatic 100 e 404, e da alta valorização da fotografia em preto e branco. Prova disto é que a Leica está lançando seu primeiro comercial no Brasil, anunciando a M-Monochrom, máquina que só faz fotos em preto e branco, sob o slogan “Toda Leica tem sua alma” (assista ao vídeo abaixo).
Diante disto, acho que é o momento certo para, na contramão, falar de JoelMeyerowitz.
O encontro de Meyerowitz e a fotografia
Numa noite de 1962 Meyerowitz foi designado para supervisionar um ensaio fotográfico de Robert Frank, um dos maiores fotógrafos da época. O jovem de 24 anos, que até então achava a fotografia uma coisa estática, apaixonou-se pelos movimentos de Frank ao fotografar e descobriu que a experiência era uma coisa física.
Ao voltar para o escritório, apesar dos conselhos contrários do chefe amigo, pediu dispensa imediata. Saiu do escritório com uma Pentax na mão. Nascia o fotógrafo!
Entretanto, naquela época não era tão fácil tirar fotos em cores. O sistema era caro. Em 1965 ele encontrou a solução: carregar dois dispositivos, um em cor e o outro em preto e branco, obtendo duas imagens por vez – os dípticos.
Joel Meyerowitz se tornou um fotógrafo que fazia fotos coloridas das ruas de Nova York.
O encanto e a realidade das cores
Ainda encantado pelas cores, Meyerowitz leu uma declaração de John Szarkowski(fotógrafo, curador, historiador e crítico de arte), dizendo que “tudo o que a fotografia faz é descrever o que está na frente da câmera”. A frase o pôs a pensar sobre a ideia da descrição e do número de informações numa foto e concluiu que este é o estado primário da fotografia, independentemente de qualquer outra conotação que possa ter. Assim, a imagem a cores atende muito mais a essa premissa.
Para o fotógrafo a foto colorida é mais exigente quanto à exposição, mais elegante na descrição da realidade, mais encantadora na nitidez. As cores na fotografia obriga ao espectador à leitura do significado de toda a estrutura.
Segundo Meyerowitz, cada cor tem um significado que varia de pessoa para pessoa e cada um carrega em si uma memória das cores, “tal como fazemos com as memórias do cheiro”. Essas memórias carregam sensações e emoções extremamente particulares e únicas e é a partir “desse reconhecimento que desenvolvemos nosso próprio vocabulário de resposta à cor”. Daí o encanto da fotografia colorida.
Para Joel Meyerowitz a fotografia tem sido um constante perguntar-se e ele ainda não encontrou a resposta definitiva para sua pergunta essencial: “quem diabos eu sou?”. Embora “o tempo esteja se esgotando”, ele esta chegando lá, como diz.
Instamatic 100
Instamatic 404
"O que eu estou procurando através da câmera é um momento de espanto!"
Veja também: Francesca Woodman – Fotógrafa prodígio – Suicida aos 22 anos, deixou um acervo de aproximadamente oitocentas fotos, cerca de 10 mil negativos, alguns vídeos e livros.
Vivian Maier - Uma fotógrafa notável
Veja mais no sobre Meyerowitz em seu site.
MarGGa Duval
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